FYI.

This story is over 5 years old.

Música

Lord Breu Encontrou sua Identidade no Bahia Bass

O produtor que toca no Rio ao lado do Tom Zé nesta quinta (20), conta como a união da batida baiana com o som de pista foi essencial para ele encontrar seu caminho na música.

Claudio Araújo, mais conhecido como Lord Breu, não é um iniciante na música. Em 2004, ele começou a produzir sons com influência hip-hop e drum and bass. Mas antes disso, tinha estudado a cultura jamaicana pra se apresentar como DJ. Natural da Bahia, Claudio que levanta a bandeira da sua própria cultura já produziu trilhas sonoras para filmes e para publicidade, mas foi como agente do Bahia Bass que ganhou força e reconhecimento como produtor até decidir se dedicar ainda mais ao seu próprio trampo autoral.

Publicidade

Leia: "Mauro Telefunksoul Apresenta: Mixtape Bahia Bass Vol. 2"

É assim que Lord Breu segue na viração. Depois de lançar o single "Sexta" pelo selo Braza Music, o som "BassJexá" com os mexicanos do Cassette e "Futuro Afro" e Dendê EP pela label canadense Latino Resiste, Lord passou uma temporada em São Paulo durante o final do mês de julho onde fez quatro apresentações e agora chega ao Rio de Janeiro para se apresentar ao lado do Tom Zé, nesta quinta (20), no festival "Invasão Baiana".

A mistura do som baiano com a música eletrônica é um fenômeno que tem início na virada da década. "A partir de 2010, os produtores começaram a olhar pra dentro, começaram a olhar pra própria cultura e assim levá-la pra pista", conta Lord Breu que antes mesmo dessa virada diz que outros experimentos do tipo não chegaram a render um movimento musical propriamente dito. O próprio Lord Breu, por exemplo, em 2005 participou de um projeto que resultou na música "Rastabalorixálliens urbanoides" que, se comparada às músicas atuais, destoa bastante do movimento, isso porque o som está mais focado em gêneros gringos do que no próprio ritimo baiano.

O lance de fazer música eletrônica com elementos da Bahia era um desejo de diversos produtores locais, inclusive do Lord. "Como produtor, você sempre tem a vontade de falar a cultura do seu povo", diz ele. Trazer os elementos da sua terra para as pistas foi natural: "Quando você pega a cultura dos trios elétricos e os sound systems, o puxador de trio e o MC, as coisas vão se juntando naturalmente".

Além de poder retratar sua própria cultura, Lord fica feliz ao se incluir num cenário global. "Você toca moombahton, trap, o drum and bass, você está de olho no que esta sendo produzindo globalmente. Lá fora". E completa: "Quando você passa a produzir a sua música, com o que você vive da sua região, você se sente muito mais inserido no movimento."

Lord Breu que já teve destaque na rádio portuguesa Ginga Beat com um set só com suas produções e planeja uma viagem pela América Latina, conta que o movimento ainda está crescendo no seu estado natal. "O público baiano aceita bem, mas está se acostumando aos poucos, ainda é difícil encontrara aqui um set só de Bahia Bass". Ainda assim, ele nem pensa em ceder seu estilo de produção a outros ritmos. "Eu conhecia o que produtores do México faziam com a cultura deles, produtores de Angola e outras partes do mundo", diz Lord. "Agora eu posso mostrar o Bahia Bass. Eu ganhei uma identidade".

O Lorde Breu está no Facebook // Soundcloud // Twitter