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O Guia VICE para ser lésbica

Tudo o que sempre quiseste saber sobre miúdas que curtem miúdas.

Fotografia por Jamie Taete Porque é que a VICE publicou o guia para ser gay antes do guia para ser lésbica? Porque sim, ninguém quer saber de nós, fufas. Para além disso, TODA A GENTE está mortinha por roubar os nossos segredos ao ver uma infinidade de vídeos de mulheres a foderem umas com as outras na internet. Meninas, se vocês se excitam a ver miúdas a lamber mamas e vaginas e cenas do género, venham daí! Peguem numa colher! Ponham-se confortáveis! Mas é melhor lerem isto primeiro. Elas andam aí?
Existem lésbicas boas e mentalmente sãs? Claro que não. Vês um 9 num bar de lésbicas? Esquece, miúda, ela só se dá com gajas ou gajos gays, ou bissexuais, e vais ter de te contentar com o 4 que está ao balcão, a beber rosé de um copo de plástico… Leva-a para a tua casa, mete-lhe os dedos até o nascer do sol e dá-te conta de que ela é na verdade um 2. Quando deres por ela, a gaja tatuou as tuas iniciais nos dedos e mudou-se para a porta de tua casa com uma carrinha. Ah, e se algum dia conheceres um 8, desfruta enquanto dura, porque ela vai rasgar-te a roupa da cama e comer as baterias dos telemóveis ao fim de uma semana. Porquê? PORQUE ELA BATE MAL. “Bissexuais”
Não estou a falar de bissexuais, mas sim de “bissexuais”. Aquelas lésbicas que têm demasiada vergonha de admitir a sua sexualidade, e forçam-se a aviarem um gajo de quatro em quatro meses para provar que ainda conseguem satisfazer um homem. O resto do ano falam sobre cricas, comer cricas, ou tocar em cricas. Tão gays. Insanidade
As lésbicas são intensas p’ra caralho porque são mulheres que têm relações com outras mulheres; o que é, basicamente, o equivalente emocional de tentar partir átomos. Aproximem-se sempre com cuidado e com um taser. Dez mil anos de subjugação feminina foi o que controlou esta insanidade toda, mas nos dias que correm foi tudo à vida. O Facebook foi o que mais mudou o cenário das lésbicas desde que os anos 60 inventaram o orgasmo feminino. Agora, as fufas podem apaixonar-se, bater mal e fazerem-se a heteros todos os dias da semana. Eu sei que o Facebook proporcionou isso a toda a gente, mas para nós fez TODA A DIFERENÇA. O botão “Gosto” devia chamar-se “Anzol”. Fotografia por Coco Capitán Depressão
A cena mais lixada de ser-se lésbica é que tens de ser gay e mulher ao mesmo tempo — dois clubes que te deixam no fundo do tubo intestinal da sociedade desde o primeiro dia. Isto quer dizer que vais ter de te habituar a estar deprimida. Especialmente na escola. O meu primeiro amor foi a minha melhor amiga. Não tinha coragem suficiente para lhe contar, por isso esperei que ela acabasse a escola (era dois anos mais velha), e depois escrevi-lhe uma carta de amor e enviei-lhe uma mixtape (uma cassete mesmo) cheia de músicas R&B românticas. Ela não respondeu e bloqueou-me no Facebook, por isso acho que não me queria ver nua. Chorei todo o Verão, até que me mudei para uma cidade grande e descobri montes de bares gay cheios de mulheres que queriam ter sexo comigo. AS COISAS MELHORAM! MESMO. Ellen
Quando me sinto em baixo por ser um estereótipo, vejo vídeos da Ellen no YouTube. Ela é gira para uma lésbica mais velha, é podre de rica, costuma andar com famosos, quase toda a gente a adora e ela faz montes de cenas porreiras para a comunidade gay. Quando estiveres a pensar em como todas as lésbicas são chatas e gordas, escreve o nome dela no YouTube — ela é uma gata. Talvez pudesse vestir-se menos como o Justin Timberlake, e a série dela também não era assim muito fixe, mas ela é altamente na mesma. Fotografia por Jamie Lee Curtis Taete Dedos
Graças a Deus que temos dez. Os gajos hetero insistem que as lésbicas não conseguem fazer sexo a sério, mas enquanto o gajo bombeia freneticamente na mulher que pratica exercícios Kegel para fingir o orgasmo perfeito, as lésbicas desenvolveram outras técnicas, menos árduas. Técnicas que atingem objectivos reais. Por exemplo: o Shocker, uma técnica capaz de causar um orgasmo tão intenso que uma amiga minha uma vez rebentou um colchão de ar enquanto o fazia. Roupa chunga
A maioria das lésbicas veste-se como se fosse um mágico desportivo com um toque de Adam Lambert. Por onde começar? Vamos começar por baixo. Pés: anéis, sandálias sensíveis. Pernas: jeans com o tamanho errado, calções cargo, e aqueles calções tipo boxers que as miúdas usam. Tronco: manga caveada, t-shirts a dizer “ninguém sabe que sou lésbica”, camisas ao xadrez (normalmente amarradas à volta da cintura), pólos, coletes e finalmente, fedoras. Ah, e algures pelo pescoço: colares de conchinhas. Puta que pariu. Fotografia por Jamie Lee Curtis Taete Sem pêlos
Pode não parecer, mas as lésbicas são apenas seres humanos. Não curtimos lavar os dentes com pêlos púbicos tanto quanto os outros mamíferos. E quanto à merda das feministas que pensam que estão a mudar o mundo por deixar crescer uns pêlos nos sovacos e nas pernas: nós não vos queremos, por isso parem de nos chatear e vão coleccionar missangas. Incesto
Nós lésbicas somos tão amigas do ambiente que não só usamos sacos de cânhamo como também aprendemos a reciclar namoradas. Ainda bem que não podemos procriar: com a quantidade de incesto que vai nos nossos grupos de amizades, todas as nossas crianças iam parecer o Gollum em polônio. Gajas que não tenham sido comidas por, pelo menos, três das tuas amigas, não existem. Inveja
Se não fosse mal visto, marcaríamos o nosso território/namorada/mulher potencial com mijo. Calma, gaja, estava só a dizer à tua namorada que me estava a pisar a sacola, e, já agora, não te aflijas tanto, é improvável que alguém se faça a ela, é demasiado boa. Fotografia por Coco Capitán A morte da lésbica na cama
Já passaram nove dias desde que começaste a tua relação, já têm tatuagens iguais e gatos em conjunto, mas por algum motivo pararam de fazer sexo. A isto chama-se “a morte da lésbica na cama”. Para ultrapassar este problema é preciso ter uma conversa sobre os sentimentos e sobre a falta de sexo. Isto não vai resultar. Ela vai continuar sem te meter os dedos, e tu também não lhe vais fazer nada. Vai para o computador e carrega no “Gosto” até alguém retribuir. Morar juntas
Atenção: isto é mesmo um assunto sério na comunidade lésbica. Até temos o nosso próprio serviço de mudanças. Devem estar ricas estas gajas. Ainda antes do tomateiro orgânico que plantaram juntas começar a dar frutos, a relação acaba e lá vêm outra vez as moças das mudanças, mas uma delas agora é a tua nova namorada. Unhas
Eu sei que vocês mulheres gostam de usar as unhas grandes, mas ficar com o útero arranhado não é fixe. Por favor, cortem as unhas. Fotografia por Jamie Lee Curtis Taete Lésbicas da velha guarda
Estas são aquelas camionas velhas iradas de cabeça rapada de que nos lembramos sempre que nos estereotipamos. Vocês sabem: são aquelas que lutaram pelos nossos direitos e usam roupas largas. Às vezes também estão adornadas de piercings, tatuagens vagamente espirituais, e uns bons 50 quilos a mais. Considerando que é assim que a maioria das pessoas nos vê, não é surpresa que muitas miúdas questionem a sua sexualidade antes de se assumirem. Preferiria levar com uma pila e imaginar que era uma gaja do que levar com uma camiona. Orgulho
Acabei de ler o que escrevi até aqui e apercebi-me de que sou miserável para caralho, mas tenho muito orgulho em ser lésbica. Tão orgulhosa que até me pus a ouvir a “Proud” da Heather Small (versão club remix). Uma vez por ano celebramos o facto de sermos fufas na Pride. Um par de horas a agradecer gerações gays anteriores e o resto do dia a soltar a franga (a fazer contacto ocular com todas as mulheres solteiras presentes na esperança de que uma cole no velcro) a mandar cenas e a beber Bacardi Breezers com palhinhas. Dildo
O dildo é o melhor amigo das lésbicas. O meu chama-se Tulipa. Ninguém me faz vir como o meu dildo. É dourado e brilhante e se fosse uma pessoa era uma gaja podre de boa. Fotografia por Jamie Lee Curtis Taete Strap-ons
Adoro fazer sexo de strap-on. Algumas amigas minhas chateiam-se quando eu falo de fazer amor com a minha namorada por trás com um strap-on. Dizem-me que é nojento eu querer usar algo que se assemelhe a um pénis. Mas não há nada de nojento em usar um strap-on. É bem melhor do que andar às joelhadas e cotoveladas para conseguir uma tesourada. E ela vai curtir, vai pôr-se em cima de ti a gritar como uma vaqueira que acabou de romper o hímen por acidente na sela. E são essas coisas que te fazem sentir bem contigo mesma. Também há algo de muito fixe em poder meter a tua pila gorda na boca da tua miúda, e depois tirá-la e lavá-la no lavatório. Imaginem ter aquilo sempre entre as pernas. O que é que acontece quando está calor lá fora? Onde é que a põe quando dormem de lado? Não faz sentido. Outra coisa: dar chapadinhas na miúda com a pila que compraste só porque se chama The Vamp, e que veio numa caixa com cenas do Twilight, tem um piadão. Tatuagens
A marca de nascença de uma lésbica. Mais de 100 porcento das lésbicas têm tatuagens. Curtimos mesmo esta cena. Talvez seja a nossa versão de sexo quando acontece a “morte da lésbica na cama”? Infelizmente, não estamos programadas para pensar no futuro, por isso, em dez anos, os pássaros nos nossos braços vão parecer focas — também poderá ser o resultado da “morte da lésbica na cama”, que causa a perda dos poucos músculos que possamos ter. Fotografia por Jamie Lee Curtis Taete O undercut
A repa preta emo já teve o seu dia há muitos ciclos menstruais atrás, agora é a vez do undercut. Quanto mais mal feito e DIY, melhor. Tem tanto sucesso que até gajas hetero o fazem, o que pode ser confuso em termos de gaydar. Mas que se foda, fica tão bem a gajas como a Rihanna que não me importo nada. Vaginas
Todas nós temos uma, todas a queremos tocar, e todas DEVEMOS mantê-las (ver Sem pelôs). Por isso, não fiquem chateadas com as vaginas alheias, somos todas diferentes e isso é lindo, todas as pombinhas são bonitas à sua maneira (mesmo que algumas tenham uma espécie de beleza esotérica que é difícil de caracterizar). Dêmo-nos por contentes com o facto de que com a vagina também vem o clitóris, e através do clitóris vem o prazer feminino, e se proporcionares prazer suficiente à tua miúda ela é capaz de ejacular e isso é uma cena mesmo espectacular de se ver. É tipo uma aurora boreal, mas pegajosa. Auto-prazer
Sou adepta da masturbação. Os rapazes pensam que são donos do mercado do auto-prazer, mas isso é uma grande treta, só não falamos tanto disso porque não somos nojentas. Já tentei ver pornografia lésbica, mas as raparigas nesses filmes ou são lésbicas reais (feias e com excesso de peso), ou são gajas da Europa de Leste que foram para os Estados Unidos à procura de uma vida melhor, a troco de serem filmadas a meterem dedos. Por isso, não curto muito porno. Gosto de pensar na Ariel de A Pequena Sereiaenquanto me masturbo, ela tem umas mamas mesmo boas. Lésbicas +18
O tipo de lésbica que usa uma baqueta como um dildo de duas pontas como o primeiro brinquedo sexual (ok, se calhar vejo alguma pornografia). Fotografia por Maggie Lee Bebedeiras
Estás na noite e já bebeste dez cervejas. Bates com o copo vazio na mesa enquanto cerras os dentes e exercitas os braços. Armas a puta com qualquer pessoa que consigas encurralar a um canto o tempo suficiente para manter contacto visual contigo. Ameaças dar porrada a todas as miúdas nas proximidades que tenham comido a tua namorada (que é toda a gente), depois esqueces-te da parte da porrada e começas a roçar-te contra objectos inanimados enquanto as tuas calças descaem um bocado, mas o suficiente para revelar os teus boxers do Homem-Aranha. Atenção lésbicas: vocês não têm pila, não têm de dar uma de macho alfa e ficam altas putas quando bebem demais, por isso, fiquem pelo refrigerante, por favor. Zen
Era uma vez um dia em que já foderas com todas as tuas amigas e discutiras com todas elas sobre quem é que ia ficar com os gatos. Mas agora já cresceste. Está na hora de sair da cidade e mudar-te para o interior com as lésbicas de meia-idade. Vais passar as tardes a fazer brownies de haxixe para acompanhar o chazinho das cinco da tarde, com as amigas. Por fim, à medida que vais perdendo a memória e a tua vagina seca, vais atingir o zen. Portaste-te bem, companheira.