Fotos de concursos de miss no Brasil e casais gays dos anos 80

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Fotos de concursos de miss no Brasil e casais gays dos anos 80

As fotógrafas Luisa Dörr e Sage Sohier compartilham seu trabalho em nossa edição anual de fotos.
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Traduzido por Marina Schnoor
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Traduzido por do not use

Para nossa edição de fotos deste ano, falamos com 16 fotógrafos em ascensão e perguntamos que outros fotógrafos os inspiraram a entrar para o meio. Depois abordamos seus "ídolos" para saber se eles estavam interessados em publicar trabalho na nossa edição. O que nos deram, achamos, cria um diálogo único sobre a linha de influência entre jovens artistas e fotógrafos com uma carreira mais estabelecida. Esta matéria apresenta uma entrevista de Luisa Dörr com seu ídolo escolhido, Sage Sohier, e uma explicação do corpo de trabalho de cada uma.

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Em abril de 2014, Luisa Dörr fez a cobertura fotográfica do Miss Brasil Infantil. Lá ela notou Maysa Martins, de 11 anos, na multidão. Maysa disse à Dörr que queria ser Miss Brasil um dia. Mas havia algo no caminho desse sonho. A competição era dividida em duas categorias: uma para competidoras brancas, outra para competidoras negras. Cerca de 50% dos brasileiros se identificam como "negros" ou "mestiços", mas o racismo continua predominante no país. Alguns meses depois do Miss Brasil Infantil, a mãe de Maysa entrou em contato com Dörr pedindo que ela fotografasse o book profissional da filha. Dörr concordou em fazer o trabalho de graça. Seis meses depois, Maysa foi coroada Jovem Miss São Paulo Beleza Negra, um concurso local menor com a mesma divisão racial do Miss Brasil Infantil. Infelizmente, o criador do concurso nacional desapareceu, e o concurso também. Mas em 2017, Maysa foi convidada para um programa de televisão onde desfilou diante de um júri. Ela ganhou um contrato com uma agência de modelos e a chance de contar sua história.

Foto por Luisa Dörr

Foto por Sage Sohier

Quando Sage Sohier começou a fotografar casais gays e lésbicos no meio dos anos 80, ela tinha uma ligação pessoal com o tema: Seu pai, um veterano da Segunda Guerra e advogado, tinha se divorciado de sua mãe e nunca mais casou, e logo homens mais jovens – geralmente apresentados como "colegas de trabalho" – substituíram as jovens mulheres que às vezes o acompanhavam. Sohier entendeu que o pai era gay no meio dos anos 70. A partir da meia idade, ele morou com alguns namorados, mas nunca se assumiu – nem para a família. Originalmente publicados em At Home with Themselves: Same-Sex Couples in 1980 America de 2014, os retratos íntimos de Sohier de casais homossexuais durante a epidemia de AIDS não se conformava com os esteriótipos de promiscuidade gay predominantes naquela era. Sohie diz que sua obsessão era "fazer imagens que desafiassem e emocionassem". Aqui, pela primeira vez, estão algumas fotos que não foram parar no livro.

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Foto por Sage Sohier

Luisa Dörr: Onde tudo começou pra você? Por que você decidiu se tornar fotógrafa?
Sage Sohier: Quando jovem, eu era fascinada por fotografia – era uma permissão para observar, e também parecia fornecer uma desculpa válida para sair e explorar sozinha, longe da minha família. Minha mãe e meu pai eram teatrais de maneiras diferentes, então ser uma observadora era um papel disponível e que também se encaixava na minha personalidade reservada.

Aprendi sozinha a revelar fotos na câmara escura do colégio, e na faculdade, fotografei para o jornal do campus. Mas quando fiz meu primeiro curso de fotografia, durante meu segundo ano na faculdade, percebi pela primeira vez que fazer fotografias poderia ser tão poderoso quanto escrever ficção, e ali eu soube que era nisso que eu queria investir. Eu tinha pensado em ser escritora, mas era muito inquieta para ficar sentada na frente de uma máquina de escrever por muito tempo, e descobri que interagir com pessoas no mundo era fascinante e me tirava de mim de um jeito bom.

Seu trabalho foca em pessoas em seus ambientes. Por que esses temas te atraem, e como você escolhe abordá-los como narradora visual?
Acho que a casa das pessoas – o que elas colecionam, o que penduram nas paredes – revela muito sobre elas. Também adoro imagens complexas; é um desafio ver quanto consigo encaixar numa foto e ainda fazer funcionar.

Seu trabalho mostra uma mistura de fotos mais espontâneas e retratos. Como você aborda uma história visualmente?
Tento fazer um retrato o mais psicologicamente interessante possível. Gosto de mostrar relacionamentos entre pessoas – tanto a intimidade como a ambivalência – e gosto de mostrar pessoas em situações onde, de outro modo, você não as veria – seus quartos, porões e assim por diante.

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O que é importante quando você cria um retrato? Você pode falar um pouco mais sobre o processo, se você está procurando pela verdade da pessoa versus algum desconforto?
Passo muito tempo falando com as pessoas, às vezes por e-mail, antes de começar a fotografar. Assim tenho uma noção de quem elas são e começo a imaginar o tipo de imagem que posso fazer com elas. Claro, quero ganhar a confiança delas, e poder compartilhar meu site com as pessoas antes de fotografá-las tem ajudado muito nessa questão; eu costumava carregar uma caixa de fotos para mostrar às pessoas o tipo de imagens que eu fazia. Tento tornar o processo de fotografar alguém um esforço colaborativo. As sugestões delas para situações que poderíamos tentar registrar geralmente são melhores que qualquer ideia que eu poderia ter. Mas você não pode ser educado demais; você tem que buscar a foto que quer fazer. Às vezes isso significa que você precisa tirar as pessoas de sua zona de conforto um pouco. Se você conseguir fazer isso com entusiasmo e gratidão, geralmente todo mundo acaba se sentindo bem.

Você tem um mantra ou filosofia de trabalho?
Quando estou dirigindo ou caminhando até a casa de alguém, me faço um pequeno discurso de incentivo, o que geralmente inclui coisas como: "Não se conforme com pouco. Pressione por aquele algo extra que vai dar a possibilidade de a foto ser extraordinária. Sempre pare e se pergunte: O que mais? Do que mais essa foto precisa?"

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Foto por Sage Sohier

Foto por Luisa Dörr.

Foto por Sage Sohier

Photo by Luisa Dörr

Foto por Sage Sohier

Foto por Luisa Dörr

Foto por Sage Sohier

Foto por Luisa Dörr

Foto por Sage Sohier

Foto por Luisa Dörr

Foto por Sage Sohier

Foto por Luisa Dörr

Foto por Sage Sohier

Foto por Sage Sohier

Foto por Sage Sohier

Foto por Sage Sohier

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