Como foi a primeira maratona do Enem no último domingo

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Como foi a primeira maratona do Enem no último domingo

Pressão da família, ansiedade e descanso: Eles fizeram de tudo para não surtar.

Para muitos, o último domingo, 5 de novembro, deve ter tido apenas um gostinho de fim de feriado, sem grandes emoções. Não foi assim para os mais de 6,7 milhões de estudantes que, após uma maratona intensa de estudos, simulados e afins, enfrentaram a primeira etapa do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem. No maior local de prova da Avenida Paulista, em São Paulo, o sol não deu as caras. Apesar do frio e da garoa insistente, muitos candidatos chegaram por lá com pelo menos duas horas de antecedência, acompanhados de seus familiares. Eles conversavam em voz baixa, ouviam música ou simplesmente se deixavam abraçar por parentes, amigos e namorados, na tentativa de aplacar o nervosismo. Dessa vez, as duas etapas do Enem terão uma semana de "descanso" entre si. Este domingo ficou reservado para as questões da área de Linguagens e Ciências Humanas e a tão temida redação, que ainda tinha o tema desconhecido. Na próxima semana, os candidatos enfrentarão mais 90 questões, dessa vez de Matemática e Ciências da Natureza.

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Níver? Só depois do Enem

Para Natasha Gomes, de 17 anos, a mudança tem prós e contras. "Eu estou me sentindo bem ansiosa. Então, vai ser ainda mais difícil controlar isso na próxima semana. Vou aproveitar esse tempo extra para estudar as questões de exatas, que são mais complicadas para mim", conta a jovem, que sonha em prestar Direito. Mas a nova dinâmica do Enem deixou um gosto amargo na boca de Natasha.

Aniversário entre provas deixou Natasha sem provas. Caroline Lima / Vice Brasil.

Afinal, ela fará 18 anos na próxima sexta-feira, 10 de novembro, mas sem direito a festinha e bons drinks. Para Natasha, sair com amigos seria uma distração desnecessária antes da segunda etapa do Enem, focada em exatas. "A primeira coisa que farei quando o Enem acabar? Comemorar meu aniversário, eu mereço", brinca a estudante. Até lá, revisões sem fim, apenas. Seu porto seguro nessa maratona de provas e estudos é a mãe, Edna, que a acompanha em todos os vestibulares. Apesar da ansiedade, ela vê a filha tranquila em relação à realização do sonho, que é o começo da nova faculdade. "Sinto que ela está obstinada, bem focada, e vai fazer uma boa prova. Mas a gente fica ansiosa junto com eles, não tem jeito", conta ela.

E se eu não passar?

Às vezes, a cobrança por bons desempenhos e resultados não vem da família, mas dos próprios candidatos. Na casa de Thais Cortez, de 17 anos, essa é a dinâmica. Todo mundo apoia a jovem, que tenta uma vaga em Economia para o próximo ano. Mas na hora H, ela confessa que bate um leve medo de frustrar tantas expectativas diferentes ao seu redor.

Thais precisou lidar com a pressão que ela colocou em si mesma. Caroline Lima / Vice Brasil.

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"Existe uma pressão, claro, mas meus pais dizem que acreditam muito em mim, sempre reforçam que eu sou capaz de vencer essas provas. Mas e se eu não passar? Serei uma decepção para toda a família, sabe?", acredita ela. Mesmo assim, ela não pensa em desistir tão cedo e sabe que terá o apoio dos pais caso queira prestar o Enem novamente no ano seguinte. "Agora só nos resta controlar a ansiedade, que com certeza vai bater enquanto a segunda prova do Enem não chega. Depois que isso tudo acabar, só quero respirar aliviada e, quem sabe, chorar um pouco. Chorar descansando, claro", desabafa Thais.

Folga no Enem e namorinho

No começo, Victor Padilha, de 18 anos, achou a mudança do Enem um verdadeiro porre. "Fiquei pensando em voltar ao local de prova, na semana seguinte, e achei um saco. Agora, pensando melhor, sinto que vou poder aproveitar a semana de folga para dar mais uma estudada e reforçar o conteúdo de exatas, que não é o meu forte, porque sou de humanas. Hoje é meu dia, preciso ir com tudo", afirma o jovem.

Victor curtiu a namorada na véspera da prova. Caroline Lima / Vice Brasil.

Victor, apaixonado pelo Grêmio por influência do pai, pretende se tornar um bom jornalista esportivo. É a primeira vez que ele encara o vestibular do Enem para valer e confessa que a ansiedade não é moleza. "Meus pais acreditam que esse é o vestibular mais importante de todos, por isso rola uma pressão, sim", explica o estudante. Para ele, também é uma boa forma de se preparar para outras provas, tão ou mais complexas que o Enem. Em vez de surtar e estudar até o último minuto, porém, ele preferiu aproveitar o sábado longe dos livros, com a companhia da namorada, e pretende repetir a fórmula na próxima semana. "Isso me deixou mais tranquilo. Ficamos juntos, curtindo o Netflix, e consegui relaxar. Fizemos até brigadeiro de panela e deu certo, viu?", conta Victor, entre risadas. Quando pergunto o que ele pretende fazer ao fim da maratona do Enem, o rapaz não titubeia: "Só penso em tomar uma cerveja quando acabar a prova de matemática, sério".

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Minha cama, minha vida

À primeira vista, Stephanie Ramos, de 18 anos, parece plena e tranquila. Algo se agita dentro dela, porém. Ela sente como se a ficha ainda não tivesse caído, às vésperas da primeira etapa do Enem, e por isso consegue controlar o nervosismo. Quer dizer, mais ou menos. Fica um pouco de tensão porque o vestibular tem um significado especial para Stephanie: é a possibilidade de estudar Arquitetura fora do Brasil, um sonho que ela cultiva há algum tempo.

Stephanie sonha em estudar Arquitetura no exterior. Caroline Lima / Vice Brasil.

Além disso, rola uma pressão forte quando o assunto é família. Embora a mãe de Stephanie esteja tranquila com a temporada de provas, o pai da jovem espera bons resultados no Enem, que poderá ser usado de muitas formas no futuro. Por isso, a ansiedade tem atrapalhado - e muito - o sono da candidata. "Quando acabar o Enem, eu só queria poder dormir, dormir bastante. Não tenho conseguido descansar nada por causa da prova. É muita ansiedade, mesmo", conta ela. Apesar do tom de autoajuda, a dica dos guerreiros que estão encarando a nova divisão do Enem é tentar olhar a semana de "folga" como uma nova chance de sucesso, mesmo que pareça um saco agora. É a grande oportunidade de revisar conteúdos, descansar, tentar novas técnicas de resolução de exercícios e respeitar os limites da mente e do corpo, claro. Não é fácil sair ileso de uma maratona dessas, por isso é tão importante saber a hora de parar com a "fritação". Que tal ouvir os sinais?

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