Entenda como alimentação e descanso do candidato podem influenciar o Enem

Você relê o enunciado pela quinta vez. Faz os cálculos. Crek. Crek. Crek. O pensamento fugiu. Quanto que dava mesmo? Lê mais uma vez. O crek ataca novamente, para o desespero da sua concentração. Basta um olhar rápido por cima da prova para encontrar o cidadão que mastiga compulsivamente durante a prova do Enem. É desesperador, a gente sabe. Mas talvez você deva tentar repetir o gesto, com um barulho um pouco menos irritante. Acredite, é possível. Falamos muito sobre conteúdo, fórmulas, cálculos… Mas e a saúde do candidato, como é que fica? O bom desempenho não depende apenas de encarnar a enciclopédia ambulante, capaz de resolver todos os desafios da prova. Como a sua avó costumava dizer, saco vazio não para em pé – e nem raciocina direito. Segundo Cintya Bassi, nutricionista do Hospital e Maternidade São Cristóvão, não adianta passar fome: tem que levar um lanchinho saudável para o dia da prova, sim. "O jejum diminui as taxas de glicose no sangue, que é o principal combustível para o cérebro. Portanto, não se alimentar no dia da prova pode atrapalhar o raciocínio e aumentar a sensação de cansaço, pela falta de energia. Quando a indisposição surgir, o aluno precisa comer alguma coisa", orienta a especialista. Mas não é comer qualquer coisa, viu? Não seja o doido do salgadinho ou das "besteirinhas" em dia de Enem ou qualquer outro vestibular puxado, por favor. Batatinha frita, biscoitos recheados, sucos industrializados e delícias do tipo não são os alimentos mais indicados para dias de prova - apesar de todo mundo amar uma junk food, claro. Ricos em gordura, açúcar e sódio, eles só pioram aquela sensação de cansaço que bate na metade da prova, além de te deixar com fome mais rápido. Para quem sofre com problemas estomacais, é ainda pior. Imagine o combo sono + fome + azia + dedos engordurados no Enem. Não dá.

Para Cintya Bassi, a dica é mandar ver em uma dieta saudável e equilibrada, com muitas frutas, legumes, verduras e líquidos. Alimentos ricos em ômega 3 também dão uma forcinha extra ao raciocínio, já que o componente também está presente na membrana externa das células cerebrais, melhorando conexões e trocas de informações. A memória anda ruim? Então, aposte em frutas como morango, kiwi, uva e tomate, que possuem a fisetina, substância que induz à diferenciação de células nervosas, melhorando a função cognitiva e a memória.

Não adianta caprichar na lancheirinha, com biscoitos integrais, frutas e sementes, e esquecer de outros cuidados com corpo e mente. Equilíbrio, gente, é a palavra-chave. Por isso, além de fazer bonito na alimentação, é preciso dar uma desacelerada básica na maratona de estudos nos dias que antecedem a prova. Como explica a psicóloga e psicopedagoga Marisa Castanho, da Associação Brasileira de Psicopedagogia, não adianta querer decorar tudo às vésperas do exame. "O candidato ideal é aquele que estudou todos os dias, ao longo do ano, e consegue ter um domínio do conteúdo. Mesmo assim, é impossível não sentir ansiedade quando a prova chega às mãos. E tudo bem. Um pouco desse sentimento é até bom, porque faz parte da nossa história de sobrevivência. Só não pode se deixar paralisar pelo nervoso na hora da prova", orienta a psicóloga. Com o estresse lá em cima, o que é completamente natural, o caminho é buscar alternativas para relaxar, mas na medida certa. Aproveite o tempinho livre dos estudos para recarregar as baterias, dormindo o necessário, por volta de 8 horas. Você pode até encontrar alguns amigos, ver um filme ou coisas do tipo, mas tome cuidado para não passar do limite na farra. Exagerar nas bebidinhas, por exemplo, pode ter efeitos bem prejudiciais. O excesso de álcool pode desencadear crises de náusea, dor de cabeça, déficit cognitivo e sonolência no tão esperado dia da prova. E aí não há barrinha de cereal que te salve na hora de raciocinar e resolver os exercícios, meu amigo. Neste ano, o Enem será aplicado em dois domingos seguidos. Se na primeira etapa o resultado não for tão bacana, calma, muita calma nessa hora. A dica de Marisa Castanho é encarar o segundo domingo como uma segunda chance, mentalizando resultados positivos. Pode estudar um pouco mais, claro, mas sem enlouquecer. "O aluno tem que canalizar as energias e focar no objetivo daquela prova, ou seja, o começo de algo novo. Centrado e equilibrado, as chances de sucesso podem ser maiores", acredita a especialista. E tente se lembrar de que você não está sozinho nessa, independentemente do resultado. No sufoco ou na festa, os amigos e a família vão te te abraçar e dizer que deu tudo certo. Confie.