Este Cara Está numa Missão para Fotografar Todos os Pubs de Londres

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Este Cara Está numa Missão para Fotografar Todos os Pubs de Londres

Nos últimos sete anos, Ewan Munro vem pesquisando meticulosamente os pubs da cidade, tanto os do passado como os do presente, catalogando cada um deles e postando fotos e informações sobre eles na base de dados online Pubology.

Selhurst Arms, Selhurst, SE25.

Tem gente que diz conhecer bem os pubs de Londres. Claro, a pessoa sabe o nome de um lugar decente para tomar um pint na esquina da estação Victorian. Mas… e se você se visse encalhado e sedento no meio de Chingford ou Neasden? A maioria das pessoas não conhece realmente os pubs dessa metrópole – pelo menos, não como Ewan Munro.

Nos últimos sete anos, Ewan vem pesquisando meticulosamente os pubs da cidade, tanto os do passado como os do presente, catalogando cada um deles e postando fotos e informações sobre eles na base de dados online Pubology. Ele também posta essas fotos no Flickr, onde elas ficam disponíveis de graça para quem quiser usá-las. Sua missão é fotografar cada um dos pubs de Londres – apesar de ser difícil saber quão perto ele está desse objetivo. Mesmo assim, os milhares de fotografias que ele tirou até agora representam um registro inestimável de um aspecto da cultura londrina aparentemente cada vez mais perto da extinção. Fomos tomar um pint no Cock Tavern, em Hackney, e ele me falou mais sobre seu trabalho.

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VICE: Oi, Ewan. O que te fez começar a tirar fotos de pubs?
Ewan Munro: Faço isso há sete anos. É difícil dizer exatamente. Acho que é porque gosto deles: acho esses lugares interessantes e gosto de frequentá-los. Comecei a tirar fotos de pubs e, em certo momento, comecei a fotografar todos os pubs. Não posso dizer que a ideia era parte de algum plano consciente para fazer uma base de dados incrível ou uma coleção de fotos históricas de pubs. Acho que só tenho esse traço obsessivo em mim de catalogar coisas.

Bar 2 Far, Tooting SW17.

Como você começou?
Tenho um grupo de amigos que fazia caminhadas pelas linhas do metrô. Íamos até uma estação e andávamos até a próxima ao longo da linha. Isso te leva para lugares aonde você nunca iria normalmente. Eu saía para essas caminhadas com eles e fotografava as coisas que achava interessantes, e às vezes essas coisas eram pubs antigos. É uma coisa romântica a ideia desses prédios que costumavam ser importantes e agora estão decadentes. Quando decidi que queria fotografar todos os pubs, tive de criar uma base de dados para saber quais já tinha fotografado e quais ainda não. Foi aí que as coisas começaram a ficar mais sérias.

Three Johns, Islington, N1.

Quantos pubs existem em Londres?
Isso depende de várias coisas. Uma é como você define Londres. Vamos dizer que você defina isso como a Grande Londres, os limites do condado. Aí você tem de decidir o que considera um pub, e essa é uma questão ainda mais controversa. É impossível dizer com certeza. Qual a diferença entre um bar e um pub? É algo muito confuso. Como essa é minha base de dados, sinto que posso ser idiossincrático nisso… eu diria pelo menos cinco mil. Mas isso pode ser uma superestimativa.

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The Steam Engine, Lamberth North, SE1.

É um trabalho que você acha que nunca vai terminar?
Posso acabar de fazer a pesquisa. Eu poderia, em teoria, conseguir uma foto de todo prédio que é ou foi um pub. Mas os pubs mudam muito, os nomes mudam, eles são reformados. Não consigo acompanhar isso. Mal consigo acompanhar as mudanças no meu site, quanto mais tirar uma foto de cada um. Se eu fosse pesquisar pubs históricos, seria um buraco sem fundo.

Royal Oak, North Wollwich, E16.

Você se vê como um historiador de pubs?
Minha esposa tenta me apresentar como um historiador de pubs. Mas estudei história, acho que sei o que é ser um historiador – e não sou um. Na melhor das hipóteses, sou uma testemunha de pubs ou um arquivista. Não faço realmente uma pesquisa que coloca os pubs num contexto histórico. Tudo que faço é descobrir onde eles existiam, quando existiam e aí tirar uma foto se eles ainda estiverem lá.

Você considera seu trabalho importante?
Eu não usaria a palavra "importante", mas vejo o valor de ter um registro das mudanças. Desde quando comecei, alguns prédios que fotografei foram demolidos e reconstruídos, geralmente não como pubs. Então, acho que é útil ver todas essas mudanças com o tempo. Acho que, quanto mais tempo eu fizer isso, mais isso terá valor. Agora, já tirei milhares de fotos; logo, acho que isso tem algum valor. Em 100 anos, talvez as pessoas digam: "Olha esse monte de fotos que esse cara tirou naquela época". Talvez isso seja interessante para alguém.

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Prince Alfred, Limehouse, E14.

Num nível pessoal, o que você acha que torna um pub bom?
É uma alquimia muito estranha para enumerar tudo. Nenhum pub faz tudo certo. Muitos lugares que conheço têm uma boa seleção de cervejas, porém não gosto de passar meu tempo ali. É uma questão de criar um ambiente agradável para beber. Às vezes, você consegue fazer isso sem ter nenhuma cerveja boa. Há muitos pubs legais, locais pequenos para a comunidade, que são simpáticos e acolhedores sem ter nada decente para beber.

Sir Robert Peel, Kilburn, NW6.

Você tem algum favorito em termos de arquitetura?
Adoro ver e fotografar – mesmo nem sempre entrando – pubs de conjuntos habitacionais. O clássico pub de concreto e teto reto num canto dos conjuntos. Acho que eles são fascinantes, e são esses que vão desaparecer. Muitos deles estão por um fio, ninguém gosta deles; assim, quando o último local morrer, eles vão ser fechados e marcados para demolição. Acho isso triste.

Victoria, Barking, IG11.

Ouvimos falar de pubs fechando o tempo todo. Você é otimista sobre o futuro dos pubs londrinos?
Não compartilho o pessimismo que muitas pessoas têm. A demografia muda, o modo como as pessoas se relacionam muda, o jeito como as pessoas socializam muda. Se os pubs estão fechando, outras coisas vão substituí-los. Bares, restaurantes… eles não são pubs, mas são lugares onde as pessoas socializam e bebem. Como muitas pessoas, também me preocupo com a maneira como Londres está cada vez mais cara para se viver. Mas sempre vai haver lugares para beber.

Obrigado, Ewan.

Tradução: Marina Schnoor