Comida na Cama

Mais uma vez fomos em busca dos 'brinquedinhos' mais curiosos. Dessa vez, encontramos Anja Koschemann em Dresden. Para esta jovem licenciada em Química, os sextoys são como uma incursão no País dos Sonhos. Entre os seus produtos manufaturados, constam espigas de milho, pepinos, cenouras, bananas e tudo o que inspira a penetração.

Vice: Um dia, na minha antiga residência, rolou uma festa. Eu e o meu namorado fomos os únicos que não comeram da salada de pepino porque sabíamos o que tinha acontecido com o pepino na noite anterior. Foi uma história dessas que te inspirou?
Anja Koschemann: As míticas brincadeiras com o pepino são das mais famosas. A minha história não está tão diretamente relacionada, mas meu sonho sempre foi trabalhar de forma independente e, juntamente com o meu namorado, tentei encontrar alguma ideia que unisse os talentos de ambos, que fosse ao mesmo tempo divertida e nutritiva. Claro que, para comprovar a teoria, foram necessários alguns testes práticos antes de a primeira coleção aparecer. Ainda me lembro de algumas brincadeiras com dildos orgânicos que acabaram sendo bastante “insatisfatórias”. As bananas são muito ásperas, a casca dos pepinos tem muitos pesticidas, as espigas de milho são muito inflexíveis -- e picam também. É uma pena, porque as suas formas conseguem ser bastante apelativas, mas as restantes características tornam a maior parte impossível de serem levados para a cama. O meu curso me ajudou bastante a consolidar a minha ideia: 'tunnar' a natureza e reconstruir, com silicone, as formas mais excitantes que a flora tem para nos oferecer.

Imagino vocês no supermercado, fazendo compras, e depois a indo para casa experimentar. É assim que vocês encontram inspiração?
Sim, é em casa que surgem as ideias. Por isso, quando vamos às compras, já fazemos mais ou menos uma ideia dos tamanhos que procuramos e do vegetal em questão. Depois começa a busca para encontrar o modelo perfeito, que pode durar anos. Quando o encontramos, fazemos logo um molde antes que ele apodreça. Fazemos várias cópias, que por sua vez são distribuídas entre amigos. Os nossos brinquedinhos só entram em produção depois de ouvir as avaliações e opiniões deles.

Então, você costuma testar os diferentes modelos dos teus sextoys antes de começar a produzi-los?
Sim. Eu também faço parte da equipa de teste.

Antes de um produto ser lançado no mercado, precisa de ser submetido a várias fases de teste. Vocês têm alguma salinha cheia de meninas, o dia inteiro, pra testar os vegetais?
É uma ideia tentadora e agradaria muita gente. Mas não, os testes são feitos na esfera íntima do casal que vai testar o objeto. O que pode ocorrer uma ou várias vezes, dependendo das situações. Não costumamos apressar a devolução do produto, mas ficamos sempre curiosos para ouvir o que têm a dizer. Quando o factor prazer está completamente afinado, passamos à escolha das cores mais legais e tentamos executar com perfeição todos os detalhes de forma e textura.

Qual é o legume com mais saída?
Milho, milho, milho! E de preferência o mais flexível dos três níveis de dureza que temos para oferecer. A sua textura com relevo proporciona experiências muito prazerosas.

Vocês de vez em quando também fazem pedidos especiais, não é? Alguma vez chegaram a pedir alguma coisa completamente absurda, tipo uma abóbora ou alface?
E o que é que pode ser considerado absurdo? Sou da opinião de que, desde que dê prazer e desde que todos os participantes estejam satisfeitos, tudo é permitido. Acho super curioso poder observar a variedade dos pedidos que chegam até nós. Alguns projetos foram exequíveis, outros não. Antes de começar a trabalhar no modelo em si, existe uma longa troca de emails entre nós e o cliente para acertar todos os detalhes. Em seguida é feito o orçamento e depois o cliente decide se deseja ou não mandar produzir a peça única.

Podemos imaginar a sua oficina como um templo do amor, com luz ambiente e tal, ou é um espaço completamente esterilizado?
Os nossos visitantes costumam dizer que parece que estão num laboratório. O que não é de admirar: se quero fazer as peças bem feitas, preciso de muita luz, das divisões sempre limpas, mesas grandes e de ferramentas em condições. O silicone, antes de secar, é super pegajoso, por isso costumo usar luvas de látex e, para não estar sempre estragando minha roupa com respingos de tinta, costumo usar um avental. É assim a minha vida. Só na parede de cortiça gigante é que você vai encontrar devaneios criativos: croquis, cartas que recebemos de fãs, imagens eróticas, curiosidades e flyers de alguns eventos, etc…

Eu queria ter umas daquelas bolinhas vaginais (ben-wa) em forma de morangos ou ameixas. Consegue fazer?
Não é assim tão descabida essa ideia. Dêem olhada no nosso site, de vez em quando, para conhecerem os novos produtos.

O Natal está chegando! Estão planejando algum sextoy para apimentar estes dias festivos?
Não posso contar. Por enquanto é segredo.

Só para terminar… Alguma vez receberam algum feedback negativo, como, por exemplo, alguém dizer que é perverso ser penetrado com vegetais?
Nada disso. Claro que alguns curiosos não conseguem ver graça em legumes. Ninguém é obrigado a gostar. Mas quem gosta das nossas criações com durezas variadas, material brilhante e extra-escorregadio ou dos sextoys que mudam de cor de acordo com a temperatura, provavelmente também vai encontrar qualquer coisa que goste na segunda coleção, chamada “Elementos”. O amor, a água e o ar já estão representados. Têm formas irregulares e, além do fator entretenimento, prestamos especial atenção ao design. Posso revelar que existe muita gente que gosta de “brincar com comida”. Podemos encontrar variadíssimas referências a esse tipo de brincadeiras eróticas em fóruns, filmes ou fotografias.

Se bobear você até tem curiosidade em experimentar, mas continua com algumas dúvidas: Porque caralho é que alguém iria querer enfiar um legume? Isso vai funcionar como? O que meus pais diriam se soubessem disso? Quem poderia me ajudar? Por que não experimentar? Para você não sair por aí metralhando inocentes com tantas perguntas, deixamos uma entrevista entre um pepino cor-de-rosa e sua proprietária.

Vice: Como foi sua primeira experiência com o pepino? Conseguiu atingir todos os pontos importantes, mesmo sendo “pequenininho”?
J: Gostei muito da nossa primeira vez, adoro a textura dele, é extremamente fácil de manusear e em pouco tempo fica da mesma temperatura que o corpo. Tem 13 cm, por isso faz parte dos modelos mais pequenos, mas com 4,5 cm possui um diâmetro considerável, uma das minhas prioridades na penetração. Também estimula os lábios e o clítoris. A textura rugosa proporciona bastante prazer.

Enquanto brincava já chegou a se distrair por ter lembrado que está fazendo aquilo com um pepino?
Não, de maneira nenhuma. Claro que é baseado num pepino verdadeiro, mas o fato de não ter nada onde possa me machucar me deixa desfrutar 100%.

E por qu um consolo em forma de vegetal em vez de um convencional?
Boa pergunta. Todo mundo tem um consolo convencional, então achei que devesse procurar mais graça para as horas íntimas.

O Sr. Pepino também entra em ação quando você está acompanhada?
Brinco com ele sozinha, mas também com o meu parceiro. No início ele ficava meio assim quanto ao fato de ter um pepino na cama, mas isso acabou por proporcionar noites extremamente divertidas e eróticas.

Alguma vez tentou ver se há diferença entre o seu consolo e um pepino verdadeiro?
Apenas no que diz respeito ao exterior. Tirando isso, os dois são quase a mesma coisa. No entanto, não gostaria de ser penetrada com um verdadeiro porque o meu pepino é igual aos que são usados para fazer pickles, que vêm dentro daquele líquido extremamente ácido.

É bom para o sexo anal também?
Para os iniciados nesta área, não será o mais indicado, pela espessura e por ser curtinho. Tem que segurá-lo bem, para não desaparecer de repente. Para brincadeiras nos fundos, recomendo a cenoura.

O que você diria para sua mãe caso ela encontrasse o seu pepino?
Perguntaria se ela gostaria de experimentar.

POR EQUIPE VICE DE
TRADUÇÃO POR EQUIPE VICE BR