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ceca

Apanhar no rabo é fácil

Difícil é ter sentimentos.

Como é ser paneleiro em Guimarães? Esta é daquelas questões que só um vimaranense homossexual pode responder e foi isso que vimos este fim-de-semana no convívio com a performance de João Ventura, Bichafication Process. Se acham que a coisa é tão simples quanto apanhar no rabo, a verdade é que não é, pois a vida de um larilas é densa e truculenta. Ficamos a saber que neste momento, quando decides sair do armário, não é só assumires-te — tens de saber o teu género de gay à partida. Se és uma queer, um bear, um cub, um wolf, um twink, um gay-sian, um a&f boy, um gay jock, um circuit boy, um velvet mafia, uma diva, uma show queen… Enfim, muitos membros da comunidade gostam de saber o que esperam e querem que tu te identifiques com um rótulo onde nem sempre encaixas, apesar de teres mais opções do que o menu de um restaurante chinês. A outra coisa da vida é que estas situaçõesimplicam falar de temas sensíveis nos pontos de encontro normais para os gays. Assim, esta peça de teatro auto biográfica explica-te como estás numa discoteca em Lisboa dedicada ao fist-fucking, a procurar uma explicação de amor e desamor, enquanto algumas pessoas ao teu lado tentam encaixar a mão no rabo de outrém. Ninguém disse que ser paneleiro era fácil, mas com esta peça ficamos a saber que é mesmo difícil. De Guimarães a Lisboa, passando pelas ramblas de Barcelona, esta performance fala desta vida. Das relações complexas, ao lubrificante anal, dos sentimentos profundos à espeologia anal com um punho tudo é abordado. Para quem pensar que ser rabeta é só apanhar no cu, desengane-se, porque há muito mais para saber. Fotografia por José Caldeira