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Entretenimento

Imaginamos como o 'Queer Eye' poderia consertar nossas vidas

“Tenho baixa autoestima e pontas duplas, então adoraria passar por uma transformação 'Queer Eye'.”
Foto: Netflix/Divulgação.

Se tem uma coisa em que a redação da VICE concorda é que somos todos emocionalmente atrofiados e muito desagradáveis de se conviver.

Como uma nova temporada do Queer Eye da Netflix acabou de começar — e como a principal missão do Fab Five é tornar pessoas emocionalmente atrofiadas mais agradáveis de se conviver — analisamos exatamente tudo que tem de errado com a gente, e como Antoni, Tan, Karamo, Jonathan e Bobby poderiam nos ajudar.

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JOEL, 30 anos

Sabe aquela parte engraçada no começo de cada episódio onde o Fab Five entra na sua casa e aponta todas as suas escolhas zoadas de decoração, superfícies bagunçadas e roupas inusitadas que eles vão lá e vestem? Esse seria o final do meu episódio.

“É assim que você vive?”, o Jonathan sussurraria pra si mesmo. Karamo não ousaria tocar nas mangas da minha jaqueta bomber de seda ou em qualquer superfície da minha casa. O Antoni quer me mostrar como preparar um copo de água (“Você precisa começar a beber isso aqui”), mas não tenho copos limpos nem detergente pra lavar a louça. Bobby está no telefone com meu senhorio, perguntando o que pode e o que não pode fazer pela minha casa (“Então tenho que reformar um apartamento de east London e só posso usar… ganchos adesivos? Como pod… como?”). Tan liga para seu empresário e vai embora.

Então fechamos as cortinas para impedir a luz de entrar e subimos todos na minha cama. “É muito ruim, né?”, digo, e todos eles concordam com a cabeça, tristes. Ficamos de conchinha até a madrugada, chorando com como uma vida pode desandar. Eu quebrei os meninos. Eles nunca mais serão os mesmos. A terceira temporada e cancelada e os fãs começam uma campanha de ódio contra mim na internet.

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NANA, 22 anos

Sou extremamente preguiçosa e o Fab Five é estranhamente pró-ativo – e apesar de odiar ter um quarto bagunçado, não tenho energia ou motivação para faxinar. Então eles podiam me ajudar nisso. Bobby ficaria sabendo que sou jornalista e faria uma colagem com todas as canetas que já toquei na parede, o que eu ia odiar. Mas se não preciso limpar nada, tudo bem.

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Aí, o Karamo — esse anjo salvador — me enrolaria num cobertor e me mostraria o scrapbook que preparou cuidadosamente para mim. O livro contém fotos de todos os momentos definidores da minha vida até agora, desde quando aprendi a andar de bicicleta até meu despertar sexual — ou seja, Colin Farrell dizendo “café da manhã, almoço e jantar” naquela sex tape dele. Não sei como ele ficou sabendo de tudo isso, mas ele é o Karamo: confio totalmente nele. Não tem nada que ele não possa fazer. Damos as mãos e choramos.

Eu nunca mais precisaria fazer terapia.

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LAUREN, 24 anos

Tenho baixa autoestima e pontas duplas, então adoraria passar por uma transformação do Queer Eye. Na reunião de apresentação — quando o Fab Five entrasse zoando tudo na minha casa; o doce e precioso Jonathan sairia do meu quarto gritando “YAS, CHAPÉU!”, usando todos os meus sutiãs como um boné — eu diria alguma coisa vaga sobre gostar de RuPaul's DragRace e, der, verde, e depois de três dias o Bobby teria transformado minha casa inteira numa passarela verde-esmeralda com murais gigantes da Michelle Visage. Eu ia amar.

Já Karamo — olhando fundo nos meus olhos, pergunta sobre meus traumas e minhas paixões — gaguejo alguma coisa sobre gostar de escrita criativa no meu tempo livre, e baseado só nessa migalha de informação, ele organiza um evento com todo mundo que já conheci na vida, e me obriga a ler meus poemas horríveis pra todo mundo. Vou fingir que gostei só para ele não ficar chateado, porque ele disse que acredita em mim.

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Tan me faria usar botas até o joelho para parecer menos baixinha; Jonathan passaria creme para os olhos no meu rosto, festejando. Vou chorar de gratidão e dizer que eles mudaram minha vida. Do Antoni, infelizmente, não posso aprender nada. Te amo, seu anjo definido canadense, mas minha refeição preferida é nuggets vegan e batata smile, e mesmo eu não preciso da sua ajuda nisso.

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HANNAH, 26 anos

Só consigo imaginar os braços de edamame do Antoni mexendo nas gavetas da minha geladeira. Ele vê meu estoque de nuggets vegan: “Ah… Você gosta mesmo de nuggets!” Olho para os nuggets como se fosse a primeira vez: “Nuggets, é”. Enquanto engulo algo com gosto de vergonha, ele vai jogando todos os saquinhos na pia da cozinha. “Muito bege! Você está se afogando em bege!”

No meu quarto, Tan Frances descobre uma pilha de camisetas de banda. “Mas tenho que me sentir confortável enquanto… crio conteúdo”, resmungo. O resto do Fab Five discute o possível significado de uma pilha de animais de pelúcia na cama de uma mulher de 26 anos, enquanto Jonathan dança uma valsa pela sala com um cachorro de pelúcia. Eles perguntam se tenho “alguém especial” na minha vida. Dou risada e menciono um terceiro encontro no Tinder acontecendo convenientemente no penúltimo dia de filmagem.

Do sofá no loft industrial deles, eles me assistem interagir constrangida com o meu date. Sou modelada numa “vibe 'rocker' mais apropriada para a minha idade”. Enquanto eu e meu date comemos tacos desajeitadamente, os garotos estralam os dedos e gritam: “Chega da nuggets!” A frase se torna um meme repetido na minha cara sem piedade por estranhos.

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DAISY, 25 anos

De longe, minha vida parece em ordem. Tenho um trabalho que realmente me paga. Sei descascar um abacate. Troco os lençóis duas vezes por mês. Não tenho um problema sério com drogas, e consigo contar meus inimigos em uma mão (Oi, Becca! Nem lembrava mais de você!) Mas chegue um pouco mais perto… e você vai ver que há rachaduras. OK, rachaduras onde você consegue ver do outro lado. Me visto como uma mistura da Spinelli do A Hora do Recreio e Jimbo Jones dos Simpsons. Tenho um celular descartável que também funciona como fidget spinner. Moro com mais quatro pessoas num apartamento que poderia ser descrito como “esquálido” numa matéria de jornal se eu fosse assassinada. E nunca usei fio dental, nunca.

Ou seja, minha experiência no Queer Eye seria basicamente assim: O Fab Five ia se enfiar no meu apartamento, entrando um de cada vez, todo mundo com as costas para a parede. Um deles (o Antoni?) passaria um dedo pela canga do Marilyn Manson na parede do meu quarto (sim), juntando muita poeira enquanto olha para a câmera e diz “OK”. Eles jogariam todas as minhas roupas fora, teríamos um ritual para queimar meu guarda-roupa. Tan ia me obrigar a usar roupas coloridas. Jonathan ia me fazer jogar fora minha base de 9 paus da Rimmel e me ensinar a usar iluminador. Karamo ia sentar comigo, nos degraus da porta, e me fazer uma pergunta simples tipo “Por que você acha tão difícil falar em público?”, o que, no espaço de três minutos, viraria uma confissão total de ansiedade social desencadeada por questões de abandono e trauma emocional. A cena final seria eu fazendo um discurso para todos os meus amigos e parentes. Todo mundo se abraçaria. Choramos.

Matéria originalmente publicada pela

VICE Reino Unido

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