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Sexo

Construa, e Eles Gozarão

A Impropriety Society surgiu de um grupo de festeiros sexuais conhecido como Club Risqué. É um grupo pansexual e poliamoroso cheio de tesão.

Na primavera de 2010, a recessão que marchava pelos Estados Unidos como um exército de zumbis me despejou da vida tênue que eu tinha improvisado em Los Angeles. Desempregado de repente e a ponto de virar um sem teto, fui para uma fazenda de orgânicos, propriedade de um velho amigo em Humboldt County, Califórnia, e me tornei um lavrador. Meus colegas de trabalho incluíam um grupo de pessoas de uns 20 e poucos anos conhecidos como “Os Garotos”. Eles eram um grupo pansexual e poliamoroso cheio de tesão, e depois de algumas semanas de confissões sexuais exebicionistas e provocações ao som de sissy bounce, eles estavam trepavando fervorosamente em duplas ou trios.

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Fiquei de fora, mas antes que décadas de mau comportamento, autossabotagem e um dedo podre para relacionamentos me tornassem um neurótico monástico, eu também tive minha porção disso. Os últmos anos da minha adolescência foram no auge do sexo liberal dos anos 90. Filmei alguns pornôs baratos, namorei strippers, tentei minha sorte como massagista erótico e fui a um hotel de swing com a minha namorada. Aos 20 fui motorista de táxi, e dei voltas e mais voltas em Tenderloin enquanto prostitutas chupavam seus clientes no banco traseiro. Cheio de arrogância, entrei no jogo das confissões, mas um dos Garotos — um magrelo cabeludo — me venceu. Ele contou como, num palco em frente a um monte de pessoas, ele fez um fist fuck numa mulher enquanto cantava uma música e batucava na bunda da própria mulher. Essa foi minha introdução à Impropriety Society, um grupo de pervertidos locais que dão festas de sexo elaboradas muito bem frequentadas em Humboldt.

A Impropriety Society, Imps para encurtar, se ergueu das cinzas de um grupo de festeiros sexuais conhecido como Club Risqué. As festas começaram como eventos para levantar fundos para uma rádio pirata, e realizadas por uma galera do teatro e do circo. Eram mais festas com performances ousadas do que verdadeiras festas de sexo. Mas conforme evoluíram, as fodas reais começaram a rolar, e como aconteciam em lugares afastados, começaram a receber um público carente de uma variedade mais excêntrica de expressão pessoal. As festas tinham uma área de masmorra separada para a comunidade de BDSM local. Desde o começo, um casal poliamoroso cheio de energia esta à frente do Club Risqué, e quando a relação deles acabou alguns anos atrás, as festas também acabaram. Um grupo de veteranos do Club Risqué tomou a liderança da cena e fundou a Impropriety Society, elaborando a formulação de um ethos sexual positivo com ênfase no consentimento, autoconsciência, responsabilidade e inclusão para todas as orientações sexuais, identidades de gênero e formas de expressão pessoal.

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A primeira festa deles foi em maio de 2008. E, desde então, quase todos os meses, eles realizam pequenos eventos chamados de “sociais”, com cerca de 75 ingressos disponíveis. Realizados numa grande sala com apenas alguns acessórios de BDSM, a ênfase é mais em socialização, dança e fodas nos colchões encostados nas paredes. Duas vezes por ano, na primavera e no outono, eles realizam eventos muito maiores com uma masmorra totalmente equipada, muitos espaços temáticos, um dark room cheio de colchões chamado cuddle room (sala do carinho), uma grande pista de dança, comidinhas tipo gourmet e um show teatral. Com 250 ingressos à venda e 80 voluntários, a estrutura é bem grande, especialmente se você considerar a proporção de árvores por habitantes em Humboldt.

Fui à minha primeira festa, o festival de Halloween, com o cara magricelo cabeludo e duas das garotas da fazenda. A festa aconteceu na sede de uma fraternidade obscura numa rua desolada de Eureka. Eu não sabia muito sobre a área na época. Os poucos meses que estive em Humboldt eu só ia até a parte velha de Eureka uma vez por semana para usar a internet. As ruas sempre me pareceram assombradas, vazias — a não ser por alguns viciados vagando pelos becos — , as fachadas vitorianas faziam eco, como uma cidade cenográfica abandonada. Parte do show já tinha se desenrolado quando chegamos: uma paródia de Guerra nas Estrelas que terminava com a Princesa Leia sendo comida pelo Luke Skywalker, que por sua vez era enrabado por uma versão feminina do Darth Vader usando uma cinta-caralha. Os artistas dos esquetes anteriores se juntaram no palco para os aplausos finais, e o público (cerca de 200 pessoas também fantasiadas, sentadas no chão ou descansando sobre os colchões) aplaudiu muito. Os aplausos diminuíram, o DJ começou a tocar e dez minutos depois as pessoas estavam metendo nos colchões em todo o perímetro da sala principal. Não muito depois disso, o som dos chicotes podia ser ouvido vindo da masmorra . Os Garotos se divertiram muito. Eles também estavam usando fantasias indecentes, o que facilitava a imersão na mistura suada de pessoas.

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Uma coisa que diferencia as atividades do Impropriety Society do resto das festas de swing é que eles não só permitem que homens solteiros compareçam, como encorajam isso. Eles até fazem alguns eventos em bares locais para atingir uma comunidade maior. Eu era um desses caras com roupa normal espreitando pela festa. Eu checava como as coisas estavam indo nos colchões, dava uma olhada no

, sentava em algum lugar da masmorra e vagava pela área de fumantes. E depois fazia tudo isso de novo, por umas sete horas, assistindo enquanto meus amigos e estranhos faziam o mesmo circuito chupando e fodendo alegremente. Ameacei a falar para uma pessoa algo sobre a bunda dela ser uma delícia, mas quando nossos olhos se encontraram, amarelei e saí andando. Quando a noite acabou, eu estava exausto. Achei uma das garotas com quem cheguei desmaiada numa das muitas piscinas infantis da cuddle room, e me arrastei até ela. Ela era a namorada do magricelo cabeludo, mas eles tinham um relacionamento aberto e a gente flertava um pouco. Ela tinha uma bela bunda, todo mundo comentava na fazenda, e nesse breve momento de coragem que vêm logo antes do sono, com o magricelo e nossa outra amiga observando e rindo, eu puxei ela para perto de mim, a gente se esfregou e eu dei uma bela apalpada naquela bunda gostosa. Esse seria o ponto culminante da minha noite. Meia hora depois, estávamos num carro sem aquecimento voltando para a fazenda debaixo duma chuva congelante. Passei o inverno com frio e sozinho, engordando em frente à TV. Como eu me remoia com um surto afetivo sazonal, minha mente começou a se voltar para Humboldt;seu solo cor de chocolate amargo e sua cultura única. Me conformava sabendo que voltaria para lá na primavera, e quando me deitava na minha ilha particular que era o sofá da minha irmã, pensava na Imps.

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Cerca de um mês antes da seguinte festa da Impropriety Society de que participei, uma social do final do verão, um dos meus amigos mais próximos morreu de repente. Ele era alguns anos mais velho e o conheci quando eu tinha 14 anos. Foi uma mudança  radical para uma adolescente hétero de Nova Jersey no começo dos anos 80. Ele abriu meus olhos para o mundo clandestino dos esportistas bissexuais e professores predatórios. Poeta e músico, ele era um crítico social cabeça dura e profundamente perceptivo. Ele nutria uma apreciação franca e saudável pelo sexo e, apesar de se identificar como gay, transou com mais mulheres que muitos homens héteros que conheço. Ele nunca deu muita bola para minhas viagens peculiares e sem propósito, às vezes me provocava, às vezes só jogava as mãos para o alto de tanta frustração. Eu gostava muito dele e sua morte quase me derrubou. Ver o corpo dele deitado ali, costurado e preparado para um repouso improvável, foi assustador e chocantemente real. Chorei com todos os outros amigos que tínhamos em comum, e me movi através da tristeza. Percebi algumas coisas ali: a dor e a perda que eu vinha temendo a minha vida toda, o que me impedia de dar uma chance a qualquer esperança de amor e intimidade reais, tinha se realizado, e eu iria sobreviver. Talvez fosse hora de parar de ter medo.

Era aí que minha cabeça estava enquanto dirigia para festa descendo a estrado do rio Eel com aquelas sequoias enormes e ameaçadoras subindo até o céu. Os faróis do carro iluminavam o nevoeiro, vacas pastando passavam, crusts pediam carona e as pequenas comunidades ecléticas de repente pareciam vivas para mim.

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Naquela noite, quando entrei no estúdio de dança onde o Imps estava realizando seu festival de verão, a primeira coisa que chamou minha atenção não foram as duas mulheres de meia idade esperando para apanhar da cruz de Santo André, ou a dupla de senhores grisalhos de aparência paternal vestidos de mulher com a maquiagem borrada, nem as bundas amarradas para cima nos “bancos de palmada”. Alguns metros na frente da mesa do DJ, de pé, imóvel no meio da pequena multidão de foliões, estava um homem cego segurando sua bengala dobrável branca, a cabeça ligeiramente inclinada, do jeito que as pessoas cegas fazem. Ele era calvo, com um pouco de cabelo castanho e um bigode fino, e seus olhos preguiçosamente errantes eram ligeiramente encovados. Entre esse grupo excitado e pervertido, ele era o Unicórnio. Apesar da diversidade de idade, orientação e perversão, o resto dos participantes poderia ser colocado numa mesma categoria monolítica se comparados com ele. Finalmente consegui desvencilhar meus olhos, percorri a sala com um olhar receoso e entrei no lance.

Foi uma noite memorável. Logo no começo, as pessoas mais atraentes de 20 e poucos anos se juntaram num canto como bolhas numa grande, grudenta e heteroflexível pilha de foda, se contorcendo e gemendo por algumas horas. Uma mulher foi embrulhada com filme plástico e depois coberta de silver tape da cabeças aos pés, como uma múmia. Um homem foi fodido com um consolo, depois o limparam e colocaram uma fralda nele. Vi um rosto ser furiosamente fodido, a cabeça da mulher era segurada como uma melancia. Coxas eram estapeadas e bundas eram chicoteadas enquanto mamilos eram presos com prendedores de roupa. Aos pés de uma das camas estava uma máquina de foder. Era o modelo básico — um dildo enfiado na ponta de uma haste de metal, articulada numa outra haste ligada a um prato de metal giratório que funcionava com um motor elétrico. A máquina estava solitária, ligada num ritmo lento e sexy, fodendo o nada carinhosamente a noite inteira.

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Conforme a noite foi passando, uma mulher chamou minha atenção. Ela parecia ter uns 30 anos, baixinha com um visual meio lolita dark. Ela estava dançando com uma cara de camisa havaiana e chapéu de capitão que parecia um pouco mais velho que ela. Eles logo foram para uma cama e eu os segui. No pé da cama havia duas cestas de lavanderia marcadas com SUJO e LIMPO. Enquanto a Lolita Dark trocava os lençóis, o cara (vamos chamá-lo de Yacht Rock) saiu para ir ao banheiro ou algo assim. Deslizei até ela furtivamente e imediatamente ela me deu aquele olhar: “O que você quer, porra?”. Fiquei atrapalhado, disse para ela esquecer e me virei para sair. Percebendo que essas ações poderiam parecer especialmente esquisitas, me virei de volta, e para limpar minha barra tive uma ideia brilhante e nem um pouco desagradável: “Hã… se vocês vão brincar, será que eu poderia assistir?”. Ela disse que tudo bem, desde que eu mantivesse uma distância respeitosa, mas deixou claro que não estava nem um pouco empolgada com isso. Então me afastei, de cara vermelha. Um pouco depois, a Lolita Dark montou o Yacht Rock e, ainda vestidos, eles esfregavam as virilhas. Eles estavam usando uma cama ao lado de outra ocupada por um casal que eu havia entrevistado mais cedo. Eles eram novatos, participando de seu primeiro ato de sexo em público: com o pinto despontando na cueca boxer, ele debruçou sobre o outro corpo deitado e manuseou o clitóris dela enquanto a penetrava com uma lentidão glacial. Quando ela finalmente gozou, foi a experiência de prazer mais pura que testemunhei a noite toda. Eles ficaram se acariciando depois, numa névoa pós-orgasmo, mas logo se sentaram na cama, olhando meio surpresos para a sala. Perguntei se poderia sentar com eles para conversar mais um pouco. As perguntas logo se tornaram casuais, e estávamos discutindo sobre a tese de PhD da novata quando o Yacht Rock virou para mim e disse: “Já chega!”. Me calei espantado. Ele continuou: “Essa é a segunda cena que você interrompe. Esse é o espaço de cena, não o espaço social. O espaço social é ali”. Ele apontou para o outro lado da sala. “Eu estou tentando gozar aqui”, continuou a Lolita Dark, “e não consigo com vocês aí falando”. Fiquei mortificado. Murmurei algumas desculpas, acenei para os novatos e saí. Encontrei o magricelo cabeludo, com quem eu tinha chegado na festa, e contei para ele o que tinha acontecido. Ele só riu. Aí o Yacht Rock apareceu na nossa frente, ainda visivelmente nervoso. Ele informou que, na verdade, era o chefe da segurança da Impropriety Society, e listou várias regras que eu tinha quebrado enquanto detalhava minha insensibilidade. Me desculpei profundamente e aleguei ignorância. Ele meio que cedeu, pediu desculpas por perder a paciência, nós apertamos as mãos e ele foi embora. Logo depois, fui abordado por uma sorridente loira platinada de uns 30 anos usando uma saia havaiana e a parte de cima de biquíni de coco. Ela me disse que era a Vibes Master. Havia um elemento espiritual dentro da comunidade do Club Risqué que criou o Vibes Crew, um grupo dentro do grupo maior que se incumbiu de elevar o humor das festas projetando coisas boas em todo mundo que encontrassem. O treinamento do Vibes envolvia desenvolver a intuição, aprender a ler a energia das pessoas e jogar “bolas de energia”. Uma versão meio que secularizada da Vibes Crew continuou com a Imps. Eles abandonaram as bolas de energia, mas o objetivo principal continuou o mesmo: conduzir com sua vulnerabilidade, visualizar positivamente e alcançar aqueles que possam estar se sentindo impressionados ou nervosos. A chefe da Vibes Crew não tinha visto minha conversa com o Yacht Rock, ela só estava se apresentando e checando para ver se eu estava me divertindo. Contei a ela o que tinha acontecido com ele e a Lolita Dark, como eu tinha atrapalhado a cena deles. Ela me perguntou se eu tinha lido a concessão. A concessão estava no site deles e todo mundo tinha que assinar uma cópia para entrar na festa, fosse um voluntário, o chefe da segurança ou um cara qualquer da rua. O documento continha tudo o que era ou não permitido e isentava o Imps de qualquer responsabilidade. Eu também tinha assinado, claro, mas tinha tratado a coisa toda como um termo de uso de software baixado pela internet. Aparentemente eu tinha quebrado o protocolo diversas vezes. Me tomando sob sua tutela, a loira explicou a natureza formal da interação nessas festas. Ninguém pode tocar em ninguém, não importa quão casualmente, sem pedir permissão. Esse é o primeiro estágio de um conceito importante para melhor aproveitar uma festa de sexo: a negociação da cena. Uma cena que pode envolver ser amarrado e pendurado numa viga, ter cera quente derramada nos genitais, ser espancado até as coxas e bunda serem uma grande contusão roxa e zoada, ou simplesmente transar, geralmente começava com um simples “Posso apertar a sua mão?”. Um tempo depois, vi a Lolita Dark de novo. Tinha certeza que ela me odiava. De uma distância cautelosa, assisti o círculo que ela fez pela sala, tentando parecer desinteressado, olhando de passagem para as várias cenas que se desenrolavam à minha volta. O circuito dela logo a trouxe para a minha órbita. Nossos olhos se encontraram e ela me deu um sorriso caloroso. Ela apertou a minha mão e perguntou: “Podemos começar de novo?”. E isso me reanimou completamente. Perto do final da noite eu assistia dois casais de hippies bonitinhos se enroscando um no outro como um alcaçuz. O Unicórnio se aproximou, tateando a borda do colchão com a bengala, tentando se sentar, caindo subitamente entre as pernas dos casais. Ele se levantou e tentou ir para outro colchão, repetidamente tropeçando nas cestas de lavanderia. Alguém o levou até um colchão adjacente, onde ele finalmente pode se sentar. Ele se sentou ali por um tempo, quieto enquanto apertava metodicamente sua bengala com as mãos. Então, espontaneamente, num movimento súbito, ele se inclinou, abriu a calça e começou a se masturbar furiosamente com as pontas dos dedos das duas mãos até ficar com uma pequena e nervosa ereção púrpura. Algumas pessoas se reuniram para ver, mas não se aproximaram o suficiente para comunicar sua presença ou dar uma mãozinha. Ele ficou lá deitado se masturbando por uns dez minutos até que guardou o pinto de volta nas calças e subiu o zíper. Mas aparentemente ele ainda não tinha acabado, então enfiou as mãos dentro da calça fechada, com o braço fazendo movimentos pulsantes e arrítmicos, os lábios esticados sobre os dentes. Ele estava engajado numa luta épica, mas não fiquei por perto para saber quem venceu. Sentindo que a noite estava quase no fim, fiz um circuito rápido pela sala. Então as luzes se acenderam, sinalizando o fim da festa, e, apertando os olhos, todos procuravam suas roupas. O evento seguinte do qual participei foi a festa de Halloween deste ano. Eu e a Imps estávamos em negociações complicadas para que eu pudesse tirar fotos da festa. Cheguei cedo, e enquanto assistia a movimentação maníaca dos voluntários para montar o Reino Encantado fui surpreendido subitamente pelo fato de que tudo isso era automotivado. Nenhuma empresa estava patrocinando o evento. Ninguém estava sendo pago para estar ali: nem os fundadores, nem os artistas, nem os DJs ou os chefes de departamento. Na linguagem do grupo, eles estavam preparando o espaço uns para os outros. E então os convidados chegariam, e eles preparariam o espaço para eles também. Alguns iam jogar pesado na masmorra, alguns iam transar e a maioria ia dançar, assistir e flertar. Alguns se sentiriam finalmente em casa, outros ficariam nervosos como o diabo. Era uma questão complicada para a comunidade me deixar fazer as fotos. Ninguém tinha tido tal acesso antes, e isso estava deixando algumas pessoas nervosas. Havia um tópico de discussão sobre mim e minhas intenções no fórum de Humboldt do Fetlife, uma rede social de estilo de vida alternativo. Eles se referiam a mim como “O Jornalista”. Repórteres do semanário local tinham feito uma matéria que expôs a festa alguns anos antes, e vários membros tinham ficado bem ofendidos. Alguns acharam que as descrições dos participantes tinham sido muito reveladoras. Outros não tinham gostado da forma como a cena foi retratada. Então criei um perfil no Fetlife e comecei um tópico dizendo quem eu era e quais eram minhas intenções ali. Falei para eles sobre minhas viagens e meu amigo morto. Também comecei o mesmo tópico na comunidade da Imps no Yahoo! Groups. E para mostrar que eu também estava disposto a me expor nesse jogo, postei um autorretrato nu — artístico, porém explícito. Essa festa foi diferente da última. Nos dois meses anteriores, eu havia entrevistado vários membros da comunidade em lanchonetes e cafés, em mercados agrícolas e em suas casas. Muitos deles se tornaram meus amigos. O aspecto verdadeiramente sexual das festas, tenho que admitir, não me excitava. Mas havia testemunhado em primeira mão o poder transformador que a comunidade podia ter, como quando as pessoas passam a vida inteira com profunda vergonha de suas predileções, e de repente encontram todo um grupo que as amava justamente por isso. A Lolita Dark e eu desenvolvemos um laço particularmente carinhoso, e me surpreendi com minha própria abertura para isso. Esse é o final de todas as minhas viagens? Provavelmente não. Já estou de partida para o inverno. Estou sempre partindo. Mas foi um bom começo.