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Como o passado virtual de um desenvolvedor pode levar 'The Last Night' ao fracasso

Será que vale descreditar o trabalho de uma equipe inteira em nome do escracho virtual?
'The Last Night'. Imagem: Reprodução

Nessa E3 2017, Tim Soret aprendeu da pior maneira que uma tuitada infeliz feita anos atrás pode voltar para te atormentar. O jogo em que ele está desenvolvendo, The Last Night, chamou bastante atenção durante a conferência da Microsoft, principalmente por causa do visual, que mistura pixels com perspectivas 3D, com a temática pós-cyberpunk. Só que a animação das pessoas mudou completamente quando uma série de mensagens antigas dele começaram a circular.

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Em 2014, o diretor tuitava em apoio ao movimento GamersGate, que perseguia jornalistas por dar mais visibilidade às questões de igualdade de gênero e minoria nos games. Além disso, ele também se dizia contra o feminismo e a favor do "igualitarismo", seja de "homens, mulheres ou alienígenas", o que mostrava uma boa dose de inocência dele sobre o assunto. Afinal, igualdade de gênero é exatamente o que o feminismo prega.

Após os tuites virem à tona, não só Tim Soret como The Last Night logo passaram a ser mal vistos, com muitas pessoas falando em boicote ao game. A produtora do jogo, Raw Fury, foi procurada pelo site Polygon para comentar o assunto, e ela logo tirou o dela da reta, dizendo que não faria uma parceria com o desenvolvedor se ele de fato fosse essa pessoa retratada pela turba furiosa da internet.

"Os comentários que Tim fez em 2014 pegaram a gente de surpresa e não batem com o pessoal que conhecemos", disse um representante da produtora. "Esperamos que todo mundo lendo isso saiba que não vamos tolerar trabalhar com alguém que se porte como essa caricatura de Tim que vem circulando na internet agora."

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Vendo que as tuitadas deram ruim, Soret se justificou no próprio Twitter. Ele disse que The Last Night não é um jogo contra o feminismo e que mudou de opinião nos últimos anos. Já na conferência PC Gaming Show, nesta segunda-feira (12), Soret subiu ao palco para falar do game e aproveitou para se retratar mais uma vez.

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"Eu estou envergonhado com tuites que fiz no passado e queria me desculpar por isso", disse na apresentação. "[O que disse] não representa o que sou hoje ou o que é The Last Night".

Tim Soret, de 'The Last Night'. Imagem: Reprodução

Claro que o desenvolvedor pode muito bem ter se retratado em público após a água ter batido na bunda e ver a possibilidade de manchar o trabalho que ele e toda a equipe estão fazendo no jogo, mas o importante aqui é perceber que uma pessoa pode ter um pensamento errado e amadurecer com o tempo. Afinal, falar besteira, depois se arrepender e aprender com a situação acontece com todo mundo.

Não tem problema algum se você quiser continuar empolgado com The Last Night, ou com a sua temática pós-cyberpunk de aventura, ou com os seus elementos de plataforma, ou com a narrativa do jogo. Também não tem problema em criticar o Tim Soret e até mesmo duvidar dos seus pedidos de desculpa, mas nessa hora é importante lembrar que o jogo não foi feito só por um desenvolvedor. Fazer um game é um processo coletivo, e mesmo num time pequeno como no de The Last Night, existem divergências de opiniões. Será que vale descreditar o trabalho de uma equipe inteira em nome do escracho virtual?

O projeto começou em uma maratona de desenvolvimento de jogos chamada Cyberpunkjam e a versão feita na época pode ser jogada de graça aqui. The Last Night chega em 2018 para PC e Xbox One.

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