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Tecnologia

É Surpreendentemente Fácil Perder 100 Cérebros

O estranho caso dos órgãos desaparecidos: cerca de 100 jarras com cérebros dentro sumiram da universidade, paradeiro desconhecido.
​Cérebros aleatórios em jarras. Créditos: Curious Expeditions/Flickr

É muito fácil esquecer onde você guardou algo — as chaves do carro, a carteira, aqueles cento e tantos espécimes de cérebros humanos que você deixou por aí.

Foi o que aconteceu na Universidade do Texas (UT), um mistério turbulento que segue bizarro mesmo depois de ter sido aparentemente resolvido.

No dia 2 de dezembro, a ​revista Atlantic publicou uma história sobre o estranho caso dos órgãos desaparecidos: cerca de 100 jarras com cérebros dentro sumiram da universidade, paradeiro desconhecido. Os cérebros eram de pacientes psiquiátricos do Hospital Estadual de Austin e foram doados ao Centro de Recursos Animais da Universidade do Texas por conta da falta de espaço no instituto. Havia aproximadamente 200. Até que, de repente, evaporaram.

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Cerca de metade sumiu do mapa nos anos 90, e o ​Ars Technica explica que foi um livro com registros dos cérebros restantes que trouxe a questão à tona.

Como os cérebros sumiram era uma incógnita; Tim Schallert, neurocientista da universidade, contou à Atlantic que foi mover metade da coleção a pedido do diretor do centro e os cérebros não estavam mais lá. Foi uma pegadinha? Alunos surrupiaram os órgãos para decorar a sala? Eles foram vendidos no eBay assim como diversos cérebros roubados de um museu de Indiana no começo do ano?

Para deixar o enigma ainda mais obscuro, correm especulações de que um dos espécimes era o cérebro de ​Charles Whitman, criminoso que ficou conhecido como o "Franco-Atirador da Torre de Texas" após sair atirando pela universidade e matar 16 pessoas. Essa informação não foi confirmada.

Na manhã do dia 3, a Universidade do Texas ​divulgou um comunicado dizendo que estava "comprometida a tratar os espécimes com respeito" e que estava "desolada por notar que alguns haviam desaparecido".

Mas antes que a Motherboard pudesse desmascarar uma quadrilha secreta de alunos traficantes de órgãos humanos — e depois de uma surpresa na história, quando presumiu-se que outra escola tomara posse dos cérebros, teoria que logo foi desmentida —, a ​universidade divulgou uma nova declaração, oferecendo uma solução para o mistério. Os cérebros foram destruídos há mais de uma década.

"Uma investigação preliminar da universidade revelou que autoridades de saúde e segurança da UT descartaram múltiplos espécimes de cérebro em torno de 2002, em conformidade com protocolos de tratamento de resíduos biológicos", a instituição escreveu.

Segundo a investigação, docentes da universidade decidiram que os cérebros não estavam em condições boas o bastante para fins de ensino, então descartaram 40-60 jarras — "algumas delas continham múltiplos cérebros humanos" — com o auxílio de uma empresa de coleta.

Mas ainda restam quebra-cabeças em aberto: ninguém sabe se o cérebro de Whitman estava no lote, por exemplo.

E o fato dos cérebros aparecerem como "deslocados" nos registros 12 anos depois de serem destruídos deixa dúvidas sobre a maneira como os espécimes foram manuseadas.

Tradução: Stephanie Fernandes