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Música

Baixando Besteiras

Será ele apenas um burocrata na contramão do jeito que a música é ouvida, recomendada, distribuída e criada no século XXI? Ou se trata de um sujeito que está apenas executando seu trabalho, fazendo aquilo que realmente acredita ser o certo para os...

Agradecimentos especiais aos pianos Beethoven

Muita, mas muita gente, acredita que a RIAA [sigla em inglês para Associação da Indústria Fonográfica da América] é um tumor gigante e peludo no pescoço da música. Muita gente vai além e acha que essa perversidade nojenta lentamente espalhou sua fúria cancerígena pelo domínio público nos últimos anos. Na última década, a RIAA já processou os seguintes indivíduos por supostamente utilizarem meios ilegais para o download de músicas: uma avó de 66 anos de Boston, acusada de conseguir milhares de raps, mesmo seu computador não sendo capaz de executar o software que ela supostamente utilizava, uma estudante exemplar de 12 anos que morava com a família em um conjunto habitacional em Nova York, um homem de 79 anos que não tinha computador—nem sabia usar um—e foi acusado de comparti-lhar mais de 700 faixas de bandas como Linkin Park e Creed, uma bisavó de 83 anos morta e um sem-teto que vivia em um abrigo. Há muitos ou-tros réus improváveis, mas esses são alguns dos nossos preferidos. Só que o começo da história da RIAA contradiz sua atual reputação. Em 1952, a organização foi fundada com a missão primordial de esta-belecer um padrão de curva de equalização para gravações de gramofone. Antes da formação da RIAA, cada gravadora usava sua própria equalização. Muitos selos utilizavam diferentes frequências para reprodução, e o resultado eram discos que só tocavam em determinados aparelhos. A RIAA consertou tudo isso e efetivamente aumentou a venda de discos ao unificar o processo de gravação. Foi um uma cosia ótima. Em 1958, a RIAA prestou outro serviço notável para os músicos ao estabelecer um programa de certificação e recompensa que passou a registrar quantas cópias de um álbum eram vendidas. Esse processo evoluiu para os atuais discos de prata, ouro, platina e diamante, que nos EUA são atribuídos aos álbuns que vendem entre 100 mil e 10 milhões de cópias. Isso ajudou a popularizar discos clássicos, atemporais, que todas as gerações deveriam ouvir, além de gerar vários outros sistemas que permitem que artistas acompanhem suas vendas. Foi só na década passada que a tecnologia musical, exatamente aquilo que a RIAA foi criada para padronizar, se tornou poderosa demais para que ela a controlasse. Dois processos judiciais históricos -- A&M Records Inc. contra Napster Inc. e MGM Studios Inc. contra Grokster Ltd. -- deram início a uma série de eventos que mudaram a indústria musical para sempre. O julgamento de Grokster chegou à Suprema Corte. Nesse julgamento, 28 das maiores entidades de entretenimento do mundo (unificadas pela RIAA e sua equivalente na indústria cinematográfica, a MPAA) tentaram encerrar o debate do compartilhamento de arquivos para sempre. No final, os tribunais decidiram que Grokster e seus contemporâneos poderiam ser processados pelo compartilhamento ilegal de arquivos que ocorria em suas redes, mas isso deixou a RIAA com um saco de merda de cachorro em chamas nas mãos. Forçar as empresas de software P2P a policiarem suas próprias bases de usuários seria impossível, então teve início um surto agressivo de perseguição que resultou no, possivelmente, pior desastre de relações públicas autoinfligido nos EUA até poucos meses atrás, quando a BP, por conta própria (OK, talvez com alguma ajuda do governo), transformou o Golfo do México no maior ringue de luta na lama do mundo. Cary Sherman é o presidente do conselho de diretores da RIAA e trabalha lá há 13 anos. Ele estudou na Faculdade de Direito de Harvard, toca piano e, o mais importante, afirma ser um verdadeiro amante da música. Graças ao método nada popular da RIAA de proteger seus cofres (ou seja, muitos processos), Sherman é muitas vezes visto como um monstro opressivo e totalitário que pode, potencialmente, jogar você na cadeia e/ou condená-lo a uma existência horrível por fazer downloads ilegais de lindíssimas pérolas como “California Gurls”, de Katy Perry com participação especial de Snoop Dogg (número 1 da Hot 100 daBillboardquando do fechamento desta edição). Felizmente, porém, os processos não estão mais acontecendo. No fim de 2008, a RIAA mudou de tática (alguns podem dizer que isso aconteceu graças à pressão pública). Ao invés de perseguir indivíduos que baixam música ilegalmente, passaram a cobrar dos provedores de acesso à internet a responsabilidade de monitorar e alertar seus clientes sobre a pirataria de música e outros conteúdos através de um sistema que utiliza o método do baseball: “strike-um-strike- dois-strike-três- você-está-fora”. Menos de um mês depois que a RIAA declarou ter implantado o novo esquema, vários provedores importantes deram para trás e disseram que seguiriam suas próprias políticas internas de monitoramento. É por isso que a RIAA anda bem discreta ultimamente. E tivemos uma bela surpresa quando Sherman concordou em nos dar essa entrevista. Ele respondeu a todas minhas perguntas sem hesitar, o que, tenho de admitir, foi extremamente inesperado. Será Sherman um monstro terrível que quer processar adolescentes por fazerem downloads de discos com letras explícitas que os pais não os deixariam comprar nas lojas? Não. Será ele apenas um burocrata na contramão do jeito que a música (especialmente do tipo independente) é ouvida, recomendada, distribuída e criada no século XXI? Ou se trata de um sujeito que está apenas executando seu trabalho, fazendo aquilo que realmente acredita ser o certo para os músicos? Bom, vamos deixar você decidir.

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Vice: Vamos começar com algo semi-atual que eu simplesmente não consigo entender: o HR 848, o “Performance Rights Act”—projeto de lei que pretende remunerar os músicos toda vez que uma música sua tocar na rádio—, que foi apresentado em fevereiro de 2009 e ainda está no Congresso. Entendo que seu objetivo é eliminar a disparidade entre os pagamentos de royalties entre os formatos, mas as rádios FM realmente pagam menos para tocar música do que seus equivalentes de internet e satélite? Isso parece invertido.
Cary Sherman:O objetivo é fazer com que estações de rádio terrestres paguem royalties. Atualmente temos isenção. Recebemos royalties por satélite, serviços de noticiário a cabo e webcasters. Recebemos até quando estações de rádio realizam transmissões simultâneas [simulcast] na internet, mas não recebemos quando simplesmente colocam música no ar. Como são o negócio mais bem estabelecido, com certeza é uma anomalia que todos os iniciantes estejam pagando enquanto o peixe grande não paga nada. O que achei muito interessante sobre o projeto de lei é que pessoas como Jesse Jackson foram contra e afirmaram que ele prejudicaria estações de rádio menores. O que você acha disso?
Essa foi uma tática muito inteligente utilizada pelas rádios para basicamente dizerem que essa era uma questão de rádios menores. Meio que desapareceu quando a NAACP [Associação Nacional para o Avanço das Pessoas de Cor] começou a chamá-la de Ato de Direitos Civis para os Músicos. Eles acreditavam que a escravidão tinha sido abolida, mas que, de alguma maneira, os músicos ainda tinham que trabalhar sem receber quando se tratava de rádio. Se forem suficientemente grandes e tiverem receita suficiente para pagar royalties integralmente, as rádios têm de pagar como todo mundo. A alternativa a todos esses contrassensos do rádio são dispositivos de mídia de consumo e armazenagem. É uma ironia, porque, apesar de o iPod e o iTunes certamente terem dado muito dinheiro para a RIAA, também são a mídia favorita para ouvir música pirateada. Você diria que essas invenções tornaram sua vida mais fácil ou mais difícil?
Certamente a tornaram mais interessante, mas o que sempre foi muito impressionante em relação a esse trabalho é que você nunca sabe como o mercado vai evoluir e revelar perspectivas novas e inesperadas para as questões. É com os dispositivos de armazenagem de terabyte que eu preciso me preocupar. Ao mesmo tempo em que ocorrem esses desenvolvimentos na tecnologia de armazenamento de massa, o mercado está mudando para streaming e computação em nuvens. Todo mundo quer ter acesso, onde quer que esteja, a qualquer hora, em qualquer dispositivo que por acaso esteja utilizando. Eu presumo que você tenha um iPod.
Muitos. Qual é a sua maneira preferida de ouvir música?
Em casa eu tenho um sistema Sonos, que tem sido fenomenal porque tenho toda a minha música em um dispositivo que posso tocar em cada cômodo da casa ou em todos os cômodos ao mesmo tempo. O que eu tiver com vontade de ouvir está lá, e isso antes de estar no Pandora ou uma rádio online. Quando viajo costumo levar um iPod comigo, mas também ouço música no meu iPhone, que tem uma fidelidade fenomenal. Você coloca um par de fones Bose que bloqueiam o ruído e é uma maneira excelente de viajar. Você se lembra da primeira vez que ouviu falar de um software P2P ou viu algum desses programas em ação? Seu coração ficou apertado?
Não me lembro do momento específico. A verdade é que é preciso colocar isso em um contexto: foi em 1999, e eu estava me reunindo com pioneiros da música digital com regularidade. Havia empresas vindo de todos os lugares só para se apresentarem e nos dizer que ti-nham soluções para a indústria musical lidar com a pirataria, novos modelos de negócios, novas tecnologias que fariam maravilhas pelo ato de ouvir música, interoperabilidade e DRMs. DRM significa “gerenciamento de direitos digitais”.
Tivemos um monte de questões de DRM. Quando o Napster surgiu, foi só mais uma coisa interessante. Lembro que criei uma subpasta—nem me dei ao trabalho de fazer uma pasta completa—para os e-mails relacionados ao Napster porque achava que ele merecia uma subpasta. Só me dei conta depois de que aquela coisa ia crescer. Não era tão óbvio porque havia muita coisa acontecendo, e então de repente tudo virou Napster.

Como a RIAA calcula a perda de lucro em potencial dos down-loads ilegais?
Nós não calculamos. Vocês simplesmente não calculam?
Nunca. O problema em fazer isso é que não temos a capacidade de medir o que está acontecendo com a internet. Temos de confiar em terceiros. É muito difícil fazer isso em quaisquer circunstâncias. Não temos essa capacidade—não ficamos navegando na internet fazendo esse tipo de coisa. Outra coisa muito difícil de calcular é o efeito de deslocamento dos downloads ilegais. Ah, imagino.
Basicamente aceitamos logo de início que todos sabiam que baixar música ilegalmente estava causando um impacto negativo enorme na indústria, na capacidade dos músicos de vender seus produtos e, assim, ganhar dinheiro com suas gravações, em vez de ganhar com shows etc. Deixamos que terceiros falassem sobre o tamanho do dano, não nos importando se estavam debatendo sobre US$ 5 bilhões ou US$ 20 bilhões. Seja como for, seria um número enorme e teríamos de lidar com ele. Nós realmente não nos ativemos à tentativa de quantificar o impacto. Você acha que os processos judiciais podem ter atraído mais atenção para o software de compartilhamento de arquivos e ampliado sua base de usuários? É uma ideia maluca?
Não, não é maluca, e pensamos nisso o tempo todo. Quando surge algo novo nesse sentido, levamos em consideração se vamos atrair mais atenção para isso do que o mercado faria. Com o Napster não chegou nem perto—a velocidade com que ele cresceu e a natureza viral de sua influência—, não tivemos que processá-lo para torná-lo famoso. Eles estavam fazendo isso por conta própria, então nem chegou a ser uma questão. Foi o primeiro caso desse tipo, mas as coisas evoluíram. A natureza descentralizada de algo como o BitTorrent preocupa vocês?
Bem, é diferente, mas não menos suscetível ao rastreamento de pessoas. Os estúdios de filmagem, principalmente, estão lidando com BitTorrent. Assim como nós, eles são capazes de identificar infrações online com relativa facilidade de maneira muito pública e fazer com que notificações sejam enviadas.

Alguns podem dizer que a diferença é que um site como OiNK [um site conhecido de BitTorrent desativado em 2007 pelo equivalente da RIAA no Reino Unido] era uma fonte de músicas muito melhor que o iTunes ou serviços similares. Muitos sites de BitTorrent de troca de músicas ditos ilegais contêm coisas que nunca estarão disponíveis para venda para os ouvintes comuns. Eles atendem basicamente colecionadores que antigamente levavam anos caçando discos obscuros. Claro, tem um monte de gente baixando o álbum do momento também, mas o desenvolvimento do software de MP3 e P2P aumentou infinitamente o número de pessoas que ouvem música e a quantidade de tempo que passam ouvindo música. Você acha que algum dia vai haver um programa “legal” em que o usuário possa baixar todas as faixas pirata da banda de sua escolha? Conheço muita gente que pagaria por isso.
Não sei o quanto você sabe sobre a indústria, mas é muito complicado. Há muitos detentores diferentes de direitos. Existem compositores e editoras que detêm tipos de direitos completamente diferentes da gravadora e seus artistas, e todos teriam de concordar em um novo modelo de negócios. Levou algum tempo para chegar ao ponto em que estamos hoje, em que 8 milhões de faixas estão disponíveis individualmente para download em altíssima qualidade, em uma variedade de bitrates e assim por diante. As pessoas realmente podem conseguir quase tudo o que querem legalmente. Vai haver exceções como discos piratas e coisas do gênero? Sim, mas o meu trabalho é me preocupar com o cenário mais amplo—se a indústria está tomando um rumo para satisfazer a demanda do consumidor por música. Não há dúvida de que a demanda por música está maior do que nunca. Esses dias vi alguns dados, e nos EUA algo como 43% da nossa receita é digital. Quarenta e três por cento! Alguns anos atrás a RIAA mudou de tática. Em vez de processos de alta visibilidade de pessoas que pirateavam música, vocês decidiram colocar o ônus nos provedores de acesso à internet. Essa transição foi bem-sucedida?
Tinha chegado o momento de partir para uma estratégia mais eficiente. As ações legais foram obviamente controversas na mídia, mas a realidade era que a maioria das pessoas não fazia ideia de que o que estavam fazendo era ilegal na época daquelas ações. Fizemos todo tipo de pesquisa. Tentamos empresas de RP. Fizemos de tudo para ver como começar a mudar a cultura de utilização de P2P ilegal. Percebemos que 1) nenhuma das mensagens repercutia e 2) a maioria das pessoas não tinha ideia de que o que estavam fazendo era ilegal, quanto mais errado. Isso mudou completamente de uma hora para a outra quando começamos as ações. Houve um impacto enorme, e estávamos constantemente gerando conversas de mesa de bar sobre o que você pode ou não pode fazer com seu computador. Achamos que seria muito bom se houvesse esse tipo de conversa sobre todas as outras coisas impróprias que podem ser feitas com um computador. Então acreditamos que teve um tremendo impacto ao gravar na mente do público muito claramente que talvez obter todas aquelas coisas de graça no fim das contas não seja legal. Mas o grande público rapidamente se voltou contra as gravadoras e os próprios artista, certo? Houve gente como Lars Ulrich agindo como se não pudesse mais pagar por seus Zildjians.
Depois de um tempo, as pessoas começaram a achar que os indivíduos sendo processados eram X, e a música gratuita era Y. Precisávamos partir para uma estratégia que tivesse uma extensão maior e informasse as pessoas de que haveria consequências apenas se elas insistissem em seu comportamento ilegal. E para isso precisávamos listar os provedores de acesso à internet que antigamente agiam como “Olha, somos apenas canais. Não temos nada a ver com isso. Isso é problema seu”. Então o P2P começou a ocupar uma porcentagem gigante da sua extensão de banda, interferindo na capacidade de seus próprios clientes de obter um serviço de internet confiável. Alguém que fizesse downloads grandes podia interferir no e-mail de todas as donas de casa do mesmo bairro. Participamos de conversas com os provedores de internet por um tempo, tentando desenvolver um programa com que todos estivessem confortáveis—um que fosse bastante justo, equilibrado e claramente educativo. Os provedores estão mandando notificações para seus assinantes dizendo a eles que o que estão fazendo é ilegal, que não são anônimos e correm um risco quando fazem isso. Isso teve muito sucesso em termos da expansão do alcance do programa, e esperamos que continue a produzir uma mudança de cultura nas atitudes de compartilhamento ilegal de arquivos. Seria justo dizer que as ações dos últimos dez anos da RIAA resultaram em um pesadelo de relações públicas de proporções verdadeiramente imensas?
Quando entramos nessa história, sabíamos que não seria popular. Queríamos que fosse dramático. Não queríamos que parecesse vingativo. Queríamos parecer razoáveis. E também queríamos ser fortes e determinados em proteger os direitos de propriedade dos criadores. Por mais impopular que fosse, estávamos preparados para dar conta. Ouvi dizer que pessoas que trabalham para a RIAA receberam ameaças de morte. Isso é verdade?
Ficamos chocados com a crença das pessoas de que tinham o direito de obter música de graça. As pessoas realmente ficaram loucas em termos de “Você quer interferir na minha capacidade de conseguir o que eu quiser na internet? Se está na internet, é gratuito. Você não tem o direito de interferir”. E, sim, houve ameaças de morte. Houve ataques cibernéticos e coisas do gênero, mas a verdade é que tudo aquilo ficou no passado remoto. Agora a internet se tornou um pouco mais civilizada. Acho que as pessoas gradualmente se tornaram mais conscientes de que talvez nada seja de graça. Elas realmente querem que o artista seja pago, estão só esperando que alguém o pague. Não era só a música que estava sendo afetada—os jornais estavam começando a fechar, estúdios de cinema estavam sofrendo com as vendas de DVDs, livros sendo pirateados. De repente, não era só uma indústria que não sabia como se ajustar. Foi uma maré de mudanças em termos de distribuição para as indústrias criativas, e todo mundo queria sobreviver a ela. OK, só tenho mais algumas perguntas mais pessoais. Li que você é músico. É verdade?
Sim, amador. Toco piano. Você sonhava em se tornar músico profissional quando era mais jovem?
Sim, mas percebi rapidamente que seria músico debar mitzvah—esse seria o nível mais alto a que eu poderia aspirar. Achei que era melhor ser advogado. Aposto que seu pais ficaram felizes com isso. Quais são alguns dos seus músicos e bandas preferidos?
Tenho um gosto bem variado porque tenho um iPod grande. Gosto de Howie Day, Jack Johnson, Melissa Manchester, U2. Ouvi Billy Joel um dia desses e me lembrei de quanto gosto dele, e Elton John. Também estava ouvindo Owl City. Você não vai conseguir me encaixar em nenhuma categoria. Uma última pergunta. Você recebe ou recebia música de graça como funcionário da RIAA?
Eu ganhava muitos CDs de graça, mas não ganho mais. Agora pago por todas as minhas músicas. Pago mesmo.