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Conheça os Organizadores por Trás do que Pode Ser a Primeira Suruba de Deficientes Físicos do Mundo

“Quando você está lidando com pessoas que exigem muito cuidado de enfermeiros, a nudez só entra em jogo quando você está sendo cuidado.”

Foto por Morrison-Gurza da HZD Photography, cortesia de Andrew Morrison-Gurza.

Uma festa de sexo vai acontecer em Toronto no dia 14 de agosto. Possivelmente uma orgia, como disse o Toronto Star, apesar de os organizadores não quererem a pressão que vem com essa palavra. É só uma festa na qual os convidados vão poder ficar pelados, observar outras pessoas peladas, talvez ver essas pessoas se pegando e responder da maneira que preferirem. As pessoas podem começar com uma atitude reservada, mas depois se excitar enquanto assistem, e alguém vai levantá-las de suas cadeiras de rodas e colocá-las num suporte especial para que elas possam participar.

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A festa, chamada Deliciously Disabled, é uma farra totalmente acessível, um lugar em que pessoas com deficiência vão estar no centro das atenções. É impossível dizer se essa é ou não a primeira festa do gênero da história, mas é a primeira a ter uma filipeta, custar US$ 20 para entrar e contar com um bar completo. O evento também vai coincidir com o final dos Jogos Parapan-Americanos, o que deve trazer muitos participantes até a cidade.

O Oasis Aqualounge, um clube de sexo de Toronto, está patrocinando o evento, mas a sede deles, uma mansão do século 19 cheia de escadas, é problemática. Sem se abaterem, os organizadores Fatima Mechtab, Andrew Morrison-Gurza e Stella Palikarova encontraram um espaço próximo chamado Buddies in Bad Times Theatre que também podia ser usado para festas de sexo e tinha rampas de acesso.

Falei com Mechtab e Morrison-Gurza, que se apresenta como o "mais delicioso queer deficiente físico que você já conheceu", sobre os planos para a festa e para a comunidade de deficientes físicos de Toronto.

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VICE: Qual a história por trás do evento?
Fatima: Stella e eu somos amigas e estávamos falando sobre como seria legal ter um evento como os do Oasis, mas [que fosse] acessível para quem usa cadeira de rodas.

Andrew: Fui contatado pela Stella e a Fatima em fevereiro de 2015. Elas me disseram que estavam interessadas em realizar uma festa de sexo que colocasse as pessoas com deficiência no centro, e elas queriam minha experiência porque trabalho como consultor. Precisávamos de algo divertido e fácil. Tenho construído uma marca: Deliciously Disable. Então achei que seria legal adotarmos isso como nome do evento. Acredito que vai ser uma festa muito divertida.

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Vocês disseram que preferem não usar o termo "orgia"?
Andrew: Todo mundo está vendendo isso como uma grande orgia. Não é exatamente isso. É uma festa em que vamos colocar os deficientes físicos e a sexualidade em primeiro lugar. Estamos dizendo que precisamos celebrar as deficiências e a sexualidade juntas.

Mas as pessoas vão poder transar e beber, certo?
Fatima: No Oasis, temos uma licença de sauna; e, no Canadá, isso nos permite ter um evento que vende álcool, permite nudez e permite sexo.

Suponho que o Canadá seja mais permissivo?
Fatima: Pelo que sei, nos EUA, se você vende álcool, você não pode ficar nu. Acho que a lei deve mudar um pouco [de jurisdição para jurisdição].

"Quando você está lidando com pessoas que exigem muito cuidado de enfermeiros, a nudez só entra em jogo quando você está sendo cuidado."

Vocês já tiveram a experiência de transar na frente de outras pessoas?
Andrew: Essa será minha primeira incursão em sexo e nudez públicos. Fiquei nu nas sessões de foto. Já fiz esse tipo de coisa, então estou confortável comigo mesmo. Em grande escala? Essa será minha primeira experiência nisso.

Você diria que tem um nível maior que o normal de confiança no seu corpo?
Andrew: Gosto que meu corpo seja curvado, sabe? Gosto que ele seja diferente, que tenha cicatrizes. Gosto de todas essas facetas – e, se eu não tivesse uma deficiência, isso não seria parte da minha experiência.

Você já decidiu qual será seu nível de envolvimento na festa?
Andrew: Estou mais interessado em ver como as coisas vão se desenrolar. Quer dizer, acho que sempre vai haver uma tensão quando te pedem para ficar pelado numa sala com um monte de gente. Mas estou empolgado para ver o que isso pode trazer para a comunidade.

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O que mais a festa vai oferecer, além de bebidas e sexo?
Fatima: Estamos contatando mais artistas agora. Queremos ter coisas sensuais e provocantes como [algo] burlesco, [trazer] mais alguns dançarinos e possivelmente um show de sexo explícito que aconteça no palco com os participantes. Tudo isso está sendo resolvido agora. Temos um DJ, e pensei em ter uma cabine de fotos também.

E quais são os equipamentos especiais necessários para tornar isso acessível?
Fatima: Esperamos conseguir camas especiais que acomodem um elevador hidráulico. Em camas normais, esse tipo de aparelho não funciona. As pessoas em cadeiras de roda, ou que precisam ser movidas, exigem um elevador hidráulico, por isso precisamos de camas e colchões especiais.

Andrew: Para que eu possa fazer sexo, preciso de um arnês. Então vou precisar de um indivíduo que me guie nisso. Também vou precisar que me ajudem a tirar a roupa, o que pode ser muito sexy e divertido, porque você pode fazer disso um jogo ou um pequeno show.

O que vocês esperam que as pessoas tirem dessa experiência?
Andrew: Espero que a festa tire o medo que algumas pessoas têm desses aparelhos de que certos indivíduos precisam para ter acesso a isso e que isso realmente seja uma festa de sexo. Estou muito orgulhoso disso, porque a festa vai colocar a deficiência física, o corpo deficiente e a sexualidade dos deficientes em foco, algo que nunca vimos antes nesse sentido. Quando você está lidando com pessoas que precisam de muito cuidado de enfermeiros, por exemplo, nudez só entra em jogo quando você está sendo cuidado.

E se alguém quiser fazer sexo privadamente na festa?
Fatima: O local da festa em si é inclusivo para muitos tipos de pessoas, mas uma coisa que ele não oferece é privacidade. Isso não é o que estamos tentando fazer. Se você quer fazer sexo nesse tipo de espaço, você pode ir a um hotel ou mesmo ficar em casa. Não é esse tipo de festa que estamos tentando fazer. Queremos que isso seja uma coisa aberta e queremos que haja uma real expressão sexual ali.

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Tradução: Marina Schnoor