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ceca

Vestir em ano de cultura: há dress code?

É importante andar bem vestido em Guimarães.

A Capital Europeia da Cultura é uma situação que afecta o dress code de muita gente. Isto porque, a partir do momento em que sabes que vais a uma cena cultural, nem que seja malhar três martinis com cerveja e dois croquetes no centro histórico, ficas logo a pensar o que deves vestir para não ficar mal. Se fores gaja, ainda é muito pior — porque é complicado perceber o que é vestir bem num ambiente cultural. Assim, nunca sabes na tua condição de mulher, se deves levar aquele vestido de noite que usaste no último casamento da tua prima ou se deves usar aquele vestido curto coleante, tipo vacazola, que vês as gajas a usar nos videoclips do 50cent. Uma solução popular, não fosse o preço da comida, seria levar três quilos de couratos de porco e sete quilos de alcatra de novilho como a Lady Gaga — ela sabe de cultura, por isso não pode estar errada. Se nos limitarmos a pensar que vais sair nas praças de Santiago — basta saberes para que bar vais; pois o dress code que funciona no Túnel é totalmente diferente do dress code do El-Rock, apesar do metro e meio que separa aqueles dois bares. Um é shots e o outro azeite e toda a gente sabe que essas coisas não se misturam. De qualquer modo, desde sempre na história da moda vimaranense há três tipos de vestir feminino; as gajas que se vestem mal e tiram o tesão, depois as gajas que se vestem bem e vá lá, são atraentes e, por fim, as gajas que se vestem como se a vida sexual delas dependesse dessa noite, mas põem uma expressão na cara a dizer que são gajas muito difíceis, muito especiais e não para qualquer um. Este texto é uma ode a essas miúdas, que, desde que sabem que Guimarães é uma cena cultural, arriscam-se a calcorrear a calçada de granito em cima de saltos altos de 15 centímetros, vestidas em mini-saias de dois dedos, com soutiens push-up de cinco copas. De qualquer modo, a coisa é certa. Admiro estas raparigas porque ninguém editou nenhum manual de vestir para Guimarães 2012. E se a Paula Bobone não foi convidada para isso, não vejo ninguém capaz de o fazer. Assim, está tudo dito. Não há dress code para a cultura. E, se fores a um qualquer evento cultural, vais encontrar várias destas criaturas assim vestidas, coleantes, sexys, sexuais. Esta situação deixa-me nervoso, pois fica sempre aquela ansiedade — não sabes se hás-de perguntar "gostaste do filme/peça/concerto?" ou um singelo "não queres passar lá por casa e ver os meus discos?" Se não gostares, vestes-te e vais-te embora.