A NASA Quer Prender uma Nave a Cometas para “Pegar uma Caroninha” Rumo ao Espaço

A NASA lançou ao ar algumas ideias extravagantes ano passado – subm​arinos em Titã, drones em ​Marte – e agora mais uma: uma nave movida a cometas.

Por enquanto não é nada mais que um conceito, mas Masahiro Ono, engenheiro no Laboratório de Propulsão à Jato, crê que um dia naves espaciais poderão se afixar em cometas de passagem, usando sua energia para se lançarem rumo ao espaço profundo em velocidades quase duas vezes mais rápidas do que as disponíveis hoje.

Não é um conceito muito complicado, como sugere Ono.

"O conceito do caroneiro de cometas é literalmente pegar carona em cometas para dar uma volta pelo Sistema Solar", esc​reveu em uma proposta para o Programa de Conceitos Avançados Inovadores da agência espacial norte-americana, que estimula cientistas a colocarem em pauta ideias aparentemente malucas sobre o futuro das viagens espaciais.

"A ideia pode ser compreendida intuitivamente por meio de uma analogia com a pescaria. Imagine um pescador em um barco pequeno que tenta pegar um peixe grande que nada em uma velocidade relativa alta", adicionou. "Assim que o peixe for fisgado, o pescador teria que deixar a linha ceder um pouco enquanto aplica uma tensão moderada à mesma, ao invés de segurá-la firmemente. Se a linha for comprida o bastante, o barco eventualmente poderia alcançar o peixe com uma aceleração moderada".

E a coisa funcionaria mais ou menos assim mesmo. A nave "fisgaria" o cometa com um anzol de nanotubo de carbono, usando-o para se locomover sem nenhum gasto de combustível. Para que isto dê certo, os cientistas da NASA teriam que prever a trajetória do cometa e então encontrar um meio adequado para o empreendimento.

Ono sugere que poderíamos ir até Plutão em cerca de cinco anos e meio e que seriam necessários nove anos pa​ra chegar a Haumea, um planeta anão em forma de elipse quase duas vezes mais distante do Sol que Plutão. Essa seria uma velocidade p​róxima do dobro do que a New Horizons, uma sonda lançada pela NASA, está utilizando para chegar ao antigo planeta.

Isto, é claro, não passa de um conceito. Não há um financiamento específico e não houve sequer a sugestão de que a NASA levaria o projeto adiante. Mas aqui você pode ver uma ilustração extremamente detalhada do que a coisa pode ser. Isso porque, em parceria com o Museum of Science Fiction, Ono colaborou com o designer alemão Corneliums Dammrich para criar uma visão da coisa. A arte conc​eitual foi divulgada nesta segunda-feira.

Talvez este seja o primeiro passo para a construção de uma nave como esta.

"É uma grande oportunidade ajudar a agência espacial. Agora ela pode pegar esta arte e consultar os legisladores em busca de financiamento. É um programa-piloto para ver como o museu pode ajudar a NASA", declarou o diretor do museu, Greg Viggiano. "Se você tem um programa técnico e sofisticado e o apoia com uma arte conceitual convincente, fica mais fácil de vender a história".

Viggiano afirmou que Ono esteve envolvido com tudo, que Dammrich desenhou a nave especificamente de acordo com sua visão.

Pegar carona em um cometa difere de outros métodos de propulsão no espaço de várias maneiras significativas. Além de não gastar combustível, ele sugere que a técnica poderia ser usada para entrar na órbita de grandes corpos no sistema solar, e que talvez seja possível aterrissar nestes locais com a ajuda do anzol. Este mesmo anzol também poderia ser usado para "frear", o que pode possibilitar a obtenção de energia do cometa por parte da nave, permitindo a alimentação de seus instrumentos a bordo.

O comenta não necessariamente teria que ser enorme, então provavelmente não teríamos que esperar por anos até que um cometa adequado passasse, indica.

Por último, o sistema poderia criar propulsão que é "impraticável ou extremamente dispendiosa com as tecnologias disponíveis no momento", escreveu. "Acreditamos piamente que o conceito de caroneiro de cometas levará além a fronteira da exploração espacial rumo aos mais exóticos mundos do Sistema Solar".

E se tudo isso acontecer, a nave talvez pareça com isto.

Tradução: Thiago "Índio" Silva