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Música

Um Passeio Pelo Limbo do “Darkwaters” com o CESRV

O disco do chefão da Beatwise Recordings foi lançado no final de outubro, mas a boa é que agora tá tudo liberado pra download. Dá um saque.

Até onde a história nos permite saber, o mar tem sido uma fonte de inspiração para artistas e comunidades em praticamente todas as esquinas do mundo. Ter ou não acesso ao grande infinito azul é um dos símbolos mais recorrentes quando se quer falar sobre liberdade, viagens de autoconhecimento e a eterna busca por oportunidades únicas. Mas para o chefão da Beatwise Recordings, o CESRV, seu último álbum Darkwaters, nas suas palavras, "não é sobre o mar ou a praia, e sim sobre o limbo - o nada, o espaço vazio."

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As dez faixas do álbum passeiam por planos e ambientes diferentes, com os elementos de jazz e hip hop marcantes que o produtor explorou em "One Thousand Sleepless Nights" dando lugar a texturas e melodias mais saturadas e sombrias. No entanto, são os pequenos recortes vocais espalhados pelo projeto que protagonizam as questões sobre verdade, destino, realidade e percepções que parecem tomar conta do Cesinha.

Eu troquei uma ideia rápida com ele por e-mail na ocasião do lançamento do álbum, no final de outubro, quando ele estava passando umas curtas férias no Rio de Janeiro. Portanto, muitas pessoas já devem ter ouvido o Darkwaters um milhão de vezes e podem se perguntar por que esse texto só sai agora. Explico: resolvemos recuperá-lo pois amanhã (19) será um dia mais que especial, isso porque a Beatwise vai liberar mais uma penca de downloads gratuitos no seu Bandcamp, e você está mais que convidado a entrar nessa jornada.

THUMP: Você soltou o álbum bem na época que estava no Rio de Janeiro, e o álbum tem muitas referências à praia, como nas faixas "Shore", "Wave" e "Sungaze". Como que foi a criação desse álbum? Porque chama-lo de "dark" waters?
CESRV: Desde moleque eu tenho uma ligação sinistra com aquela imensidão azul que as pessoas chamam de mar, creio que pela calma e solidão que ele oferece. Aquele limbo infinito já me fez pensar por horas e horas e ver coisas que eu nunca imaginei, aprendi muito com essas experiências. Darkwaters não é sobre o mar ou a praia e sim sobre o limbo - o nada, o espaço vazio. Uma história fictícia de um cara velejando sozinho em algum lugar bem psicodélico, bem longe do corpo humano.

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Conta mais de alguns samples ou referências que você usou nas faixas. Tem muitos samples que parecem diálogos ou trechos de filme, como em "Visions" e o trecho que fala 'You can never know the truth'.
Comecei o processo de composição desse disco no começo de 2013, numa fase em que eu já estava de saco cheio de música sem conteúdo. Então comecei a experimentar outras coisas, usar samples mais lentos, bpm's mais lentos, mais texturas e menos sintetizadores. Em todas as músicas que eu começava, fazia questão de mergulhar em um ambiente muito diferente de referências urbanas. Tem mais a ver com fumar DMT do que com rap. Os diálogos picotados durante o disco têm a intenção de questionar a existência em algum plano, seja ele qual for. O cara, viajando sozinho, num lugar bem psicodélico, aprendendo coisas no seu percurso, esse é o ambiente.

Já estava nos planos dar uma escapada de São Paulo depois de finalizar o álbum? E o que você fez lá pelo Rio de Janeiro?
Escapar de São Paulo está nos meus planos desde que eu nasci, mas entre o que você quer e o que você tem, existe uma grande diferença, né? Rs. Meus dias no Rio de Janeiro foram de pura diversão ao lado dos meus manos Carrot Green, MJP e Abud. A gente estava precisando de um descanso, né? Rs.

Você deu rolê com o Slugabed por lá? Como que foi?
Cara, o Sluga é foda demais. Muito sangue bom! Tomamos um monte de cerveja. Ele é jovem né, a ressaca não bateu tanto nele quanto na gente. (risos)

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E o que você acha do som dele? O que você acha desse som que ele cria com o Activia Benz, que parece bastante com a galera da PC Music?
Activia Benz, How 2 Make, Saturate Records, Error-broadcast, esses selos mudaram muito meu jeito de pensar! O som do Sluga é muito foda, além de tudo pelo fato de ele não estar preso a um estilo, e sim a vários. Mas ao mesmo tempo ele me disse que é mais difícil trabalhar um selo que não segue uma linha só, pois as pessoas nunca sabem o que esperar. Creio que a Beatwise seja um pouco assim também.

Você sente alguma diferença nas músicas/festas realizadas no Rio e em São Paulo? Eu sinto que apesar de estarem sempre em contato, sempre rola um atrito, o que talvez seja o que deixa o meio campo tão saudável e sempre se reinventando.
Cara, como eu não conheço ninguém no Rio, me divirto mais lá nas festas do que aqui. Além de que acho que as pessoas no Rio são mais soltas e deixam o dancefloor mais bonito, seja o que for que estiver tocando. A festa que o Carrot Green fez com o Trus'me no Rio de Janeiro foi uma das pistas mais da hora que eu vi em muito tempo. Ou talvez eu só esteja acostumado demais com São Paulo. (risos)

Como rolou a oportunidade e como foi colaborar com o Mauricio Fleury em algumas das faixas?
Conheci o Maurício quando participei do Bass Camp da Red Bull no ano passado. E como eu e ele somos do Bixiga, foi natural nosso contato se estreitar até que eu convidei ele pra fazer umas participações no disco. Sou muito fã do trampo dele como compositor e músico, além dele ter uma visão completamente diferente de alguém inserido nessa tal de "cena". Achei as idéias dele no disco bem daora porque não seguimos referência alguma, se não nossos ouvidos e nossos critérios.

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Vai ter lançamento físico também, ou só digital?
Sempre tem né, nem que seja em K7… hehe

Praia ou cidade? Açaí ou sorvete?
Um pouco de cada. Açaí é mais saudável kkk

E quais os planos futuros da galera da Beatwise? Já tem outro lançamento no forno?
Ano que vem vamos chegar com uma coletânea em parceria com a LRG Brasil. Aí agente fala mais sobre isso quando eu puder dar mais detalhes ;)

JAH BLESS!

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