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Conservadores VS malta das artes: podemos todos ser amigos

Ser feliz é o mais importante!

O João Pereira Coutinho, colunista do

(um diário que, como sabemos, é a grande referência do pensamento nacional) está todo chateado com esses malucos do cinema porque acha, e resumindo a polémica, que o Estado não deve financiar filmes que o pessoal só consiga ver meio ganzado, argumentação essa que iniciou um aceso debate nas redes sociais e, mais importante ainda, até fez com que dois grandes amigos meus se chateassem por causa disso. Vai daí, compilei esta lista de ideias que podemos colocar em prática para mudar as coisas e agradar a todas as partes. Ser feliz é o mais importante! Banir o graffiti
Vocês odeiam o pessoal do graffiti. Ambos sabem que não é arte. Uma coisa é o Bansky que faz aquelas coisas que vocês acham muito originais, outra coisa bem diferente é o miúdo de 17 anos que vos lixou a parede do prédio com as únicas três letras que sabe desenhar com estilo. Quem sabe se não foram os comboios da CP todos riscados que acabaram com o ministério da Cultura? Se acham que o graffiti é arte, não se esqueçam: os museus também têm paredes. Introdução de tourada nas escolas de artes
Um amigo meu acha que a tourada é arte. Vamos fingir que ele tem razão e obrigar a que isso seja mesmo verdade, não só em Santarém como em todo o resto do país. Como as artes devem ser todas amigas e estar em permanente diálogo, é só obrigar os toureiros a financiar o cinema, a pintura, a tatuagem e as restantes artes todas. Assim, tu podes ir ao Campo Pequeno comer betas e eu posso ir ao IndieLisboa armar-me em culto. Esta tourada é mesmo arte. Criar uma lei que obrigue os realizadores portugueses a fazer pelo menos um filme à Hollywood
Isso ou usar a Soraia Chaves em todos os filmes. Metam mais gajas famosas nuas, esses filmes é que têm público. Basta ver o filme porno da Pamela (as minhas referências em matéria de sex tapes não são as mais actuais, confesso): teve mais visualizações do que aquele filme português. Aquele. Qual deles? TODOS! Não é como essas coisas estranhas que vocês andam a fazer, se é para fazer coisas estranhas façam como o Inception que tem que se ler na internet para perceber o filme. Façam o mesmo e adoptem as novas tecnologias. Metam o Hélio Imaginário no vosso filme, até pode ser a fazer de pai porque ele tem bigode e sai mais barato na sala de maquilhagem. Façam um filme só com aqueles códigos quadrados, os QR codes, assim aproveitam que o pessoal em Portugal não consegue pousar o smartphone numa sala de cinema. Seria um novo paradigma. Chamem-lhe interactivo! Cobrem mais pelo bilhete! Façam óculos 3D com a bandeira de Portugal! Façam um filme dos Morangos com Açúcar! O Hélio até já está nesta obra da Pintura. Vocês do Cinema acham-se mais do que a malta das outras artes, é? Pessoal da economia a dar aulas de economia ao pessoal das artes (e vice-versa)
Já que eles não sabem pedir financiamento e/ou criar um modelo de negócio, então vocês deviam ser obrigados a ensinar à malta das artes algumas noções básicas de como gerir um negócio. Não querem? Pensem nas contrapartidas: o pessoal maluco das artes podia ensinar-vos a fazer body painting, cortar o cabelo em casa, plantar soja, distinguir entre um Kiarostami e um Barmak, revelar fotografia analógica, criar um Tumblr ou ser fixe.