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Os Dez Videogames Mais Babacas dos Últimos Tempos

Títulos que evitam qualquer tipo de desafio e oferecem recompensas e atalhos para os manés pálidos e asmáticos que ousarem cambalear através de suas campanhas.

Em nosso último encontro, explorei a decisão recente dos videogames de remover os dentes antes de te mastigar até seus olhos revirarem e você cair num sono profundo, sonhando com bebês tigres feitos de gelatina e castelos de tofu perfumado. Os videogames, como eu argumentei, se tornaram muito complacentes. Hoje, seguindo esse raciocínio, farei uma lista dos piores criminosos: títulos que evitam qualquer tipo de desafio e oferecem recompensas e atalhos para os manés pálidos e asmáticos que ousarem cambalear através de suas campanhas. Também pensei em complicar as coisas colocando jogos que apenas parecem babacas. E também listei alguns que nem joguei, mas ouvi falar que são idiotas.

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É uma lista bem definitiva.

10 – The Hobbit
(Vivendi Universal; PC, Gamecube, PS2, Xbox)

The Hobbit te leva numa aventura épica cheia de dragões, pilhagens e quebra-cabeças imbecis sobre engrenagens, e depois deixa uma trilha de joias azuis pra seguir, garantindo que você nunca, nunca tenha que pensar por si mesmo.

Pode não ser o primeiro jogo a fazer isso — Fabel 2 é muito bom nesse quesito — mas certamente foi o primeiro a combinar isso a um estilo gráfico tão banguelo.

The Hobbit não neutraliza simplesmente a grande narrativa de Tolkien: ele a transforma em oito a dez horas gastas na companhia do tipo de personagem que, de outra maneira, você só iria encontrar na enfermaria da escola. Pelo menos com os jogos da Vivendi você sempre sabe onde é a saída mais próxima.

9 - Resistance: Fall of Man
(Sony; PS3)

Games adoram armas, mas há uma preocupação crescente com tiroteios, que acabam matando todos os jogadores e os colocando na prateleira de jogos de segunda mão dos sebos. Halo contornou isso permitindo que você ignore os ferimentos de laser. Kill, Switcht deixa atirar em segurança atrás de uma proteção. Resistance vai além e te dá um rifle que atira através da parede.

Grande ideia, mas onde isso vai parar? Em Halo 4, você aparentemente vai poder enviar as balas para seus inimigos em segurança de uma agência do correio em órbita. E ainda dá pra roubar umas canetas Bic enquanto estiver lá.

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8 - Eat Lead: The Return of Matt Hazard
(D3 Publisher; PS3, Xbox)

Matt Hazard pode ter satirizado os games de merda, mas fazendo isso ele se esqueceu completamente de não ser um jogo de merda. O jogo está cheio das piores Conquistas do mundo. Você realiza uma Conquista por pausar o jogo — e depois provavelmente vai querer cimentar o console na parede como numa história do Edgar Allan Poe, assim nunca mais precisa encontrá-lo de novo — outra Conquista é por assistir a cena de abertura inteira. E essa última é a mais difícil de todas.

7 - Ecco the Dolphin
(SEGA; Megadrive)

Ecco na verdade é bem desafiador. Ele entra na lista porque era o único videogame daquele moleque da minha escola que os pais levavam pra aula num Saab. É entranho, levemente espiritual e de muito mau gosto, em outras palavras: o equivalente lúdico de tentar comer um apanhador de sonhos. Pior ainda, o jogo é nitidamente educativo. Não basta ajudar o Ecco a coletar suas alcaparras malucas de golfinho. Aprenda também um pouco sobre sua difícil situação ecológica. Claro, pergunte ao cavalo-marinho qual pedaço de solo oceânico você precisa atingir com seu sonar para passar pra próxima fase azul marinho sem graça, mas não se surpreenda quando uma cara da Shell chegar e derramar um barril de petróleo bruto na sua garganta.

Aliás, quando os golfinhos não estão fazendo truques bregas no Sea World ou levando mísseis submarinos americanos em segurança através de águas cheias de minas flutuantes, eles estão estuprando seus colegas marinhos só por diversão. Ecco estranhamente não menciona esse tipo de comportamento. Mas isso deixa um gancho para a sequência.

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6 - Kirby's Epic Yarn
(Nintendo; Wii)

Um dos primeiros jogos pra Wii, o console que os pais exaustos dão pros filhos quando acaba a Ritalina. Como atenuante, Epic Yarn é divertidamente brilhante, mas parece uma coisa que você comprou por acidente na Etsy. Kirby é um pedaço de lã, as paisagens pela qual ele se move são costuradas com feltro, algodão e pequenos botões brilhantes. O que acontece se ele derruba um copo de leite? A coisa fica feia.

Michael Cimino queria usar a mesma abordagem visual em The Deer Hunter, mas John Cazale conseguiu convencê-lo que era melhor não.

5 - Malice
(Evolved Games; PS2, Xbox)

Nas distantes montanhas de marzipã da Fofolândia, os perturbados desenvolvedores ingleses da Argonaut forjaram um game que ousou explorar as grandes questões. Por exemplo: "O que aconteceria se alguém desse um martelo gigante pra Gwen Stefani?" Ela sairia por aí martelando tudo num jogo de ação muito besta.

A Argonaut passava por um processo de falência quando desenvolveu Malice, e também tiveram a brilhante ideia de lançar o jogo pra plataforma quando todo mundo tinha decidido que as plataformas estavam mortas. Eles estavam errados: a plataforma não morreu, no geral. Só essa que sim.

4 - Prince of Persia
(Ubisoft; PS3, Xbox, PC, Mac)

Inclusão: forçar o McDonalds a colocar rampas para cadeirantes, mas também nos dar a versão de 2008 de Prince of Persia, um jogo onde você não morre mais quando cai das plataformas. Mas você ainda pode morrer por dentro.

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3 - Boom Street
(Square-Enix; Wii)

Esse jogo da Square-Enix é igualzinho ao Banco Imobiliário, exceto que dá pra selecionar o modo "almoçando" e ele se joga sozinho por você. Aperte outro botão e os desenvolvedores vão aparecer num lindo girocóptero e sugerir coisas hilárias para você tuitar da próxima vez que estiver passando Young Apprentice. "A porta da diretoria do Lord Sugar faz parecer que ele acabou de sair do banho!" "Nick realmente gosta de tratores!"

2 - Rogue Warrior
(Bethesda; PC, 360, PS3)

Se você é vietnamita, já deve estar familiarizado com o nome Dick Marcinko, porque, lá por volta de 1967, ele apareceu e matou você e toda sua família. As muitas biografias de Marcinko estão tão cheias de atos de heroísmo de tirar o fôlego casualmente violentos que te fazem suspeitar se ele realmente não passou aqueles anos morando numa Kombi num estacionamento de shopping, torcendo para ninguém vir e roubar suas calotas.

Alguns anos atrás, a Rebellion transformou as façanhas improváveis de Marcinko em um jogo chamado Rogue Warrior. Além de acabar com um rap do Mickey Rourke, Rogue Warrior é famoso principalmente pelo fato de durar só umas duas horas e ter cerca de dez armas. O que isso quer dizer em videogame? Vou por em termos literários pra você. Imagine que o último livro do Martin Amis tivesse só três páginas, e todas as frases terminassem com "bolas!".

1 - Chulip
(Natsume; PS2)

Chulip entra pra lista porque é um jogo sobre beijar. Felizmente, a resposta miserável da crítica fez o time de desenvolvedores aprender rapidinho a lição, assim o próximo jogo do estúdio vai ser sobre espancar lésbicas adolescentes até a morte com pedaços de pau. E é por isso que esta lista existe — os críticos sempre conseguem o que querem, no final.

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