Camisetas Pornô (Completamente NSFW)

Vocês não vão saber, mas em 2009, em uma das últimas exposições da Deitch Gallery em Nova York, os artistas Justin Lowe e Jonah Freeman se juntaram pra formar o Black Acid Co-Op. A obra essencialmente mostra o que aconteceria se um laboratório de metanfetamina explodisse em um ambiente urbano pós-apocalíptico. Além do laboratório, a instalação incluía jornais espalhados no chão, mapas astrológicos, coiotes dormindo e o que mais impressionou muita gente, uma lojinha chinesa vendendo camisetas pornô. Finalmente encontramos o Jason Faulkner, o artista que fez a pintura das camisetas. Falamos como as camisetas foram criadas, o charme do aerógrafo, Testemunhas de Jeová e seu trabalho mais recente.

VICE: Essas camisetas são originalmente do Balck Acid Co-Op, como isso aconteceu?
Jason Faulkner: Bom, a minha relação com os artistas em Black Acid Co-Op se formou quando respondi um post deles no Craiglist. Meu trabalho era dirigir o caminhão de mudanças pra levar e trazer materiais. Me envolvi no trabalho pesado de tudo, na construção em geral. Não tinha muita vontade de fazer nada para a exposição com a minha própria arte, queria apenas observar e dar um rolê e curtir.

E foi então que eles descobriram que você era artista?
No começo eles conversaram sobre a ideia de fazer camisetas pornôs, mas não tinha pensado nisso. No final eles começaram a perguntar: "você conhece alguém que faça pintura com aerógrafo?" Trabalho com isso há mais de 10 anos, então eu tentei. Eles me deram umas duas revistas pornôs toscas e me pediram pra escolher alguma delas pra fazer. Eles se apaixonaram por elas na hora, logo nos primeiros rascunhos.

Elas são demais porque nunca se vê pornografia hardcore feita com aerógrafo. Então essas imagens são de revistas?
Sim, e muitas delas vieram da internet. Passei muito tempo procurando alguma coisa além do comum, algo que fosse novidade.

A novidade realmente chama atenção nas camisetas. Você hesitou pra fazer alguma dessas camisetas? Especificamente, têm algumas de zoofilia, com uma mulher fazendo sexo com um cachorro e tem outra com uma fruta saindo do cu de uma mulher. Alguma dessas ilustrações você achou estranho ou foi indo automático?
Bom, comecei com revistas e fui achando coisas online. As mais pesadas vieram no final. Foi meio que um desenvolvimento, tinha uma dúzia de camisetas pornô e me perguntei, como poderia subir o nível? Foi divertido, principalmente as reações de pessoas que acharam as camisetas de hilárias, ou até nojentas.

Acho que aquela com o limão saindo do cu da mina virou um ícone pra mim. Já fiz muito trabalho de natureza sexual– eu comecei assim quando era mais novo, então não me senti nervoso. Mas fiz duas diferentes de zoofilia. Sabe, sexo com cachorro é muito errado. Tipo, se você nunca ouviu falar que essas são histórias reais, se você não conhece ninguém que faz isso, então [dá de ombros].

É, eu cresci perto de Tijuana e sempre ouvi histórias de pessoas fazendo shows com jumentos e me lembro como isso era estranho.
Tem uns caras que gostam de envolver cachorros em suas transas. É bizarro.

As camisetas nunca foram vendidas comercialmente.
Não sei bem o que aconteceu com as camisetas, os artistas ainda estão com elas. Acho que elas foram pra loja aNYthing, mas não durou muito.

Sei que a exposição já acabou faz tempo, o que você anda fazendo desde então? Você continua trabalhando com aerógrafo?
Eu uso aerógrafo o tempo todo. Aprendi muito com a reação das pessoas, vendo como as pessoas apreciam arte e imagens em geral de jeitos diferentes. Acabei fazendo uma série de capôs de carros. Era amigo de um dono de ferro velho e sempre parava por lá e ele me dava uns dois capôs da pilha de carros. Consegui uns capôs muito bacanas de uns Pontiacs, e depois disso foi tipo: "Qualquer coisa que você quiser, mas tem que estar amassado". Gostava do fato deles serem amassados, dava mais personalidade a cada peça.

Por que o aerógrafo? É a rapidez ou a sensação de que isso é super urbano?
É. Estava na Costa Rica uma vez e vi uma pintura de um gato e um cachorro de uma clínica veterinária, e eles eram alienígenas. Foi algo bem novo.

Você está trabalhando em uma obra para uma exposição em grupo chamada Project Nim, o filme sobre um psicólogo dos anos 70 que ensinou a linguagem de sinais a um macaco?
É, isso está em desenvolvimento. É uma exposição que acontecerá junto com olançamento do filme. Não sei todos os detalhes, mas será nas linhas das camisetas e das pinturas com aerógrafo. Eles estão interessados no lado negro do filme, então me chamaram, além de outros artistas bem macabros.

Também venho trabalhando na ideia de um pseudo-romance/ficção desde quando trabalhei com os caras do Black Acid Co-Op. Era sobre um prédio onde eu morava chamado "O Castelo dos Crackeiros". É sobre um artista que é tipo uma versão minha que foi a Nova York com um sonho. Ele estava trabalhando como um artista no centro das Testemunhas de Jeová, na publicação deles.

Tipo a Watchtower?
É, exatamente. Então esse personagem é expulso da comunidade dos Jeovás inesperadamente e de repente se encontra no mundo real. É uma série de desventuras e a sua sobrevivência.

Espera, você é Testemunha de Jeová?
Na verdade cresci sem nenhuma influência religiosa, nunca fui à igreja, mas com certeza tenho uma inclinação. Gosto de ver como as pessoas disciplinam suas vidas. Além disso, trabalhei um pouco com publicidade, que é uma das razões pelas quais esse lance de Testemunha de Jeová me atrai tanto.

É algo parecido. Tipo, como publicitário, você está vendendo um produto, tentando atrair novos compradores. Do mesmo jeito, as Testemunhas de Jeová estão tentando atrair novos convertidos. É isso que você quer dizer?
Apenas a natureza de trabalhar em alguma coisa que não existe, isso é besteira, sabe? Isso mexe comigo. Então é esse o projeto que tenho no forno. Também comecei a fazer a arte disso – me pintei em cenários paradisíacos super serenos, carregando um coala – é tão calmo e perfeito como se nada tivesse errado, é totalmente errado.

TEXTO POR GANSON O'HAVER VICE STYLE
TRADUÇÃO POR EQUIPE VICE BR