Um Sucinto Porém Jovial Glossário da Música Eletrônica: Letras D e E

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Um Sucinto Porém Jovial Glossário da Música Eletrônica: Letras D e E

Outra vez dexavamos gêneros, termos técnicos, referências culturais e piadinhas internas para te ajudar a entender o complexo e maravilhoso mundo da eletrônica.

O grande gênero da música eletrônica visto de fora pode parecer uma confusão sem tamanho. Olhando de dentro também é um pouco, pra falar a verdade. De qualquer forma, preparamos este pequeno glossário para você entender um pouco melhor esse estilo de som em suas inúmeras encarnações. Alternamos em ordem alfabética alguns termos técnicos com verbetes que tentam explicar sucintamente também os distintos gêneros, subgêneros e derivações, para viabilizar uma superficial organização mental do que foi produzido em toda a história da música eletrônica. A ideia não é dar um guia definitivo, mas sim elucidar alguns pontos específicos dentro dessa grande sonoridade cósmica e artificial. Seguimos agora com as letras D e E:

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DAW (Digital Audio Workstation): Um hardware ou software usado para criar, produzir e reproduzir música em formato digital. Alguns exemplos recentes de DAWs são o Logic Pro, Ableton Live, Cubase, Sonar, etc. Hoje em dia eles são utilizados tanto para criar o som quanto para apresentá-los ao vivo com seu MacBook esperto.

DECAY: A segunda parte do ADSR, que determina o tempo que o som irá levar do pico logo após o ataque até o sustain, que virá logo depois.

Se você entendeu tudo o que está rolando nesse vídeo não tem motivo algum para você estar lendo esse guia.

DELAY: Um efeito sonoro que duplica um sinal original e o reproduz após certo período. Pode ser usado tanto para fazer um característico som de eco quanto para deixar uma voz ou instrumento com um timbre mais etéreo com algumas repetições tocando junto com o sinal original.

DISCO: A música disco dos anos 70, embora não necessariamente sendo música eletrônica, é a base de muitos gêneros de música eletrônica e também do ambiente da discoteca, habitat da maioria avassaladora da música para dançar. Vários elementos desse estilo dançante foram a gênese do que viria a ser a música eletrônica de balada que nos anos 80 começou a tomar suas formas próprias, destacando o uso de sintetizadores e bateria eletrônica para gestar os ritmos dançantes que formariam a base de muito do que faz a molecada suar nas pistas até hoje.

DOWNTEMPO: Literalmente se refere à música eletrônica com um baixo BPM. Formalmente aborda todos os gêneros mais lentinhos como o ambient, o chillout, e as várias derivações mais devagares dos principais gêneros eletrônicos como o house e o trance. Historicamente, como gênero, suas raízes podem ser traçadas até as experimentações da música concreta francesa de Pierre Schaeffer, que serviu de referência para o ambient desenvolvido nos anos 70.

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DRUM AND BASS: Gênero derivado do breakbeat, originário da Inglaterra com BPM alto - em torno de 170 -, e bem sincopado. O que define o drum and bass é a batida bem reconhecível, junto com o baixo alongado que ajuda a carregar a bateria quebrada. Vários estilos podem ser ser facilmente mixados ao drum and bass para gerar um set como dá pra sacar nesse mix do DJ Patife no festival Skol Beats de 2005.

DRUM AND BOSSA: Uma fase pela qual o Brasil passou logo no início da década de 2000, com DJ Marky, DJ Patife e o grupo Drumagick introduzindo os ritmos do drum and bass às bases e harmonias tipicamente brasileiras do samba e bossa nova. O resultado foi uma música em igual medida inovadora e reconhecível o bastante para se tornar algo que não era nem uma coisa nem outra, como ficou imortalizado na voz de Fernanda Porto.

Você lembra dessa época, eu sei.

DRUM PAD: Superfície feita para ativar um gatilho eletrônico quando é ativada através de baquetas ou percussão com os dedos. É responsável por juntar os timbres artificiais da música eletrônica com o ritmo mais orgânico da batida produzida pela mão humana.

DRY: Um sinal sonoro que não tem nenhum efeito aplicado. Em alguns equipamentos é o que controla o quanto daquele efeito é aplicado ao canal de som que entra no efeito.

DUBSTEP: Mais um gênero surgido das experimentações da cena de música eletrônica inglesa, o dubstep é um desenvolvimento do ritmo quebrado do 2-step, com adição de características do drum and bass e breakbeat. Embora possa ser retraçada desde o final dos anos 90, foi só no final da década seguinte que ele começou a tomar o mundo de assalto com seus desenvolvimentos formais mais claros e o famoso BASS DROP, que caracteriza em uma breve pausa na música para logo em seguida as batidas voltarem mais pesadas com um baixo lá nas alturas. A molecada vai à loucura.

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Ascenção (e suposta queda) do império do dubstep.

O drop de baixo é a homilia do EDM.

EDM: Abreviação de Eletronic Dance Music. A rigor, todos os gêneros de música eletrônica voltados para você dançar no ritmo, mas também vem sendo usado como um gênero em si, compreendendo a parte mais mainstream da música eletrônica. Pense num David Guetta da vida ou num Fatboy Slim antes disso.

EFEITOS (effects): Qualquer dispositivo usado para o tratamento de um sinal sonoro para alterá-lo de maneira criativa. Dentro disso entram os reverbs, delays, chorus, distorções, etc. Muitos deles tiveram sua origem em processos analógicos que depois foram reproduzidos em dispositivos digitais e/ou através de softwares.

ELETROACÚSTICA (música): Termo que se refere inicialmente à música erudita produzida a partir de instrumentos acústicos gravados, que poderiam ser manipulados posteriormente, mas também se refere genericamente à música erudita da qual fazem parte instrumentos eletrônicos ou introdução de gravações de ambientes externos aos instrumentos típicos da música erudita. Foi importante para a formação do resto da música eletrônica por introduzir práticas que depois seriam padrão dos vários gêneros como o uso de gravações para a produção de outra música. O pessoal do ambient dos anos 70 pegou referências diretas da galera da música eletroacústica e o pessoal da música eletrônica pegou referências deles criando uma corrente que faria o grande filosofo Adorno ficar com o cabelo em pé se ele ouvisse um belo hard techno.

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ELECTRO: Abreviação de electro-funk ou electro-boogie, gênero diretamente derivado do funk com grande uso de baterias eletrônicas como a famosa TR-808. Geralmente, as músicas de electro não tem vocal ou tem a voz inserida através de forte distorção ou alterada por um vocoder. Embora o ritmo sincopado pareça inicialmente com breakbeat, o electro se diferencia por abusar de ritmos mais robóticos do que ele. Seu desenvolvimento levou a criação de inúmeros subgêneros como o electro house, electro trance, electroclash e o electro punk (também conhecido como synthpunk).

EURO: Prefixo de vários estilos eletrônicos usado para identificá-los como sendo originário e fazendo parte da tradição da música eletrônica feita na Europa continental - Itália, França, Espanha e Alemanha em sua grande maioria. Se distingue estilisticamente da música produzida na Inglaterra ou Estados Unidos.

EURODANCE: Na Europa continental, especialmente Itália, França e Alemanha, houve um desenvolvimento paralelo, embora não completamente isolado, do que acontecia na Inglaterra e Estados Unidos. Um belo exemplo disso é a evolução do euro disco, que se deu desde os anos 70 com a apropriação da música disco americana nas danceterias especialmente italianas e francesas. O que aconteceu foi o nascimento de um estilo tipicamente europeu de praticar este estilo. Em meados dos anos 80, o ritmo disco começou a ser menos popular, sendo substituído por outras batidas e climas como o house, trance e techno. Na Europa continental o estilo NRG, que viria a ser chamado de eurodance, começou a tomar conta das paradas de sucesso nas danceterias e tomar o mundo da música para dançar através da catapulta chamada Ibiza.

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Saca a potência da Europa, bruxão.

ENVELOPE: Um formato que muda em relação ao tempo. O controle de sinal ataque, decay, sustain e release é um tipo de gerador de envelope, mas existem outras formas de controlar os vários aspectos do som sintetizado como o nível, pitch (altura), amplitude e duração do sinal. O fato de um sintetizador estar dentro da escala temperada, como um piano, já faz parte de uma convenção, mas os sons gerados por um synth não precisam estar restritos a esses parâmetros. Os envelopes também são maneiras de controlar filtros e modulações posteriores ao sinal inicial.

Se você não sabe nada de música eletrônica mas sabe ver vídeo, assista a nossa série How To:

O Pedro Graça tenta deixar o mundo mais sábio no Twitter também: @pedrograca

Enriqueça seu arcabouço cultural lendo as letras que já publicamos no Glossário:

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