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Tecnologia

Eu Fui em uma Galeria de GIFs no Mundo Real

A exposição "Everything All At Once" faz jus ao nome: junta QR Codes com GIFs e iPads e smartphones e pessoas e... bem, imagens em movimento.
Crédito: Victoria Turk

O GIF é a forma de arte da era da internet. Ele fica em algum lugar entre ou além da fotografia e a imagem em movimento, e a sua casa é online, o que faz com que até mesmo a ideia de retirá-lo do seu império digital e trazê-lo para o mundo de carne e osso parece anacrônica até o talo.

Mas é exatamente isso que o coletivo artístico 15Folds pretendeu fazer com sua nova exposição, “Everything All At Once” (Tudo Ao Mesmo Tempo), que foi inaugurada em uma galeria em Hoxton Square, Londres, em maio. Após dar uma olhada na galeria online mensal de GIFs do grupo, fui verificar como eles poderiam levar o formato de imagens gráficas cambiantes para o mundo físico.

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Após conseguir passar pela multidão de pessoas dolorosamente modernas e chegar ao espaço de exibição, vi paredes nas quais foram colocados enormes códigos QR. As coisas começavam a fazer sentido e eu tive um clique.

15Folds, L-R Margot Bowman, Sean Frank, Jolyon Varley. Crédito: Victoria Turk

Os espectadores baixavam um aplicativo de realidade aumentada para ver os códigos QR, que se transformavam em GIFs em movimento. Após as inevitáveis dificuldades técnicas – muitos visitantes tentavam usam o wi-fi de uma vez só – o aplicativo finalmente deu um fim à contradição entre o espaço necessariamente virtual de um GIF e a ideia de uma exposição de arte no mundo real.

Seand Frank e Margot Bowman, do 15Fold, me contaram que a ideia era apresentar GIFs no espaço “real” de arte que eles merecem, mas não reduzi-los a um arquivo .MOV ou um DVD, o que tira força do aspecto intrinsecamente on-line da obra. “Eles [os GIFs] só existem online; você precisa de um navegador, do contrário é como produzir uma pintura a óleo e depois, na exposição, mostrar apenas fotos do quadro”, afirma Bowman.

“Blinded by the Lights” (cego pelas luzes) de Margot Bownamn. Abaixo, à esquerda “I wanna lick lick you from your head to your toes” (eu quero lhe lamber lamber da cabeça aos pés”, de Phoebe Collings-James. Abaixo, à direita: “The Eye” (o olho), de Matthew Stone e Joe Currie

Assim como os GIFs são a mídia dos nativos digitais, o mesmo deve se aplicar à maneira de expô-los. Nesse espírito, toda a equipe do 15Folds usava camisetas nas quais se lia “nostalgia is bullshit” (a nostalgia é uma idiotice).

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Então porque até mesmo decidir extrair as imagens de 8-bit-por-pixel da internet? “A gente achava que eles merecem ter uma vida que vá além dos navegadores”, afirmou Frank. “QR codes e GIFs, acho que eles são muito parecidos em relação ao fato de que as pessoas hoje em dia reconhecem o que eles são, embora não sejam um meio muito explorado – então a gente meio que queria casar os dois, dar um empurrão e ver o que eles podiam fazer.”

Bowman admitiu que ela era totalmente antigaleria, mas reconhecia que a sua galeria online no Tumblr significava que as pessoas estavam vendo sua arte por entre um barulhento fluxo de informações; a exposição permitia mais calma para a apreciação apropriada, longe de janelas abertas e distrações do Facebook. Tudo o que estamos tentando fazer é criar espaço para essa forma de expressão, e a exposição é uma versão extrema disso”, disse.

O aplicativo da exposição foi elaborado pela Plague, outra empresa com a qual Frank é envolvido, e a experiência de realidade aumentada acrescentou uma camada de surpresa aos GIFs. Eu não sabia muito bem o que esperar até ver o olho de Matthew Stone e Joe Currie pulando da parede ou a língua gigante de Phoebe Collings-James vindo em minha direção. As obras de arte foram organizadas em torno de temas amplos como “evolução” e “apocalipse”, mas o forma as unia mais do que o conteúdo.

Bowman e Frank disseram que a sua intenção era de que a exposição fosse mais “democrática", com uma ampla gama de estilos e artistas,

muitos dos quais não costumam trabalhar com GIFs. “Temos um tatuador, um escritor e também artistas mais clássicos”, afirmou Frank. “Realmente vemos isso como um movimento de arte marginal, qualquer um pode fazer um GIF com as ferramentas. O lance é mais a ideia.”

Bowman foi atraído pelos GIFs em parte porque ela queria fazer arte digital, mas não tinha conhecimento de programação. Agora que os GIFs se tornaram mais onipresentes, ela está ávida por mostrar que há mais coisas na comunidade que os produz que memes, gatos, Miley Cyrus e memes de gatos inspirados em Miley Cyrus. “Estamos vivendo em uma época muito estranha e precisamos de uma nova cultura para compreender essa época”, afirmou. Onde os GIFs como forma de arte entram nisso tudo? “Eles são, essencialmente, o produto criativo da internet.”