FYI.

This story is over 5 years old.

Tecnologia

Por que nunca conseguimos domar o grande tubarão branco?

Até hoje ninguém foi capaz de manter a espécie em cativeiro – e talvez jamais consigamos esse feito.
Crédito: Lwp Kommunikáció/Flickr

Na semana passada, depois de três dias batendo a cabeça nas paredes internas de um tanque, um tubarão branco morreu em um aquário na província de Okinawa, no sul do Japão. Foi mais um dos incontáveis casos em que os donos de zoológicos não conseguiram dominar o animal marinho.

O tubarão branco, um macho de 3,5 m de comprimento, foi capturado no litoral japonês e por alguns dias foi o único da espécie em cativeiro no mundo. Após sua chegada ao Aquário de Churaumi, na semana passada, ele se recusou a comer e, de acordo com nota, "sua condição piorou subitamente". O tubarão morreu na sexta.

Publicidade

O grande tubarão branco é, para muitos biólogos, o mais temido predador no oceano e um dos mais importantes. Ele tambem é conhecido por não se dar muito bem em cativeiro. O primeiro caso de um exemplar capturado ocorreu em 1981, no SeaWorld de San Diego, nos Estados Unidos. O animal foi solto após 16 dias. Em 2004, o Aquário de Monterey Bay, na Califórnia, contou com uma fêmea do tubarão branco por 198 dias e fez com que um desses animais se alimentasse em cativeiro pela primeira vez. Com o tempo, ela atacou outros dois tubarões que ali estavam e foi libertada logo depois. Outros tubarões foram mantidos em aquários no decorrer dos anos, mas a maioria foi solta de volta ao oceano ou morreu em cativeiro.

Há diversos fatores que tornam os tubarões brancos péssimos para a vida em cativeiro. O principal é a propensão da espécie em viajar grandes distâncias. Cientistas descobriram que tubarões marcados já foram parar do outro lado do mundo – em 2014, um deles até mesmo atravessou o Oceano Atlântico. Eles também precisam de um grande volume de água e de ficar em constante movimento para que a água passe por suas guelras e, assim, possam respirar. Um verdadeiro pesadelo logístico para aquários.

Em diversos casos, incluindo o mais recente no Japão, os grandes tubarões brancos mantidos em cativeiro permaneciam batendo com seus focinhos nas paredes de vidro. O que estava em Monterey Bay até mesmo desenvolveu uma lesão por causa dos choques contínuos. Esse problema pode ser agravado ainda mais pela eletrorreceptividade da espécie, habilidade que os permite sentir descargas elétricas nas águas ao seu redor. Cientistas levantaram a hipótese de que isso pode interferir na sua capacidade de perceber as paredes de vidro devido à descarga elétrica diminuta liberada por elas.

Publicidade

Tubarões brancos também são mais agressivos que, digamos, grandes queridinhos dos aquários como a arraia ou tartaruga marinha. Controlar um animal como esse não é nada fácil.

Alimentar um tubarão branco também pode ser um problema. Predadores costumam comer presas vivas, a não ser que haja escassez. Para saciar os animais, cuidadores teriam então que fornecer comida viva – uma tarefa logisticamente complicada e não muito simpática ao público.

É difícil imaginar que, depois de um histórico tão terrível, outro aquário gostará de manter um tubarão branco em cativeiro – apesar de que incidentes como esse nunca nos impediu de continuar tentando.

Tradução: Thiago "Índio" Silva