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Entretenimento

O teu ex é a maior ameaça à tua privacidade

Ama, mas não confies.

Com todas estas histórias sobre hackers chineses e definições indecifráveis de privacidade no Facebook (têm visto as notícias?), as pessoas andam preocupadas com os seus dados pessoais. Mas um novo estudo realizado pela McAfee (a marca que ficou famosa durante a ameaça do vírus Michelangelo, em 1992, e que nos últimos tempos tem estado nas manchetes pelas aventuras do seu fundador) revela que a maior ameaça aos nossos dados pessoais é, na realidade, a nossa cara-metade. Segundo o estudo, 36 por cento dos americanos planeiam enviar uma foto romântica/sexy ao seu mais-que-tudo neste de dia de São Valentim, seja por mensagem de texto, e-mail ou através das redes sociais. Apesar da evidência que os casais de hoje são os ex-casais de amanhã, apesar de sabermos que um ex nem sempre é o melhores guardião de informação delicada, continuamos a enviar textos e fotos com a confiança cega de que não ficaremos expostos. O mesmo estudo revela que metade das pessoas compartilha as suas passwords com o seu companheiro/a. A mim, parece-me loucura. A McAfee compilou o resto dos seus resultados numa gráfico roxo bastante útil. Ainda que devamos olhar para o estudo da McAfee com cuidado, a verdade é que tanto os homens como as mulheres idealizam os seus companheiros/as e relações de formas completamente irreais, entregando às outras pessoas um registo, teoricamente permanente, da sua intimidade. O dia dos namorados é hoje — será que as possíveis consequências bastarão para evitar que partilhemos a nossa intimidade? Duvido. Grandes impérios, nomeadamente o IsAnybodyUp, construíram-se graças à ideia de que há pessoas que querem humilhar os seus ex em público. Ainda que as mulheres estejam a contra-atacar, a legalidade deste tipo de iniciativas não foi discutida com êxito. A possibilidade de alguém transmitir fotos privadas nossas é real. A justificação mais usada é o “fim da relação”. Se acreditas que existe uma possibilidade do teu relacionamento actual acabar e não queres aparecer nu na net, então talvez o melhor a fazer seja resistir à vontade de partilhar fotos do teu corpo sem roupa. Na comunicação digital, a propriedade não está claramente atribuída. Podes ser o “dono” dos direitos das fotos que tiraste, mas essa justificação é basicamente insignificante uma vez que o que aqui se trata realmente é de evitar que uma imagem não desejada se dissemine pela web. Além disso, não há como responsabilizar quem o faz pelos danos que advêm dessa propagação, além de ser um prejuízo amorfo muito difícil de calcular. Tendo em conta que a ameaça de ficarmos expostos não é suficiente para nos esquecermos das fotos íntimas e que os sites vingativos continuam a proliferar, parece que a solução estará numa redução do nível de humilhação que pode implicar a partilha de uma foto nossa sem roupa. Parece pouco provável que, num futuro próximo, surja uma maneira de controlar a disseminação destas imagens na internet. Aquilo que antes tinha o potencial para arruinar a carreira, hoje está desvalorizado porque se tornou em algo comum e banal. Talvez o futuro seja um lugar em que a imagem de uma mulher sem t-shirt não provoque emoção alguma. De certo modo, acredito que isso seria um futuro prometedor. Existem duas razões que tornam o porno vingativo numa coisa preocupante. Primeiro, porque se trata de uma traição de confiança — ninguém quer que o seu ex o castigue desse modo. Mas aquilo de que realmente temos medo é de ficar expostos e das consequências que isso pode ter sobre a nossa reputação. Talvez a melhor estratégia para lidar com este problema não seja avisar os homens e as mulheres sobre o perigo de partilhar intimidades (não funciona), mas também evitar fazer tanto alvoroço quando vemos a imagem de uma pessoa despida. Envia todas as fotografias sensuais que quiseres, mas certifica-te de que estás consciente de que talvez a possas ver de novo, num local inesperado.