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Entretenimento

Jovens da China estão usando nudes como garantia para conseguir empréstimos

Credores de serviços de microcrédito estão exigindo que os clientes mandem selfies sensuais para ceder dinheiro.
Gavin Butler
Melbourne, AU
MS
Traduzido por Marina Schnoor
Chinese women taking nude selfies
Imagem via YouTube/TomoNews US.

Sistemas de microcrédito estão revolucionando o jeito como fazemos compras. Desesperado para ter o último iPhone? Assine um plano de pagamento por mês e divida em parcelas manejáveis. Sempre quis uma jaccuzi, mas nunca teve grana pra comprar uma à vista? Assine uma série de pagamentos de US$10 mensais e você pode pagar essa banheira em 60 anos.

É o futuro, e os millennial chineses estão entrando nessa de cabeça. Segundo uma pesquisa da empresa de tecnologia financeira Ant Financial, 45 milhões de pessoas das 170 milhões nascidas depois de 1990 na China têm uma conta de microempréstimo Ant Check Later. E não estão usando esse dinheiro para comprar coisas grandes como televisões e Teslas – algumas empresas de fintech também deixam as pessoas fazerem compras pequenas como um hambúrguer e parcelar.

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Num país onde o custo de vida é alto e as chances de conseguir um cartão de crédito são relativamente pequenas, essa nova forma de e-commerce abriu um mundo de possibilidades para muitos millennials chineses. Mas, como estamos em 2018, claro que tem um lado mais perverso do sistema. Você pode comprar uma caixa enorme de Oreos e dividir em pagamentos mensais de 40 centavos por três anos ou sair para comprar um jet ski sem ter um puto no bolso. Antes, porém, você precisa mandar seus nudes.

Alguns credores desonestos perceberam que jovens compradores estão desesperados por empréstimos e estão exigindo que os clientes entreguem selfies nuas como garantia. Se o pagamento não é feito a tempo, os credores ameaçam vazar os nudes para a família e amigos dos endividados. Muitos também cobram juros do empréstimo inicial, enterrando ainda mais as vítimas em dívidas e as obrigando a mandar mais fotos e vídeos. Esse tipo de transação é conhecida na China como “serviços de empréstimo nu”.

Em 2016, um total de dez gigabites de nudes de 161 mulheres – todas segurando seus documentos de identidade – foram vazadas online por microcredores. A maioria das vítimas tinha entre 19 e 23 anos e geralmente pegavam quantias entre US$ 1 mil e US$ 2 mil, segundo a rede estatal China Youth Daily. Outras teriam recebido a opção de fazer trabalho sexual para pagar seus empréstimos.

O problema dos serviços de empréstimo nus é tão desenfreado na China que, ano passado, os reguladores financeiros juraram fazer uma ofensiva contra microcredores sem licença, segundo a Reuters. Uma força-tarefa formada por vários ministérios disse que “entre o desenvolvimento rápido de sistemas de empréstimos – que tiveram um papel em atender necessidades normais de crédito para alguns grupos –, problemas como empréstimo em excesso, empréstimos repetidos, cobrança imprópria, juros altos anormais e violações de privacidade se tornaram proeminentes”.

Desde então, novas regras foram introduzidas proibindo organizações e indivíduos sem licença de conduzir negócios de empréstimos. Mesmo assim, reportagens da mídia local sugerem que o problema ainda é abundante nas redes sociais.

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