Há dias assim. Tardes e noites em que tudo se alinha para escrever história. Nos festivais de música a possibilidade das coisas correrem mal está à espreita em cada mudança de palco, numa possível falha técnica ou atraso nos voos dos artistas, em cada mudança de tempo que o boletim meteorológico não previu. Mas quando corre bem, quando há quatro palcos em que não há um concerto que não atinja, no mínimo, o grau épico absoluto, em que o som está sempre perfeito e em que quem está lá em cima fica tão maravilhado como quem está cá em baixo, então meus caros há pouco que se possa dizer, sem antes deixar escrito a letras douradas, o clássico: "só quem lá esteve é que sabe!".
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O último dia do NOS Primavera Sound foi isto. Ponto final. Histórico e capaz de colocar esta edição do Festival num patamar difícil de atingir.Do inefável, e ao mesmo tempo candidamente belo, espectáculo de Baxter Dury em final de tarde quente e preguiçoso, ao delírio "get your rocks off" dos Foxygen (meu Deus, que coisa tão boa), às lições de história dos Ride e dos Underworld (o que se passou ali naquele palco movido a batidas do único techno que interessa saído dos 90s será tema de conversas durante muito tempo), tudo foi demasiado precioso para não se engrandecer em histeria absoluta.O NOS Primavera Sound volta ao Porto em 2016, dias 9, 10 e 11 de Junho, segundo anunciou a organização. Até lá não há palmas que cheguem para agradecer o privilégio.