Há coisas no futebol que não entendo. Uma delas é o Danilo. Outra são os UHF a cantar o Sou Benfica. Mas fiquemo-nos pelo primeiro caso.Na época de 2011/2012, o Futebol Clube do Porto fez-se ao mercado para contratar dois laterais para um plantel em transição. Danilo, então campeão mundial de sub-20 pelo Brasil, foi uma das escolhas. Até aqui, nada de surpreendente. Mais um jogador brasileiro a jogar em Portugal na esperança de dar o salto para um grande campeonato europeu. No entanto, ao olhar para o valor da transferência, algo fez acreditar a comunidade futebolística que este não seria um jogador brasileiro como todos os outros, mas sim um diamante em bruto de 17,8 (!) milhões de euros. O meu coração teve um arrepio quando confrontado com estes números.
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Por momentos pensei que poderia estar na iminência de ver o futuro Cafú a jogar no relvado do Dragão. A expectativa era alta e os portistas ansiavam por ver um verdadeiro lateral direito em campo, acontecimento inédito desde a saída da super gazela congo-portuguesa José Bosingwa.
Este gajo não acerta uma.Dois anos volvidos, Danilo é titular indiscutível dos azuis e brancos, mas, ao contrário do previsto, está muito longe de ser um Cafú em maturação. Na melhor das hipóteses, pode almejar o lugar deixado vazio com a retirada de Bilro da alta competição. Não consigo hierarquizar o que me irrita ao ver Danilo jogar. Se é a cara de lorpa, sempre que tem a bola nos pés e não sabe o que fazer com ela, se é a lentidão com que recua no terreno nas acções defensivas, se é a incapacidade de subir até à linha final para tirar um cruzamento decente, se é o completo alheamento posicional. Talvez seja o simples facto de estar ali quando há um Fucile a treinar à parte e que podia fazer o que ele faz, mas com um custo muito menor.A verdade é que Danilo tem o número 2 nas costas, outrora envergado por Jorge Costa e Bruno Alves. Mas nem na agressividade, que às vezes descambava para entradas a matar, Danilo pode ser comparado a estes dois grandes capitães portistas. Para não ser totalmente injusta, tenho de admitir que nos jogos contra o Sporting e contra o Nacional da Madeira Danilo conseguiu ser um dos melhores em campo. No primeiro caso até marcou um golo importante. Isto, das duas uma, pode significar um aumento de produtividade do lateral direito ou um decréscimo de qualidade dos restantes jogadores, nivelando todo o futebol portista no patamar de medíocre. E como não vou na cantiga dos jornais desportivos, com os seus títulos messiânicos "Este vai ser o ano do Danilo" ou "Danilo em Grande", apoio-me na segunda hipótese para justificar o feito inédito.Danilo, até o Santana te senta?Só sei que 17,8 milhões é muito dinheiro. Dinheiro suficiente para comprar a totalidade do plantel do Sporting e ainda dar gorjeta ao Labyad, que nesta altura deve andar a lavar os azulejos do Alvalade XXI juntamente com o Jeffrén. E se existem pessoas excêntricas no mundo que valorizam um jogador de futebol em 17,8M€, então esse jogador tem de ser capaz de fazer excentricidades com uma bola. Caso contrário, o Bilro, com os seus 42 anos e um passado repleto de classificações medianas ao serviço do União de Leiria, pode muito bem dar uma perninha ao lado direito do Porto. Mau por mau, prefiro o que não é embuste.
