Big Love
8/10 Inteligente esta decisão da Big Love em compilar num só CD os primeiros lançamentos de Sapphire Slows (dois singles, um EP e alguns extras), antes mesmo de haver um álbum de estreia na Not Not Fun. Se o nome desta última label não vos for estranho, então já terão percebido que ainda este ano vai surgir um disco de corpo inteiro, em que a japonesa Kinuko Hiramatsu (Sapphire Slows) saltitará entre recantos vários da memória pop, como quem faz zapping com o comando apontado a uma gigante nuvem de informação. Mas isso será depois, porque o agora pertence à compilação na Big Love, que é muito mais do que um conjunto apressado de faixas soltas e demos para satisfazer os curiosos. Situado num tempo pós-Ariel Pink e James Ferraro, o homónimo Sapphire Slows funciona sobretudo como prova de que uma só pessoa pode recriar partes do universo pop sem sequer sair do seu quarto. Ao que parece, Kinuko Hiramatsu precisou apenas de alguns teclados Casio, do software Ableton e da confusão típica da cidade de Tóquio para chegar aos artefactos que se escutam nesta rodela. Os recursos mencionados poderiam até parecer limitados, não fosse Kinuko capaz de escrever canções que, apesar de altamente referenciais, divertem bastante e colam-se à cabeça como algumas dos maiores emblemas da década de 80 (“Moments in love”, dos Art of Noise, por exemplo). Independentemente de toda a teorização que um texto destes envolve, algumas malhas de Sapphire Slows pedem uma usufruição prática e sem muita margem para a análise. O que importa “When I see You” recordar tanto Corona (“Ritmo de la noche”) como a house refundida da Maxi Records, se esta for uma daquelas faixas condenada a não falhar na pista de dança? Temos, além disso, funk de armário, momentos mais dubby e a possibilidade de associar esta compilação a uma das japonesas mais sensuais desde que a Meiko Kaji (ícone) deixou de mostrar as mamas nos seus filmes. Tudo isto é estupidamente irresistível.