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Música

‘A Club Called Rhonda’ É o Palácio das Festas Panssexuais de Los Angeles

Desbravamos uma festa cheia de danadas, hedonistas e travestis!

Fotos por Michael Mendoza/A Club Called Rhonda. __

Em uma noite recente no A Club Called Rhonda, uma estatuesca drag queen chamada Phyllis Navidad comanda a porta da casa, cuidadosamente organizando a fila VIP. Dentro do clube, o bacanal comia solto. O produtor e DJ local em ascensão Urulu quebrava tudo com a faixa "Brother", produção de Leon Vynehall influenciada pelo house clássico. Dançarinos sem camisa rodopiavam abaixo da cabine do DJ. Suor pingava do teto. Um dos fundadores do clube, Gregory Alexander, desfilava em uma fantasia espacial improvisada para acompanhar o tema "Fronteiras Femininas" da noite - uma mistura de era espacial e interesses feministas.

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Enquanto isso, o duo italiano Tiger and Woods arrumava o equipamento com que fariam sua performance. É apenas mais uma noite no A Club Called Rhonda, um carnaval de safadeza que acontece mensalmente no clube de dois ambientes (e ex-restaurante salvadorenho) chamado Los Globos, na Sunset Boulevard em Los Angeles.

Nos últimos três anos, a festa dionísica onde tudo pode acontecer tem trazido hedonistas de todos os tipos e gostos para dançar até se acabarem, com DJs do naipe de Farley Jackmaster Funk, a lenda do house, e o recém-chegado Daniel Avery. Mesmo com o auto-denominado "palácio das festas pansexuais" abrigando regularmente nomes clássicos que fariam até clubbers veteranos como Richie Ruch corarem, os nomes que tocam lá vão satisfazer também os mais ardentes arqueólogos de vinil. A lista de convidados recentes inclui Todd Edwards, James Murphy, Moodymann, Omar S, Dimitri from Paris, Chez Damier, Bicep e Morgan Geist.

No centro de tudo está "Rhonda", uma musa ficcional e sem rosto que talvez seja o mascote mais intrigante em toda história das casas noturnas. A Rhonda fala em nome dos promoters, soltando comunicados afiados como "ACORDEM JOVENS SODOMITAS! TEM MUITO TRABALHO A SER FEITO!" para seus devotos no Facebook, postando fotos das melhores roupas do evento no seu site, recheado de comentários sarcásticos. Rhoda é o bezerro dourado dos israelitas pecaminosos da festa. E você sempre vai encontrá-la logo acima da pista - ela é a bola espelhada em forma de pernas sensuais que enfeita o local.

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Atrás das cortinas, os melhores amigos Loren Granic e Gregory Alexander discutem cada aspecto da festa. "Eu imagino tudo o que essa personagem quer fazer", diz Alexandre, "é assim que tomamos as decisões sobre a festa". Ele ainda conta sobre a divisão do trabalho: Alexandre toma conta do visual da Rhonda, enquanto Granis, que também toca como o DJ GODDOLLARS, trabalha com o fundador da Echo Park Records, Alexis Rivera, em tudo relacionado ao áudio da casa.

A primeira Rhonda aconteceu no "lugar mais vulgar e legalizado que poderíamos encontrar" diz Alexandre - um clube de salsa chamado El Guatelinda. Nessa festa eles criaram uma divertida versão das antigas centrais-de-atendimento ravers. "Tinhamos um número de telefone onde as pessoas podiam ligar… nós distribuiamos cartões que diziam "Para ter uma noite maravilhosa, ligue nesse número", diz Granic. Quando eles ligavam, Rhonda atendia, assumindo uma persona que misturava operadora de telesexo com o DJ do The Warriors.

Granic e Alexander criaram Rhonda como uma alternativa descolada à idiotice aveludada que os clubes de Hollywood cultivavam. "Algo que desanima bastante as pessoas na vida noturna é o quão fugaz e preguiçosa ela pode ficar", Granic critica. "Mas quando você se dedica a sempre trazer algo novo para uma festa, você começa a atrair mais gente". Para esses ex-clubbers, o segredo está nos detalhes. Os temas surgem do conhecimento enciclopédico que eles tem sobre alta arte vulgar. Um trabalho minucioso e quase científico, que dita a energia e a interação das pessoas na festa.

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"A Globos acomoda cerca de 1.200 pessoas, mas ainda mantém o clima intimista porque ele é todo dividido", diz Alexandre. "Somos influenciados por clubes japoneses, onde diferentes ambientes vão abrindo ao longo da noite". Assim que a Rhonda começa, as pessoam começam a lotar o minúsculo bar que fica em frente ao clube. Quando mais pessoas vão chegando, uma pista revestida de couro vermelho é aberta. Logo depois, a pista principal do clube é aberta e a multidão invade.

Alexander trabalha com o designer Trevor Tarczynski e um pequeno grupo para construir os temas visuais esquisitos que geralmente embaralham os conceitos de gêneros. Ele conta alegremente sobre um tema recente em que eles mostravam Rhonda como um ambiente "caloroso, molhadinho e convidativo", com flyers e projeções lúdicas de partes de meninas e enormes balões de camisinha coladas pelo teto. Apesar do Alexadner ser gay e Granic hétero, a hipersexualizada e poderosa Rhonda é uma personagem definitivamente queer-friendly. "Não é difícil levar homens héteros ou gays para uma festa… mas queremos que mulheres e transexuais se sintam seguras e possam se expressar no nosso ambiente."

A reputação da Rhonda como a Valhalla da decadência tem dado à festa um poder imenso. Alexander e Granic estão trabalhando para aumentar a presença internacional da festa. A Rhonda já acompanhou o Metro Area durante sua turnê norte-americana, já deram várias festas infames no Coachella, e já passaram por Londres, Paris, Tóquio e Pequim. Este ano eles criaram também uma gravadora, que irá lançar trabalhos dos residentes Cromie, James Del Barco e Newbody.

O que quer que seja que o futuro reserve, Granic espera que o glamour cru e inovativo da Rhonda venha pra ficar. "Quero sempre ter essa juventude baladeira, pessoas que nunca foram em um clube, ou outras que nunca ouviram disco, sentadas lado a lado de travecos insanos, drag queens e nerds que tão no fundão injetando todas as músicas na veia" ele conta com entusiasmo. "Queremos todo mundo lá".