FYI.

This story is over 5 years old.

cenas

Como prostituir o teu homem

É mais divertido chamar puta a um homem.

Em Londres, não há muito tempo atrás, as gajas como eu (recém-licenciadas em arte pelo Russell Group e com o sonho de fazer filmes sobre transsexuais Inuit) vendiam-se. Vendiam-se, porque alguém decidiu que o formato moderno da escravidão — também conhecido por estágio não remunerado — é uma maneira aceitável de trabalhar. Não nos resta outra escolha se não a de encontrarmos os nossos próprios escravos e tornarmo-nos dominadoras profissionais. Os homens das nossas vidas garantem-nos que não têm problema nenhum com esse tipo de coisas que nós fazemos, inclusivamente, acrescentam que, dormir todas as noites ao lado de uma dominatrix, seria “genial”. Claro que, em troca, esperam que tenhamos a mesma opinião, mas não temos. Por que não? Porque, enquanto nós arrastamos os nossos traseiros chicoteados para ir ao banco na manhã seguinte a uma noite de sexta-feira, eles ficam refastelados em casa, a masturbarem-se a pensar nisto tudo. É como trabalhar duplamente para os homens. Vivemos numa época de recessão económica. É cada vez mais difícil ganhar guito decente a fazer coisas indecentes. Maridos, namorados, paizinhos, tiozinhos e meninos maus, isso significa que está na hora de começarem a participar. Chegou o momento de se tornarem MIMPs [Man In Mandatory Prostitution]. Meninas, é assim que se converte um homem num MIMP. COMEÇA DEVAGAR
Lembras-te da primeira vez? Quando tu e aquela miúda amarraram um advogado a um aquecedor e depois enfiaram-lhe um éclair de chocolate na boca, antes de o masturbarem com um outro, do qual tinham acabado de chupar o creme? Sentiste-te enojada depois disso, por um lado, porque ele se veio na tua perna e, por outro, pelo creme todo que ingeriste. Mas foste paga para isso, o que te fez sentir melhor. Ainda assim, não foi fixe. Agora, usa esse sentimento para criares empatia com o teu MIMP. Ele vai ficar um bocado apreensivo com a sua estreia naquela sessão dupla das duas da tarde a que o obrigaste a ir. Isto apesar do quanto ele gosta de dizer que adoraria roçar a pila dele na daquele gajo do colectivo artístico, quando está bêbedo e a tentar vir-se. Tenta substituir a palavra "obrigar" por "motivar" (é uma troca politicamente correcta, embora soe muito mais perverso). Ajuda o teu homem a sentir que é ele quem escolhe a prostituição: isso fará uma grande diferença no momento da erecção, o que significa que ambos poderão ir até ao Saara e fazer aquele projecto étnico que acordaram, quando estavam a mastigar khat em Marrocos. E isto, por sua vez, será a diferença entre o cliente satisfeito e o que volta por mais. Exploração? Claro que não! Quando o sexo de toda a gente se junta, até os países de primeiro mundo ficam a ganhar. FALA-LHE DA SUA POSTURA PERANTE A IGUALDADE DE GÉNERO
As trabalhadoras sexuais guardam sempre algum ressentimento em relação ao poder de compra dos homens. É por isso que estás a fazer com que o teu homem promova a equidade de género e não o tipo de património de que "vale tudo na licença parental", da Lynne Featherbrain. Estás a promover o que ela disse: "Toma lá para aprenderes como é que é a candidíase por excesso de sexo". Se o teu homem é um verdadeiro feminista, tens de manter as suas sessões de sexo totalmente refrescantes, de forma a que ele consiga pagar a sua dívida para com as mulheres (ou seja, deixando-as escravizarem-no). Caso contrário, transforma-lo num. A melhor maneira de criar um laço feminista é deixar o teu cliente a chupar, como bom cachorrinho que é. RECOMPENSA O SEXO COM SEXO DIFERENTE
Se aprendi algo com o meu trabalho sexual, é que, quanto mais sexo tens, mais queres. Mas isto apenas se estivermos a falar de sexo diferente do habitual. Quando comecei a dominar os meus clientes, tudo o que queria era chegar a casa e fazer bom sexo à bruta. Com o tempo, aprendi que sou uma cadela que gosta de brincar com bolas, mas isso não substitui a reciprocidade. Um broche em troca de um minete? Não. Uma espanholada é um negócio melhor. Se aprenderes a fazê-lo bem, tornar-se-á numa espécie de movimento de poder pavloviano. Por isso, enquanto o teu gajo está a ganhar a vida na extremidade da pila de alguém, ele estará a pensar em dar-te uma foda em casa. É também um bom momento para trocar os papéis de quem manda. Ele até pode resistir um bocado no início, mas, eventualmente, vai aprender a adorar o quão molhada este tipo de justiça te deixa. É sempre divertido chamar um gajo de “prostituta”. NÃO O DEIXES SENTIR QUE PODE GANHAR TANTO QUANTO TU
Se o teu novo aprendiz começar a estudar o teu modelo de negócio em detalhe, acreditará que os clientes poderão pagar-lhe bom dinheiro pelas suas tangas masculinas. Ele está errado. A roupa interior do homem cheira sempre (e sempre cheirará) a bosta. O teu companheiro precisa de perceber o quanto tu consegues ganhar na prostituição. Lembra-te de o informar que o vencimento dele nunca poderá igualar a teu. NÃO FODAM SEM PRESERVATIVO
A última coisa que queres é ter de discutir sobre quem infectou quem. Especialmente porque, se ambos ficarem doentes, quem é que vai pagar o valor do aluguer de vídeo do FetLife no próximo mês? Além do mais, verrugas, lesões, correntes e pensos são suficientemente arriscados. NÃO DEIXES QUE ELE SAIBA O QUANTO PRAZER TENS COM A SUA DOR
Quer seja um homem que age como um submisso para mandar cenário, quer seja um violador na privacidade, ou, por sua vez, um homem que realmente só nasceu para servir, todos eles, sem excepção, vão começar a fazer caprichos, por acharem que estás a curtir demasiado esta situação. Por isso, tal como os teus lucros, o desempenho sexual deles cairá. É que até os macacos precisam de amendoins e os amendoins, aqui, são uma cena metafórica e pleonástica. Isso significa que tens de ser compreensiva, mesmo quando o cliente está chateado com o seu mau desempenho, ou quando entra em pânico porque acha que acabou de apanhar clamídia. A mulher, dominadora ou não, deve ser sempre capaz de jogar com a cartada do papel de mártir. "Poderia fazer bem com o vibrador as coisas que faço contigo!" Esta opção é tua, porque não vai soar tão justa quando sair da boca de um gajo. E se sair, enfia-lhe umas meias porcas na boca e manda-o de volta para a submissão.