Imagens cortesia do artista e da galeria Salon 94, de Nova York.TER MENOS FILHOS
Alan Weisman, jornalistaA cada quatro dias, colocamos mais um milhão de pessoas no planeta. No último século, nossos números quadruplicaram, no pico populacional mais anormal, com exceção de crescimentos microbianos, da história da biologia. Mas para nós, nascidos no meio disso, todo esse aumento, o trânsito e a superpopulação parecem normais.
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Michael Pollan, especialista em alimentos e agriculturaConforme narrado a Wes EnzinnaAtualmente, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos oferece subsídio agrícolas por cada alqueire de milho, trigo ou arroz plantado. E se, em vez disso, a subvenção estiver vinculada ao incremento no sequestro de carbono no solo? Cerca de um terço do carbono presente na atmosfera hoje já foi um dia sequestrado no solo na forma de matéria orgânica, mas desde que começamos a arar e desmatar, passamos a emitir imensas quantidades desse carbono na atmosfera. O sistema de produção de alimentos como um todo, incluindo agricultura, processamento e transporte, corresponde a cerca de 20% a 30% dos gases do efeito estufa produzidos pela civilização. Os fertilizantes estão entre os maiores culpados, por dois motivos: são feitos com combustíveis fósseis e, ao serem aplicados no campo e molhados, viram óxido nitroso, um gás do efeito estufa muito mais forte que o dióxido de carbono.Mas existem formas de capturar o carbono da atmosfera e devolvê-lo para o solo. As plantas absorvem o carbono do ar e, através da fotossíntese, transformam em açúcares para alimentar seu próprio corpo – raízes, troncos, galhos, folhas. O fato menos conhecido é que 40% dos açúcares produzidos vão para o solo através das raízes. Isso acontece para alimentar os micróbios que vivem na terra em troca de outros nutrientes. Esses micróbios comem o açúcar, que entra para a cadeia alimentar microbiana e, por fim, aloja-se no solo na forma de carbono.
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Ken Caldeira, cientista climáticoA coisa mais importante que os seres humanos podem fazer neste momento é iniciar um grande programa de pesquisa para entender como podemos desenvolver sistemas sociais para estimular as pessoas a deixarem de lado ganhos pessoas de curto prazo em prol de benefícios sociais e ambientais de longo prazo. Ou talvez desenvolver sistemas que alinhem as duas coisas.
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Naomi Oreskes, historiadora especializada em climaConforme narrado a Ryan GrimAs pessoas negam as mudanças climáticas porque não gostam das implicações, que se realizam em uma variedade de esferas. As que têm sido meu objeto específico de observação são as implicações para o capitalismo de livre mercado e o temor de que as mudanças climáticas sejam usadas como desculpa para justificar intervenções e a forte expansão do governo, e até mesmo governança internacional. Tem até um episódio no programa do Jesse Ventura, Conspiracy Theory, sobre Maurice Strong, um dos negociadores da primeira Conferência Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas, nos anos 90. Muitos dos que negam as mudanças climáticas citam essa conferência e alegam que é tudo um complô da ONU. Outros dizem que as mudanças climáticas tiram a liberdade individual e infringem o livre mercado.
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David Keith, especialista em políticas de mudanças climáticasImagine um médico que se recusa a administrar quimioterapia em um paciente com câncer de pulmão no estágio III por medo de reduzir o incentivo para ele diminuir o cigarro de dois maços para um por dia. Esse, em poucas palavras, é o raciocínio moralmente obtuso que sabotou a melhor aposta da humanidade para frear as mudanças climáticas: a geoengenharia solar e de remoção de carbono.O primeiro fato científico a saber sobre as mudanças climáticas é que o carbono dura (quase) para sempre. Digamos que eu emita uma tonelada de dióxido de carbono ao sobrevoar o Atlântico. O aquecimento extra da minha viagem sobe por algumas décadas e depois fica constante por mais de um século. Daqui a um milênio, cerca de um quinto da minha tonelada continuará na atmosfera provocando mudanças climáticas, a menos que a humanidade faça alguma coisa para removê-la.Muitos cientistas consideram a geoengenharia o único método viável de reduzir – e não apenas adiar – os impactos do carbono sobre o clima. As tecnologias de geoengenharia solar podem, parcial e temporariamente, conter os riscos sobre o clima, refletindo parte da luz solar de volta para o espaço, compensando, ainda que de forma imperfeita, a retenção de calor provocada pelos gases do efeito estufa. Já as tecnologias de geoengenharia de remoção de carbono podem capturar o dióxido de carbono da atmosfera, transferindo para reservatórios geológicos e revertendo a pegada geológica da humanidade provocada pela extração de carvão, gás e petróleo.
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Lauren Markham, jornalistaMeu namorado e eu talvez tenhamos cometido um erro terrível no ano passado ao comprar nossa linda casa de 55 m² na zona oeste de Berkeley, na Califórnia, a apenas algumas quadras da orla. Por mais que adoremos nosso lar, muitas projeções de aumento do nível do mar o colocam debaixo d'água daqui a não muitos anos. O debate público sobre a adaptação às mudanças climáticas muitas vezes se concentra na zona rural: comunidades forçadas a sair do pergelissolo, a superfície congelada do Ártico que está desaparecendo; no sul dos EUA, na região conhecida como "Dust Bowl", atingida por tempestades de areia na década de 30, cidades agrícolas expulsas com a seca dos lençóis freáticos. Mas e aqueles de nós que estão nas cidades? Estamos longe da imunidade. Já assistimos ao alagamento de Nova Orleans e à inundação de Nova York, e não é difícil imaginar um tsunami destruindo Los Angeles ou uma onda de frio intenso fechando Boston. Ou, falando nisso, minha casinha virando uma peça permanente do leito da baía.Eu tinha ouvido falar do trabalho de uma agência de design em São Francisco chamada Future Cities Lab, que idealizou uma nova imagem para a orla da cidade em uma era de nível do mar mais elevado. O modelo da firma era ao mesmo tempo encantador e absurdamente prático, e eu gostei do otimismo para a cidade onde moro: ou seja, quando minha casa afundar, não preciso ir junto. Então decidi visitá-los para conhecer melhor o projeto.
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