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Música

Mike Watt

As contribuições do Mike Watt para o subvalorizado mundo do contra-baixo são assustadoras.

As contribuições do Mike Watt para o subvalorizado mundo do contra-baixo são assustadoras. Se você já passou um tempo com o instrumento ou com alguém que o toca deve estar familiarizado. Quer dizer, o cara recebeu um prêmio pelo conjunto de sua obra pela revista Bass Player, entregue a ele por ninguém menos que o Flea. Porra! E apesar de ele ser um cara versátil e conhecido pela sua mistura de gêneros, suas raízes estão firmemente plantadas na cena punk, com a qual está envolvido tanto quanto ela existe. Ele fundou o The Minutemen, junto com o falecido D. Boon, em 1980, e desde então já tocou com todo mundo, de Iggy Pop a Yoko Ono.

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Semana passada, seu projeto Floored by Four lançou primeiro álbum homônimo. Cada uma das quatro músicas no álbum é o nome de um dos quatro membros da banda, que é uma grande maneira de incrementar o ego coletivo da banda de uma forma individualizada. Para cada uma das músicas o Mike deu a cada membro da banda uma linha de baixo que serviu como um ponto de partida, de onde eles poderiam criar a melodia da maneira que bem entendessem.

Dentro de alguns dias, o Mike viaja ao Japão para apoiar sua terceira ópera punk, Hypehnated-Man, que foi inspirada por Hieronymus Bosch. A princípio, estava um pouco intimidado em falar com o Mike, então ele teve que remarcar a nossa entrevista porque tinha que ensaiar com a Yoko, o que não me fez ficar mais confortável.

Vice: E aí Mike, eu nunca tinha levado bolo por causa da Yoko Ono antes.
Mike Watt: Pois é, vamos fazer uma gig meio brisa hoje à noite.

Como ela é?
Ela tem 76 anos e ainda arregaça.

Ela parece ser o tipo de senhora que acabaria com os Beatles?
Haha, sabe, eu não sei muito sobre os Beatles. Tenho que admitir que naquele tempo todo mundo gostava deles, e sempre os vi como músicos incríveis, mas penso que sua popularidade fez com que fosse difícil para eu ouví-los. Quanto a ela ter feito com que eles terminassem, fico pensando se isso aconteceu mesmo.

Você deveria perguntar pra ela.
Claro, como se nunca tivessem perguntado isso pra ela antes. Talvez o John e o Paul simplesmente tenham ficado cansados de tocar um com o outro--talvez tenha sido entre eles. Ouvi dizer que quando fizeram o The White Album eles nunca estavam no estúdio juntos. Botar a culpa na mulher… Isso não é muito justo. Ela era uma artista antes disso, tinha uma vida própria, então acho que não precisava se aproveitar dessa situação. Essa é minha opinião. Ela parece ser uma senhora muito independente--não tem medo de nada, num sentido artístico. Ela parece botar o pau na mesa.

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Você curte escrever óperas punk. Acabou de escrever sua terceira, certo?
Pois é, vou fazer uma turnê no Japão em duas semanas. A terceira é chamada de Hyphenated Man. É dividido em, tipo, 30 papéis, e cada papel tem sete ou oito pequenos papeis dentro. É muita merda pra lembrar.

Hyphenated-Man foi inspirado em Hieronymus Bosch. Um pintor holandês do Século XV parece ser uma obscura influência em uma ópera punk. Como você conectou os dois?
Eu sei, isso é meio aleatório, mas gosto da estranheza do Bosch desde quando era criança. Acho que ele tem apenas 25 pinturas associadas a ele, e talvez só tenha assinado sete ou oito delas. Sabemos muito pouco sobre ele, mas ele tinha um certo estilo distinto, bizarro.

Tinha um documentário sobre o Minutemen que Tim Irwin e Keith Schieron estavam criando chamado We Jam Econo, então estava escutando várias músicas do Minutemen na época porque eles iam conversar comigo sobre elas. Eu pensei, “Pô, eu amo essa musiquinhas.” Elas me lembravam as pinturas de Bosch. Ele fazia uns trípticos, que eram três pinturas pequenas que combinavam para fazer um pintura única, e parecia um show do Minutemen, sabe, várias musiquinhas que faziam um show. Eu li em algum lugar que o cara nunca nem tinha escrito uma carta ou algo assim, não temos idéia de quem ele seja, nem sabemos porque ele fazia o que fazia.

Então temos pinturas pequenas pra fazer um quadro grande e papeis pequenos pra fazer uma grande ópera. Faz sentido.
Outra coisa que eu misturei junto foi a Dorothy, de O Mágico de Oz. Minha interpretação dela é meio brisa.

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Explique.
Bom, no filme parece que a Dorothy está viajando no que os caras fazem para ser caras. Suas três companhias. O problema deles não é serem vistos pelo o que verdadeiramente são. Precisaram do cara mágico no final para falar que eles sempre tiveram aquilo dentro deles. Talvez seja isso que “Não há lugar como o nosso lar” signifique, tipo se você olha pra dentro de si mesmo, é lá que o seu ‘eu’ está. Talvez não seja sobre ser definido por outros, ou coisas de fora. Então eu pensei, “Cara, talvez seja isso que um monte de caras pensa quando chega à meia-idade”. Eles estão pensando sobre essas merdas.

Vou fazer 53 anos em dezembro e nunca pensei em chegar no meio–já pensei em ser jovem e velho, mas nunca pensei em estar no meio. Parece que quando muitas pessoas chegam à minha idade, eles começam a viajar. Você chega nesse ponto e pensa, “Que porra é essa? O que estou fazendo? O que vou fazer?” Parece que a Dorothy estava viajando em pivetes, homens-moleque, macacos voadores, o homem atrás da cortina, todas essas brisas.

OK, então você quer dizer que a Dorothy estava extasiada quanto às coisas estúpidas que homens fazem pra “achar a eles mesmos”?
Sim, ela acaba matando duas mulheres–duas bruxas, mas as outras mulheres são bruxas também, só que do bem. Então as escolhas das mulheres são um pouco limitadas, você tem que ser algum tipo de bruxa. Mas os homens tem todas essas brisas diferentes. E ela estava vendo todas. Ela está crescendo. Está analizando essas coisas enquanto vê esses caras passando por isso. Acho que deveríamos nos tocar disso agora, assim como eu fiz com a cena punk, porque se não você tem uma crise de meia-idade e surta.

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Você não passou por uma crise de meia-idade?
Acho que é uma crise de idade inteira. Não acho que esperou chegar à meia-idade. Acho que todos passam e é um pouco clichê falar sobre isso, mas você vê a galera que surta–caras com suas namoradinhas de 21 anos e o conversível tentando parecer um cara jovem-- e isso é meio bizarro. Ou ficar loucão e matar todo mundo no seu trampo.

Essa é provavelmente a pior crise de meia-idade de todos os tempos.
Pois é, é terrível. Mas muitos desses caras estão no meio de suas vidas e eles simplesmente falam, “Que se foda. Vou sair com todo mundo que está perto de mim”. Medonho, né? Talvez se questionássemos a nós mesmos mais cedo, não seria uma bomba-relógio.

Provavelmente esse é um bom conselho.
Na cena musical, a coisa toda é agir como se você fosse jovem quando não é. Como os Rolling Stones ou sei lá o quê, algumas vezes é meio ridículo. Quando o rock’n’roll começou, era música de gente jovem. Na verdade veio do R&B e do blues, então muitas pessoas mais velhas faziam isso, mas a idéia tinha sido vendida logo no começo como algo para jovens.

Não apenas com o rock’n’roll, mas como a maioria das novas formas de música, você sempre ouve falar que as pessoas mais velhas da época não entendiam.
Com certeza.

O punk rock era o mesmo lance–a geração antiga não entendia, e agora os fãs originais estão rapidamente se tornando a geração mais velha, então acabou se tornando muito mainstream. É difícil chocar alguém com isso.
Pois é, me falaram que agora existe uma peça da Broadway do Green Day.

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É verdade.
Eu encontrei o Billy Joe algumas vezes, mas não perguntei a ele sobre isso. Ele é um cara bacana. É engraçado porque eu sempre pensei que o punk se tornaria uma coisa estranha paralela. É brisa.

Quando era moleque, o Green Day foi a primeira banda pela qual eu era obcecado.
Bom, hoje em dia é até esperado que as pessoas jovens tenham passado por uma época punk. Enquanto que antigamente, sabe, nos anos 70, quando começamos, todo mundo odiava. Foi só depois que o hardcore surgiu no começo dos anos 80 que os jovens realmente começaram a curtir o punk. Realmente me surpreendeu o quanto foi aceito. E sabe essas lojas Hot Topic? Estavam me falando de uma dessas Warped Tour que existem lojas de shopping vendendo essas roupas.

Ah, é verdade, você nunca tinha ouvido falar da Hot Topic?
Bom, eu cheguei a tocar no palco Hot Topic no Warped Tour, mas pensei que era um lance tipo Donahue [antigo talk-show americano] onde você vai lá pra fazer um rap sobre algum problema. Não sabia que era o nome de uma loja.

É um lugar incrivelmente zoado.
Fazer suas próprias roupas costumava ser uma importante parte do punk.

Não mais, aparentemente.
O Richard Hell costumava rasgar suas roupas–pensávamos que aquilo era muito louco.

Agora você pode ir e simplesmente comprar sua roupa pré-rasgada na Hot Topic.
Acho que ainda existe elementos fortes do punk que foram passados. Algum moleque no seu quarto fazendo suas músicas–isso é punk. Não é muito um estilo musical pra mim, nunca foi. Era como um estado metal.

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Totalmente.
O mundo em si era muito doido. Sendo fodido na cadeia por uns cigarros, não é uma situação muito romântica.

Espera, o que ser enrabado na cadeia por um pigas tem a ver com ser punk mesmo?
Isso era uma gíria. Era isso que a palavra ‘punk’ significava.

Poxa, não tinha ideia disso.
Pois é, não era uma palavra muito bacana.

Eu fico me perguntando como essa palavra acabou designando o estilo de música.
Não sei. Só acho que esses caras queriam fazer a própria ceninha. Eles não encaixavam na cena de rock de arena que estava rolando. Eles simplesmente pegaram guitarras, baterias e baixos e tentaram fazer a sua maneira. Na cena eu conheci pessoas como o Raymond Pettibon, que me ensinou sobre Dada. Tinha muito disso acontecendo. Era como uma tradição, algo interessante. E sendo você da segunda geração, imagino que tenha outra mudança de gerações ocorrendo agora. Adolescente e mais jovens gostam disso, então você acabou virando um veterano.

É, eu tô chegando lá.
Isso foi passado pra vocês, e o que farão agora?

Não tenho idéia.
Como eu disse, antigamente, todo tipo de gente–artistas plásticos, poetas, escritores e ainda acho que existem essas tradições, então não acho que seja apenas as pessoas nas bandas que compõe essa cena. Antigamente, especialmente porque era tão underground, a maioria das pessoas odiavam. O pessoal do rock’n’roll especialmente odiava o punk. Mas os fanzines eram muito importantes, eles nos ajudaram a manter a cena junta.

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Isso será um problema. A mídia impressa está morrendo, é triste ver isso acontecendo.
Mas mesmo assim, os pensamentos podem se espalhar pela internet.

Isso é verdade, mas não existe nada como segurar isso na mão.
Realmente, é aquele lance “Eu criei isso, fui até a gráfica”, era paixão total. Dava pra perceber na escrita também. Não era sucateado, eram caras colocando tudo o que tinham nisso porque eles estavam fazendo tudo porque realmente curtiam. Isso não tem como ser substituído por nada.

Bom, e é tão fácil ir à internet, escrever alguma coisa e só apertar “publicar”. Enquanto para um zine você tinha que realmente se importar com o negócio o bastante para gastar tempo arrumando tudo, indo até a gráfica ou sei lá o que–é todo um processo.
E muitos desses caras, porque era assim que você descobria sobre os shows na sua cidade, você provavelmente acabava trombando depois dos shows. Isso tudo fazia parte. Acho que ainda poderia acontecer. A internet faz com que as coisas fiquem mais econo.

Eu queria te perguntar sobre essa sua fixação pela palavra “econo”. Sei que o documentário sobre o Minutemen se chamava We Jam Econo.
Pois é, é de uma letra do Minutemen. Naquele tempo, meu Deus, sei lá, a gente vinha de famílias trabalhadoras e não tínhamos muita grana. Tínhamos o bastante pra conseguir um ampli, um baixo, bateria e uma guitarra, e isso já era o bastante. Rolava uma idéia de que você tinha que ter algumas coisas materias pra fazer as coisas acontecerem, e foi através do movimento punk que falamos "não, não, você só precisa do necessário". O Minutemen tinha que trabalhar em outros lugares porque o locatário não aceitava shows como pagamento. Então tínhamos que fazer outros trabalho também–estávamos construindo a economia. Bem, esse também era o nome das vans, a linha Econo. Eu ainda dirijo uma dessas vans.

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Pois é, eu vi um vídeo seu representando a linha de vans Econo. Você realmente curte isso.
Bom, a van era o centro do universo da turnê. Era assim que você ia para as outras cidades, como você ia de um show ao outro, era tudo.

Se você não dirigisse um Econo, qual seria seu veículo preferido?
Boa pergunta. Nunca pensei sobre isso. Talvez um novo da linha Econo?

O que pode me dizer sobre o seu novo projeto, o Floored by Four?
Sim, acabou de sair. Eu estava tocando com o Nels Cline, com quem já fiz várias coisas. Ele é um cara que você pode simplesmente levar suas músicas pra ele e, mesmo que ele nunca as tenha escutado, consegue tocá-las logo de cara. Ele fez anos de improvisação.

Alguns anos atrás eu estava conversando com o Yuka Honda sobre o Nels Cline. Tinha o levado pra Tóquio pela primeira vez, e ela disse, “Eu não conheço ele”, e eu disse que ele conhecia as músicas dela, que ele é o tipo de cara com quem ela tinha que tocar. E o Dougie tinha acabado de me mostrar o estúdio dele em Manhattan e eu pensei, “Porra, vou escrever uma música pra cada um desses caras”.

Eu li que você gravou o álbum em três dias. Isso é verdade? É impressionante.
Bom, voltando aos dias de punk, isso até que era um tempo longo. Pra gente não era incomum gravar um álbum em uma noite ou algo assim. Fazendo jams econo. Faziamos a noite porque era metade do preço.

Eu sei que você sempre curtiu misturar gêneros, mas esse parece ser um novo patamar musical pra você. Sua cabeça doeu de tanto misturar sons diferentes?
Com o Minutemen conseguia jogar qualquer coisa pro D. Boon, e era isso que eu fazia. Eu pensava num tipo de som e jogava, ele pegava a guitarra na hora. É como uma tradição. Pra esse projeto eu estava pensando em cada pessoa, sabe. Tentei fazer uma linha de baixo especialmente pra cada um deles. Não tinha idéia do que fariam com as músicas depois que tivesse mandado as linhas pra eles. As músicas eram apenas bebês, eram eles que as transformariam em adultos. E é assim que faço a maioria das minhas composições no baixo, porque as políticas, a física das coisas, é tudo muito estranho. O baixo é o rejunte dos azulejos. É só potencial, todas essas linhas, todas a músicas que eu escrevi pra esse projeto. Eram esqueletos para os outros trabalharem em cima. Além disso, eu dei o nome deles para cada trilha, o que me deu um certo foco.

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Então você escreveu as linhas de baixo e eles massificaram cada uma das outras partes?
Eles sabiam onde eram cada uma das paradas–os começos, os finais--, mas eu não falei pra eles que tipo de melodias, harmonias e ou síncopes eram pra ser usadas. Isso vem tudo deles. Mas é, eu comecei com o baixo. O baixo tem um certo clichê, que é como se você tivesse que ser o cara nos fundos que se adiciona no final. Por isso acho engraçado começar com o baixo. Mas esse é o objetivo da minha vida, tá beleza.

Entendo como isso faz sentido, começando com o baixo, porque é como você estava dizendo, a cola que segura tudo junto. Parece ser um ótimo começo.
Não dava pra pensar nisso, especialmente quando eu comecei. Estava muito embaixo na hierarquia. No R&B o baixo era gigante, mas no rock de arena dos anos 70 era lá embaixo. É como quando você coloca o seu amigo bobão na zaga nas aulas de educação física.

O baixo é seu amigo bobão?
É mais ou menos. Você joga ele na zaga onde a bola não rola muito. Mas quando o punk chegou, o baixo ficou muito mais forte. Acho que isso acontecia porque muitos ali estavam começando juntos, então era tudo igual pra todos.

Eram todos amigos bobões na zaga.
Haha, pois é, isso nos ajudou bastante. Hoje em dia muitas crianças aprendem a tocar baixo como seu primeiro instrumento. Mas sabe, mesmo que seu instrumento seja um apito de salsicha do Alabama, ou seja lá o instrumento que você toca, é válido. Todos esses estereótipos musicais são engraçados.

Espera, o que diabos é um apito de salsicha do Alabama? É o que eu penso que é?
Haha, na verdade não foi minha decisão de começar a tocar baixo–a mãe do D. Boon é que fez eu tocar. Ela simplesmente achava que toda banda tinha que ter um baixista. Talvez ela só quisesse que eu ficasse com o baixo e o D. Boon com a guitarra. Você precisa de várias cores pra fazer um arco-íris, certo?

Gostei especialmente da música da Yuka, tinha uma letra estranha que me fez pensar em ciganos estranhos na rua que cospem conselhos mórbidos para os transeuntes–“Dos olhos d’água, a água flui”, ou “Dos olhos da luz, a luz nasce”.
É meio retardado isso, né? É claro que a água flui d’água. Quando foi a um show do Stooges, ela começou a dançar na mesa. Ela disse, “Eu venho fazendo música de menininha, eu quero tocar rock’n’roll!” Então pensei em escrever uma música de rock pra ela. Quando penso em rock’n’roll, penso no Little Richard, “Tutti frutti, oh Rudy”. Acho que tem algum código nisso aí, mas ele canta com tanta paixão. Algumas vezes no rock parece que não importa muito o que as pessoas estão cantando. Me lembro a primeira vez que ouvi “Purple Haze”, do Hendrix, eu pensava que ele tava falando “Excuse me while I kiss this guy”. Foi só depois de muito tempo que descobri que era “while I kiss the sky”. Eu não sabia o que era. Isso sempre acontecia.

Então você não pensava que era uma metáfora para drogas, mas algo como “segura aí que eu tenho que dar uns pegas nesse cara”.
Haha, sempre me fodo com palavras. Muitas vezes nem se imprime as letras em alguns álbuns, eu não sabia. Rock’n’roll é mais sobre como você faz, e algumas vezes eu ficava decepcionado quando descobria o que realmente significava.

O que você faz quando não está tocando?
Eu curto caiaque. Eu faço nas terças, quintas e sábados. Gosto de andar de bicicleta também. Comecei a andar de caiaque uns oito anos atrás e bicicleta faz mais de 14 anos.

Você tem um horário pra caiaque?
É. Se alternar os dias, dá um descanço pro meu joelho. A bicicleta às vezes pesa um pouco para os que tem joelho fraco, mas é muito firmeza, eu não andava de bike fazia 22 anos porque tinha comprado um carro quando tinha 16. Eu era um escroto e achava que bicicleta era coisa de criancinha. Mas eu não curto carros tanto assim, nunca usei jaqueta da Nascar ou algo do tipo.

Sem bermudinha de ciclista?
Haha, não, sem bermudinha. Eu não sou muito rápido, me leva duas horas e meia pra fazer 25km à tardinha. Basicamente, eu fico escutando as coisas. Quando dirigia, nunca consegui escutar, mas com a bike eu escuto os pássaros. Vivendo aqui em [San] Pedro, você tem o oceano e as montanhas, os porões e as docas–é bom pra mente também, não é só coisa de esportista. Ajuda o corpo um pouco.