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Art Talk

O GUIA GAVIN HAYNES PARA O FILME DO BANKSY

Banksy. Ele é um 'artista marginal', não é? Isso quer dizer que ele não segue as convenções tradicionais de arte: expor em galerias, ser bom, etc. Nada. Ele é um renegado; um homem para o qual a própria vida não é só a inspiração para tudo o que faz, mas também a tela sobre a qual ele trabalha. Ele é a justaposição sutil do metafórico. Tipo:

Sacolas ('bags') do mercado Tesco + alunos = TESCO SACAL/TESCO BAD
Ronald McDonald + massacre de My Lai = MCDONALDS DO MAL/MACDONALDS BAD.
Adolf Hitler + pão branco = PÃO BRANCO É RUIM PRA VOCÊ.
Jeff Bridges + Uma Caixa de Cornflakes = JEFF BRIDGES AMA CORNFLAKES.

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Claro, as últimas duas foram só extrapolações da tendência geral. De uma maneira geral significa que, graças ao seu sagaz uso do simbolismo e das paredes, Banksy conseguiu muita grana. Agora, ele está pronto para pixar sua marca alegre em uma audiência maior, e menos exigente do que a apreciadora de muros, através do seu filme Exit Through The Gift Shop.

Então o que poderia estar no filme?
Os que já assistiram o defendem como sendo um 'mockumentary' que começa tentando 'documentar' a cultura da arte marginal antes de se transformar em uma coisa completamente estranha, mais sombria. Mas quem quer acreditar nessa gente quando é mais legal imaginar um enredo plausivelmente implausível nele?

Enredo Um:
Um Dia Na Vida Do Tio Sam. Se estendendo ao longo de duas horas, é como um devaneio de um cartunista político mediano: escabroso, esquentadinho, mais-idiota-que-esterco. Em outras palavras, perfeito para agradar ao público.
Tio Sam, acorda, DESFILADEIROS numa LATA DE PETRÓLEO (simbolizando a dependência norte-americana do petróleo, pela qual eles precisam perpetuar uma política externa deplorável no Oriente Médio). Ele vai ao banheiro. O banheiro é um grupo de crianças palestinas, nas quais ele MIJA, representando os EUA mijando na cara das crianças palestinas.

Tio Sam sai da casa e encontra um amigo, JOHN BULL. Os dois saem por aí, alertando as pessoas sobre a ameaça de o céu desmoronar (SIMBOLISMO: O MITO DO TERRORISMO INTERNACIONAL). Começam uma guerra ilegal sob um falso motivo e assinam uma rendição extraordinária com "Fight 4 This Love", da Cheryl Cole (SIMBOLISMO: RENDIÇÕES FORÇADAS SÃO UM CRIME CONTRA A HUMANIDADE).

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Mais tarde, se encontram com GEOFF ISRAEL, que tem manchas das polpudas cartilagens das crianças palestinas que comeu em volta da boca. (SIMBOLISMO: NENHUM). Jogam pôquer pelo destino da população faminta com um bando de banqueiros corpulentos. Depois, derrotados, entram num carro e dirigem rumo a um precipício, à la Thelma e Louise. SIMBOLISMO: MERECEMOS UM OSCAR.

Enredo dois:
Banksy e Michael Moore em: Laughing All The Way To The Banksy.

Banksy e Moore apresentam um documentário completamente imparcial de insights do capitalismo. Vão atrás de respostas sobre o estado da economia moderna de mercado e descobrem algumas verdades verdadeiras: o capitalismo é, na verdade, o jeito mais eficiente de uma sociedade produzir bens e serviços; a maioria das 'conspirações' são pilhas de evidências circunstancias e banais; que a única maneira de manter o mundo seguro é o Ocidente ter o poder com exércitos caros e, assim, agir como a polícia do mundo para deter estados velhacos; e tudo isso enquanto ir ver um pouco de radicalismo licenciado no cinema pode fazer as pessoas acharem que "expandiram seus horizontes", não vai mudar em nada suas crenças básicas na livre iniciativa e a importância de um bom contrato com a operadora de telefonia.

Enredo Três:
Quem é o Bansky?
Banksy é um misterioso renegado. Esse é um filme com um ENIGMA no CENTRO. Quem é Banksy? O que é Banksy? Por que Banksy? Como é o Banksy? O que o Banksy vale, em termos de impostos? Os cineastas vão atrás do enigma, mas na verdade nunca encontram o homem por trás do mito. Cada pista revela uma rua sem saída. Cada momento de insight leva a um vazio. Ainda assim, no final, o cineasta vira pra câmera e chega a um momento de compreensão. "FOI AÍ QUE ENTENDI QUE O BANSKY ESTÁ, NA VERDADE, ENTRE TODOS NÓS".

Enredo quatro:
Amantes de arte
Banksy e Sandra Bullock finalmente se juntam nas telas. Ela interpreta uma jornalista tentando rastrear o misterioso gênio da arte renegado Bankelstein. Ele interpreta o Bankelstein – um menino selvagem torturado inclinado a agir impulsivamente, mas com um coração de ouro puro. A maior parte da trama é chupetada do Cool As Ice, do Vanilla Ice, de 1991 (hoje reconhecido por cinéfilos como o proto-8 Mile). As partes que não são, são copiadas de Notting Hill. Seu coração gelado vai derretendo devagar, e acaba numa declaração ao estilo Digam O Que Quiserem de carinho eterno quando o Banksy pinta sua cara em um coração ao lado de um conjunto habitacional no centro de Belfast. O Tio Sam mija numa criança. O Jeff Bridge rumina uma tigela de sucrilhos.

GAVIN HAYNES
TRADUÇÃO POR EQUIPE VICE BR