A relação das pessoas com a moda e a cidade
Fotos por Bruno Bralfperr/VICE.

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A relação das pessoas com a moda e a cidade

O fotógrafo Bruno Bralfperr retrata, em 'Documenta Moda', como as pessoas escolhem se vestir em São Paulo.

"São pessoas que se expressam através da maneira de se vestir, muito peculiar. Cada uma dessas pessoas não segue nenhuma ditadura de moda ou de marca". É assim que o fotógrafo paulistano Bruno Bralfperr apresenta o projeto Documento Moda.

Formado em cinema, Bruno trampa e convive com a moda comercial diariamente e esse lance o fez ver a moda sob outra ótica. "Minha temática de trabalho se desenvolve em explorar a relação das pessoas com as cidades. Meus projetos estão relacionados com a cidade, com o urbano. O ser humano se relacionando com a cidade", explica.

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O projeto explora uma identidade urbana nas pessoas da maneira em que elas se vestem. Saca só alguns retratos do Documento Moda:

Foto: Bruno Bralfperr/VICE.

Loïc Koutana, 23 anos

VICE: Qual o manifesto que rola a partir do seu estilo?
Loïc: Desde jovem sempre entendi a importância de ser único, de se afirmar e ser diferente. A moda e o estilo e vestimenta sempre foram o melhor jeito para me expressar. Cresci em Paris e por não termos uniforme escolar, criei meu estilo de um jeito mais simples. Sendo de um outro lado africano — da Costa do Marfim, Congo e Bénin, esse choque de cultura me ajudou através dos anos..

Como São Paulo te inspira a compor seu look?
O Brasil é um país multicultural. Em SP me dei conta de que as pessoas se expressam muito através das suas roupas, de um jeito até mais bruto e radical que na França. Posso me permitir usar brincos artesanais (feito pelos artistas do Centro), roupas de brechós, chapéus baianos ou criação dos novos criadores brasileiros do SPFW, por exemplo. Não parece ter limites, o que acho muito estimulante.

Foto: Bruno Bralfperr/VICE.

Eduardo Araújo (Dudx), 27 anos

VICE: Quando seu look está arrasador, por onde você anda em SP?
Dudx: Trabalho na noite e faço algumas performances em algumas festas como A Dando, A Dusk, ODD, Festa Estranha, de clubkid. Permeia esse campo da noite como performer e clubber. Exibo bastante o que eu crio de look, mas também gosto de sair casual.

Existe alguma mensagem que você queira passar com a sua roupa?
A primeira coisa que eu penso em vestimenta é liberdade, identificação, misturar as coisas, vários estilos em uma coisa só. Somos seres que agregam outras informações e mostrar a diversidade, acho que a gente pode e deve se expressar. Viver é uma arte e se vestir também é parte dessa arte.

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Foto: Bruno Bralfperr/VICE.

Natália Lopes, 22 anos

VICE: O que você diz com o seu look?
Natália: Eu penso em mostrar a minha personalidade através das roupas que eu uso, acho que o style diz tudo sobre a pessoa.

Por onde você anda em SP que mais te inspira a ousar?
Eu frequento muito festas undergrounds em SP e é nessa cena que eu me inspiro totalmente.

Foto: Bruno Bralfperr/VICE.

Carol Angélica, 30 anos

VICE: Qual a mensagem você quer passar com seu estilo?
Carol: Não penso em uma mensagem ou manifesto quando me visto… Roupa pra mim é conforto no sentido de me sentir confortável com o que estou usando, não apenas fisicamente, mas emocionalmente também. Não acompanho modas ou tendências, uso o que me faz sentir bonita e confiante comigo mesma, mesmo que para os outros não faça muito sentido.

Como a cidade te inspira a compor seu look?
A cidade em si influencia na praticidade do que escolho para usar. Se eu sei que vou passar o dia inteiro na rua, no corre, tento vestir algo mais confortável e de acordo com o clima. Se vou sair pra noite, consigo usar algo mais elaborado. Independente de qual cidade ou lugar eu esteja, acho que a essência não muda.

Foto: Bruno Bralfperr/VICE.

Catharina Bellini, 26

VICE: Como São Paulo te inspira a criar seu look?
Catharina: A influência de brilhos e cores vêm muito das noites de techno, cheia de drag queens incríveis e maravilhosas. Acho que a roupa cria uma identidade muito forte, visualmente falando, mas identidade é algo que se demora muito para construir. Provavelmente, daqui um tempo, eu não me vista igual como me visto agora. mudamos gostos, pensamentos a todo momento.

O que vai além do look do dia?
Estou numa fase de muita força e energia e talvez seja isso que passa para as pessoas, na hora que me visto, vou montando o look intuitivamente, às vezes saio toda de vermelho e reparo que é lua cheia, lua cheia deixa a gente cheio de energia, né?

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Foto: Bruno Bralfperr/VICE.

Yan Higa, 21 anos

VICE: Pra você, qual a relação entre a moda e SP?
Yan: São Paulo tem uma relação muito especial com a moda, por estar no Brasil, ser uma metrópole e ser um epicentro de miscigenação. Aqui existe uma riqueza cultural muito absurda. Surge uma subversão de pessoas se expressando que adquirem referências de todos os lados desse lugar central que é São Paulo.

Quais os rolês em que você encontra uma galera com o look arrasador?
Desde que descobri a noite de música eletrônica, de dance music em São Paulo, comecei a ter contato com pessoas esclarecidas com a moda, justamente, nesse aspecto da pessoa estar expressando a própria personalidade. São essas pessoas que me inspiram nesse aspecto, mas, acredito que [mesmo em] muitos rolês que não sejam da noite, sempre vou encontrar uma pessoa se expressando.

Exposição na Invision vs Kulturkreis
01 de Novembro - 23h
Rua Dom José de Barros, 337, São Paulo
Ingressos no link.

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