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Μodă

Moda em Aviões de Espionagem

Muito antes de o Daft Punk levar a elegância anônima a novos patamares havia esses caras, os pilotos do avião de espionagem SR-71 Blackbird. Alinhados, com trajes pressurizados e viseiras reflexivas, olhares frios inabaláveis e uma postura ligeiramente...

Muito antes de o Daft Punk levar a elegância anônima a novos patamares havia esses caras, os pilotos do avião de espionagem SR-71 Blackbird. Alinhados, com trajes pressurizados e viseiras reflexivas, olhares frios inabaláveis e uma postura ligeiramente estranha, conseguiam parecer bem durões, apesar de os sapatos grandes parecerem coisa de palhaço. Claro, posar em frente ao que já foi o avião de espionagem mais avançado do mundo ajuda.

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Inventado no começo dos anos 60 para ultrapassar mísseis soviéticos enquanto tirava fotos, o SR-71 Blackbird se tornou um ícone na hora, com seu corpo todo preto e formato elegante. Operando no limite do espaço, conseguia facilmente atingir a marca do Mach3 – viajando de Nova York a Londres em menos de duas horas.

Só que voar tão alto criou alguns dilemas de moda. Primeiro porque seu sangue literalmente começa a ferver a 18 mil metros – e o SR-71 operava a 25 mil metros. Depois ainda tinha o calor causado pelo atrito com a atmosfera, o que fazia com que o interior da aeronave chegasse a 120ºC. Por último havia a perspectiva assustadora de ter que se ejetar a três vezes a velocidade do som, quando as temperaturas chegavam a 230ºC assim que você entrasse em contato com o ar.

Pra combater tudo isso, a Força Aérea chamou a David Clark Company, de experts em trajes espaciais, para fazer um equipamento que protegesse os pilotos – e fosse bonito. Baseando-se em roupas espaciais anteriores, mas projetando especificamente para vôos de grande altitude, a empresa resolveu confeccionar um traje de pressão completo especialmente para o SR-71. O resultado foi o David Clark S1030 – de um laranja confiante, que, para quem o vestia, mais parecia uma mini e independente nave espacial.

Como as roupas e luvas da NASA, o traje é composto por uma série de camadas, que vão desde um “forro confortável” no interior a uma cobertura de Nomex® por fora. Acessórios incluem uma provisão interna de oxigênio, para o caso de ejeções, uma lista de “tarefas” em cada braço e um tubo de alimentação para o consumo de refeições insossas a caminho da Rússia. Aparentemente, as opções do menu incluíam bife e molho de carne, pudim de butterschotch, pêssegos e suco de maçã. Ao voar para as áreas de risco, quando a viseira deveria ser baixada, não só seu visual ficaria completo, como o fornecimento de ar seria ativado.

Uma vez vestido, o traje S1030 era completado com as já mencionadas botas gigantes, que eram propositalmente dois tamanhos maiores porque a roupa envolvia os pés do piloto. O traje contribuiu com os excelentes índices de segurança do SR-71, tendo apenas uma fatalidade no interior da aeronave ao longo de toda sua história operacional. Uma versão para as mulheres foi feita em 1991, quando Marta Bohn-Meyer se tornou a primeira e única mulher a voar neste avião.