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A Da Chick levou-me a uma horta urbana

E saímos de lá com piripíri para fazer um cocktail de whisky.

Quando me falavam de hortas urbanas, era assaltado por imagens de couves e canteiros feitos com restos de PVC por entre os rails do eixo norte-sul. Por isso, quando a Da Chick me desafiou a ir com ela a uma horta urbana, preparei-me psicologicamente para atravessar uma estrada a correr com automóveis a circular acima dos 120 km/h, pular as barreiras e rebolar sobre ervas daninhas. Felizmente, essa realidade só existia na minha imaginação, constantemente regada com café e demasiado tempo livre. O ponto de encontro foi o sereno quintal da Casa Independente, um espaço situado no renovado Largo do Intendente, em Lisboa, que, além de ter uma excelente programação, deu o chuto de saída (no Intendente não se diz “pontapé”) para um projecto de hortas urbanas na Mouraria. Assim que lá cheguei, percebi que era um daqueles sítios que tem impacto directo no meu batimento cardíaco e no número de cigarros consumidos por hora, coisa que geralmente me incomoda: essa história de me “sentir bem” e de não roer as unhas… A Da Chick sabia bem pelo que eu estava a passar. Gerir essa incapacidade de reduzir a voltagem era exactamente o cerne desta aventura. Mas porquê uma horta urbana e não um parque ou jardim? Debrucei-me sobre essa questão numa conversa que envolveu chá de hortelã, beringelas, piripíri, cocktails e chilrear de pássaros. A falta de conclusões a que chegámos reflecte precisamente o sucesso da aventura. Fiquei a saber que numa horta a Da Chick entra em modo chill out. Em vez de gritar e saltar, conversa com plantas e encontra toda a calma necessária para seleccionar os melhores ingredientes para um bom cocktail. No fundo, esta aventura, que passou por tudo o que não é evidente na urbe, merecia uma soneca no final. O que sobrou de citadino alojou-se nas temáticas e não na intensidade da conversa e às cinco da tarde dei por mim a beber chá enquanto a Da Chick fazia uma incursão pela horta vertical. Acabámos por classificar a beringela como o vegetal mais groovy e mellow do planeta. E, acredites ou não, este chá das cinco foi levado a sério. Chegou mesmo a acontecer uma troca de receitas. A Da Chick confessou que se derrete de gula por pedaços de maçã cobertos com mel. E eu passei-lhe a receita ideal para qualquer maleita, o Badass Tea, à base de whisky, mel, limão e água a ferver. Fui eu que o inventei, caso não tenhas reparado. Não te iludas, esta garota não vai acabar a cantar folk com flores no cabelo, mas ficou em aberto a possibilidade de criar uma versão hortícola da Carmen Miranda. Se quiseres beber um Badass Tea com piripíri da Casa Independente, aponta aí: Largo do Intendente, n.º 45
1100-285 Lisboa Telefone: 218 875 143 Fotografia por Hell Yeah PASSATEMPO: Garante o acesso à festa NAU Secret Club e ganha uma viagem a Londres!
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