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cinema

Filmes: Ronaldo, o Bárbaro

Não é para qualquer um.

Ronaldo, o Bárbaro
2013
6/10 Ao ver Ronaldo, o Bárbaro, mal podia acreditar no que estava a ver. Este filme dinamarquês, mostra logo nas primeiras cenas que não se trata de um filme convencional de animação. Nem mesmo os trailers esgotam a surpresa. Fiquei de facto admirado com a coragem de fazer (e distribuir) um filme de animação exclusivamente para adultos. Como posso descrever este filme? Bem, é um Conan em animação, feito pela equipa de Jackass e com a ajuda dos guionistas de Family Guy. Percebem a ideia, certo? A personagem principal é Ronaldo, um bárbaro lingrinhas e pouco confiante que destoa dos musculados e exageradamente presunçosos guerreiros da sua tribo. Entre os bárbaros, todos os homens e mulheres estão preparados para combater e destroçar os inimigos. Ronaldo, não. É um inapto nas artes do combate e é motivo de chacota por parte de todos, à excepção do seu tio que ainda não desistiu de o tornar num guerreiro.  Quando os bárbaros são capturados pelas tropas de Volcazar, cabe a Ronaldo resgatar a sua tribo. A ideia de enfrentar um exército tresloucado de guerreiros em látex e cabedal, com tendências sadomasoquistas, não agrada muito a Ronaldo, que parte contra a sua vontade e sem acreditar no bom desfecho da sua demanda.  Durante a viagem é acompanhado por uma escudeira-solteira, um bardo metaleiro e um elfo de sexualidade ambígua e apaixonado por teorias new-age. Este grupo é uma paródia aos estereótipos dos filmes épicos e de fantasia, estando ao serviço dos realizadores para levar cada cena ao extremo do ridículo e do politicamente incorrecto. O conteúdo sexual é bastante explorado. Exagerado por vezes. Os testículos de Ronaldo estão sempre em relevo, desde o seu encontro com uma tribo de amazonas esfomeadas (onde é usado como escravo sexual das guerreiras), ou como alvos para as setas de fadas. Apesar de a sua originalidade, ousadia e irreverência serem pontos muito positivos, Ronaldo, o Bárbaro não é para qualquer um. Para se apreciar um título assim, é necessário ter-se gosto pelo humor negro. Em termos de animação, esta está muito aquém do que se espera. Numa altura em que as produções europeias e africanas apresentam a mesma qualidade que os filmes da Pixar ou da Blue Sky Studios, a animação de Ronaldo, o Bárbaro parece relativamente fraca. Ronaldo, o bárbaro é um épico com tomates e sobre tomates, falado em português, numa dobragem pouco púdica, apoiada pelo uso dos palavrões da língua portuguesa, e digna dos mais inspirados diálogos de Balas e Bolinhos. Um filme onde vão encontrar tudo o que o tio Walt Disney não colocaria num filme seu.