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Música

Entrevistamos a Canadense Jessy Lanza

E perguntamos para ela por que o seu próximo disco deve se chamar 'Hipster Ratcunt' (algo como 'cuzona hipster').

Enquanto a Jessy Lanza continua sua turnê pela América do Norte, conversamos com a nativa de Hamilton, no Canadá, sobre a sua estranha cidade natal, o cara que dança no clipe de "Kathy Lee" e por que seu próximo álbum pode se chamar Hipster Ratcunt .

THUMP: Você tocou no SXSW pela primeira vez esse ano. Como foi?
Jessy Lanza: Foi uma bagunça, mas eu me diverti muito. Apesar de ter sido bom, o festival foi tipo um gatilho de crises de ansiedade – o estacionamento, a quantidade de pessoas, etc. Fiz vários shows ótimos e nunca tinha tido uma experiência como essa.

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Qual é a influência da sua cidade natal, Hamilton, na sua música?
A cena artística de Hamilton não é das mais chamativas. Nós não somos um grande centro artístico, como Montreal, Toronto ou outras grandes cidades canadenses. Eu acho que as pessoas que fazem música aqui fazem porque sentem vontade. O resultado é bem estranho.

Nem tudo nisso é bom, mas costuma ser bem interessante. É um bom ambiente para experimentações e para saber que você está num lugar de onde vão sair mais artistas. Não é um lugar onde te julgam. Ninguém faz carão em Hamilton. Ninguém lá faz música porque acha que vai fazer sucesso.

Isso me influenciou, de certa forma. Eu sempre fiz música e nunca soube se o que eu fazia iria dar certo, no sentido performático, ou se eu iria ser uma professora pelo resto da minha vida. E assim Hamilton influenciou minha perspectiva do mundo musical.

Há pouco tempo você estava fazendo um mestrado em música.
O mestrado era muito puxado e eu sabia que não ia dar certo. Eu larguei ele bem rápido, tava com pouca grana. Fiquei um tempo em Toronto, mas aí fiquei sem dinheiro e voltei pra Hamilton. Não tinha outra opção.

Qual foi a influência desses elementos teóricos e clássicos no seu trabalho?
Eu não me importo muito com esse meu treinamento clássico. Eu tento não colocar nada que aprendi na universidade na minha música. Pra mim, isso sempre dá merda. Nem todo mundo consegue fazer isso. Mas eu não estou dizendo que intelectualizar sua música não dê certo para algumas pessoas.

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Aproveitei muita coisa que eu aprendi quando estudei jazz. Uma das primeiras coisas que você aprende é a escutar a música dos outros com atenção – analisar a linha de baixo, os acordes. Eu sempre faço isso quando escuto samples ou progressões harmônicas que acho interessantes. Meu estudo me ajudou nesse aspecto, mas eu tento não ligar as duas coisas.

Como foi o seu processo criativo com o Jeremy Greenspan (do Junior Boys) nesse seu álbum?
Eu sempre começo a faixa a partir da bateria, porque é a parte que acho mais divertida. É a parte mais fácil pra mim. Sempre tenho um monte de samples de bateria que eu quero usar. Começo assim, aí coloco alguns acordes por cima e adiciono uma melodia de voz – basicamente um rascunho de música. Se valer a pena, eu mostro pro Jeremy e ele leva a música pro estúdio e dá uma encorpada nela. A partir daí a gente passa a música um pro outro até ela estar pronta pra mixagem.

Eu tenho um monte de músicas meia-boca, não finalizadas que nunca deram certo. Normalmente a gente trabalha independentemente, cada um em seu estúdio, até o fim do processo. Aí fazemos a mixagem juntos.

Como começou o seu envolvimento com a Hyperdub?
O Jeremy e o Steve Goodman são amigos desde adolescentes. Quando a gente estava pensando em gravadoras que poderiam lançar nossa música, pensamos na Hyperdub, mas nunca achamos que ele iria gostar do nosso trabalho. O Jerry tocou algumas faixas pra ele, e ele, surpreendentemente, gostou.

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Jed, o cara que dança no clipe de "Kathy Lee", é uma lenda local em Hamilton. Como você o recrutou?
Primeiro eu pensei que pudesse encontrar ele na rua, já que ele está sempre por aí. Mas ele tem uma página no Facebook e foi por lá que eu falei com ele. Perguntei se ele estaria interessado em participar e se a gente poderia se encontrar. Ele ficou interessado, então nos encontramos e discutimos a ideia. Mostrei a música pra ele e ele gostou bastante.

Ele é um cara bem espiritual. Ele disse tipo: "Qualquer coisa pra te fazer feliz, quero fazer o que traz felicidade pra sua vida", umas merdas dessas. Um cara bem massa.

Na sua última aparição no THUMP te chamaram de hipster ratcunt ("cuzona hipster") e feminazi whorebag ("vadia feminazi") nos comentários. Você twittou sobre isso depois, perguntando qual dos dois seria o melhor título pra um CD.
Ah, hipster ratcunt, com certeza. A combinação de palavras é bem musical. Muito bom. Feminazi whorebag até que é legal, mas o outro é bem mais chamativo.

I knew looking at youtube comments would be a mistake but on the upside i think I know what I'm gonna call my next album

— Jessy Lanza (@jessy_lanza)

April 29, 2014

toss up between hipster cuntrat or femanazi whorebag

— Jessy Lanza (@jessy_lanza)

April 29, 2014

Falando em novo álbum, no que você anda trabalhando?

Eu estou na vibe de viajar. Tenho um monte de projetos em andamento e espero ter algumas semanas pra terminar tudo, quando for pra casa. O plano é que o lançamento aconteça até o final do ano – cruzem os dedos.

Você pensa em manter o som consistente com o que você fez em "Pull My Hair Back"?
Eu tô começando a mudar minha ideia de como as minhas músicas tem de soar. Eu não tô tentando fazer nada extremamente diferente de propósito. Não vou mudar do nada e lançar um álbum de música eletrônica. O álbum vai ter grandes influências do R&B.

São duas da manhã em Hamilton e você bebeu um pouco. Seu estômago está roncando. Aonde você vai?
Tem esse restaurante, o La Luna. O falafel deles é ótimo. Eles fazem couve-flor empanada, tomate e tal. Soa meio nojento, mas é muito gostoso. É o melhor lugar.

Como todo o resto do planeta, Sasha Kalra tem uma conta no Twitter. Você pode seguí-lo em @sashakalra.

Tradução: Ananda Pieratti