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alfredo jaar

É arte, é reacção

Reagir é sinónimo de insurgir.

Já repararam nas polainas que esta mulher tem?

Reagir é sinónimo de insurgir. E é isto que se pede ao olhar de um artista. Que se insurja com a realidade e exponha outra. Se não conseguir fazer isso, ao menos que corte uma das orelhas, como o Van Gogh. Não esperamos menos do que um gajo que nos confronte, que nos coloque na zona de desconforto, que nos obrigue a pensar duas vezes quando vemos o trabalho dele. Muitas vezes, experimentamos náusea e tentamos perceber como o artista conseguiu pintar aquela tela com as próprias fezes, mas esperamos sempre que o artista crie novas interpretações e lute contra os lugares comuns. É uma luta contra o

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status quo,

é uma cena interior e espiritual

,

tal qual como quando queremos partir coisas aos pontapés ou candidatarmo-nos para entrar na

Casa dos Segredos

.

Para isso, para reagir, precisamos de um exército e foi isso que o projecto Reakt fez: juntou um grupo de artistas, convidou-os a vir a Guimarães e pediu-lhes para reagirem à cidade. Assim, artistas estrangeiros como Alfredo Jaar, Lee Mingwei ou Colin Fournier e nacionais como Ângela Ferreira, Carlos Bunga, Pedro Barateiro ou Vasco Barata são a insurreição. Uma espécie de resistência francesa infiltrada que foi convidada a desenvolver trabalho sobre algumas áreas do concelho de Guimarães.

As intervenções abordam vários espaços como a Fábrica Asa, o Instituto de Design, mas também estão espalhadas pela cidade, é uma ocupação do território, como na Faixa de Gaza ou nos Montes Golã. A parte boa desta acção militar é que os artistas são convidados a partilhar o processo criativo com a comunidade e o público em geral. Assim, a maior parte dos trabalhos envolve interacção. Quem quiser realmente participar tem de se imiscuir. É recrutamento, é tropa. Como o chamamento do Tio Sam: "I need you…to Reakt!"