​O Maior Babaca da Mídia Online

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Tecnologia

​O Maior Babaca da Mídia Online

Gente como Emerson Spartz faz da internet algo sem sentido.

A vida de produtor de conteúdo é difícil, às vezes. Já que esperam que você seja um 'escritor', lhe dizem para 'desconstruir tudo'. Porém, desconstruir tudo na forma de artigos não deixa espaço para soar entusiasmado com nada. Só fica parecendo que todo mundo ao seu redor está viralizando com base em tudo que você não faz, e o conteúdo que você deveria 'cobrir' em busca de loucas visitas escrito em uma voz que apele ao grande público é um exercício inútil otimizado para um jovem adulto que 'acaba de sair da faculdade' que deveria ser devorado em troca de 'experiência formal' [através de péssimos salários].

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A chave para o sucesso em qualquer profissão é o entusiasmo. Projetar uma crença genuína no seu lugar no mundo/emprego/vida é a mais importante característica/habilidade quando se fala de sucesso/bem-estar financeiro/autorrealização. Acredite em si mesmo, em seu trabalho, acredite que o tempo gasto no seu trabalho está mudando o mundo e/ou você de forma significativa e quantificável. O entusiasmo te dará forças para 'ascender dentro da empresa' ou servirá de combustível para 'se tornar um empreendedor de sucesso' [através da crença em sua visão/produto].

O entusiasmo leva ao sucesso. Acredite que cada ação permite que você 'cresça' e se torne 'algo melhor'. Não seja subversivo ou questione seu emprego/carreira/vida/indústria – não há nada a ser desconstruído. Todo mundo só quer saber que você está 'dentro', querendo tornar uma ideia em sucesso [através da segurança financeira em piloto automático e diversificação em rumo à indústrias semelhantes].

Uma das minhas maiores influências na produção de conteúdo é Emerson Spartz, mas não de um 'jeito bom'. Ele é um caso sucesso que me faz perceber que estou 'fazendo tudo errado' e nunca serei bem-sucedido neste ramo. Estou em uma posição indesejável na pirâmide de minha indústria de conteúdo e há um teto muito baixo para a escalabilidade de meus textos [através de 'ideias supostamente intelectuais' de 'apelo' limitado].

Emerson Spartz é uma 'figura'bem conhecida na internet, responsável pelos piores websites que você nunca leu. A New Yorker já traçou um 'perfil' seu como o "Rei dos Cliques" e há também matérias na Esquire que deveriam fazer você odiá-lo. Basicamente, ele começou um site bem popular sobre Harry Potter que teve milhões de visualizações 'quando era adolescente'. Então ele 'descobriu o segredo para viralizar' e agora tem uma empresa de mídia com zilhões de silos de conteúdo, gerando altas pageviews, curtidas, compartilhamentos e retuítes. Sua empresa é altamente dependente desse negócio de 'viralizar' com artifícios de memes para idiotas compartilharem no Facebook, e além disso, também testa manchetes para determinar as mais clicáveis descrições possíveis.

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Emerson Spartz 'se orgulha' de usar dados para 'dar às pessoas o que elas querem' [através de memes imbecis]. Ele dará às pessoas o conteúdo que elas querem mesmo porque 'o big data de cliques' o ajudará a liberar o poder do conteúdo viral.

"Para mim, a viralidade é o mais próximo que podemos chegar de ter um superpoder. Se você pudesse viralizar as coisas, poderia mudar os resultados de eleições, derrubar ditadores, poderia iniciar movimentos, revolucionar indústrias…"

-Emerson Spartz

Emerson Spartz é um 'caso de sucesso'. Ele expandiu sua(s) ideia(s). Ele 'ganhou dinheiro' e tem a oportunidade de fazer com que sua empresa de mídia/tecnologia 'cresça' e se torne 'algo mais' Ele quer mais sucesso. Ele está determinado a 'mudar o mundo com 'o poder' que tem 'na ponta dos dedos'.

Você não conhece o Daily Viral? Taste of Awesome? SmartphOWNED? Memestache? Dose? LOLbrary? Tantos verticais de conteúdo que encorajam 'usuários' a 'gerar conteúdo' para a empresa de mídia. De acordo com seu site pessoal, sua rede de conteúdo chega a 160 milhões de pageviews mensais. Parece bem 'grande' e 'influente'.

Em uma palestra do TED filmada na rabeta de Chicago/centro-oeste suburbano (Naperville), ele fala mais sobre seu 'sucesso'. Com certeza vale à pena assistir, independente de você estar tentando ou não 'absorver' os 'segredos do sucesso'/como viver [através de pessoas que assistem à palestras do TED].

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Com entusiasmo o bastante, até mesmo você poderia falar no TED (regional) sobre como você é foda e lida com a vida/trampo de um jeito foda. Você pode usar daqueles headsets e fazer gestos num esquema Steve Jobs e levar seu público a diversas epifanias que não são lá grandes coisas. O entusiasmo legítimo levará ao 'sucesso' porque você consegue 'criar sinergia' entre sua 'profissão' e seu 'eu' de forma a se sentir profissionalmente realizado.

Sou fascinado por personalidades bem-sucedidas porque finalmente percebi que não sou louco o suficiente para ser 'bem-sucedido'. Existe um determinado approach da desconstrução da vida/carreira/indústria que precisa ser canalizado em 'resultados positivos' [através da ambição financeira voltada para si mesmo].

Como se transformar em um 'babacão' no segmento de sua escolha? [através do 'sucesso mutcho loko' e com todo mundo te odiando].

Você leva a indústria 'mais a sério' do que qualquer um dentro dela.

Você deve tornar-se obcecado por sua indústria, pensando que há uma maneira de 'quebrar o código'. Você crê que a indústria é uma espécie de metáfora para a experiência humana, e você está em uma jornada em busca pela verdade. Por mais que nada seja tão abstrato assim e as barreiras no caminho para o sucesso estejam atreladas à preguiça da natureza humana, você ascendeu. Você obtém 'grande sucesso', conferindo-lhe riquezas que os outros invejam, tornando você ainda mais obcecado com a indústria, dependente de sua identidade 'bem-sucedida'. Você começa a acreditar em coisas como 'memes virais' capazes de mudar o mundo. As pessoas odeiam fortemente como você leva a indústria a sério.

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"'Há mais na vida do que sucesso' - uma pessoa malsucedida"

- uma pessoa bem-sucedida

Sua existência é um processo evangelizador de conversão de pessoas à você [por meio da noção de que você = foda].

Você acredita que seu sucesso 'criou um sistema' que pode ser replicado por outros. O empreendedorismo online torna você 'interessante' para pessoas malsucedidas. Todos os perdedores que acompanham você nas redes sociais acreditam que 'tem algo de bom rolando com você'. Você pode enchê-los de estatísticas bestas sobre norte-americanos gastando dinheiro com café, e como esse dinheiro poderia 'ser usado para fazer algo mais responsável financeiramente'. Mande as pessoas lerem livros diariamente para 'serem mais espertas'. Aplique 'filosofias do velho mundo' à cultura moderna porque você é um visionário atemporal, Você é um sistema de sucesso – venda isso à todos [venda você mesmo].

Você percebe que inovação é uma parada superestimada.

Blogs de estilo de vida centrados em tecnologia tem mais gente 'melando as calças' com temas de 'rompimento' e inovação. Porém, as pessoas mais bem-sucedidas fazem somente aquilo que outros já fizeram, com umas mudanças aqui e ali. Existem números/tendências que permitem a você tomar boas decisões. Sucesso significa ter desconstruído qualquer indústria ao nível de um processo sem vida motivado por restrições que você não pode controlar necessariamente, mas pode ao menos manipular da melhor forma ao seu favor. Será possível ser realmente passional em relação ao 'mundo' interpretado pela criação de conteúdo? Ou você se liga mais nos comportamentos algorítmicos de 'gente de vdd' que sai clicando na sua página?

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Para se tornar um excelente criador de conteúdo, você tem que acreditar no poder do conteúdo da internet. Você tem que acreditar que cada visitante único gerando cada pageview está lá por um motivo: para consumir o melhor conteúdo do mundo (porque é o conteúdo que você criou com tanto carinho).

Acredite nas mídias sociais. Acredite que ela permitirá que eventualmente você atinja o mundo inteiro com sua mensagem, especialmente depois que o 3º Mundo ganhou dispositivos móveis baratos que permite o consumo de seu conteúdo.

De forma a ter uma mentalidade bem-sucedida na internet, você deve ter A_Paixão_do_Spartz. Abrace o evangelismo babaquara de 'ser bem-sucedido' na internet como percebido pelo público da rede. Não importa o que você estiver 'lançando', é algo que você crê ser significativo, e a internet lhe dará o 'feedback' necessário para continuar a criar seu valoroso futuro. Cada perspectiva oferece uma oportunidade expansível, mas já que não faz sentido ser inovador, lembre-se que os mais expansíveis sistemas de entrega/conteúdo/voz já foram descobertos. Limite-se aos mais expansíveis memes.

Gente como Emerson Spartz faz da internet algo sem sentido.

Ninguém liga pra conteúdo, e sim para monetizar mecanismos expansíveis associados com a entrega, compartilhamento e monitoramento de conteúdo.

Nadinha dos conteúdos produzidos sob a égide da Spartz Media 'significa algo' para qualquer um. Ele empregou uma força de trabalho de autômatos que gera conteúdo algoritmicamente bem-sucedido que provou-se bem-sucedido mesmo.

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Criadores de conteúdo profissionais não são necessários em um mundo pós-Instagram, onde todos criamos conteúdo. Todos fomos liberados criativamente para trabalhar de graça.

Dados analíticos da rede são arbitrários, e tão valorosos quanto a equipe de publiças que justifica o 'valor' de seu público aos anunciantes.

O mano Spartz prova que não há sentido algum nem mesmo em trabalhar como criação de conteúdo de 'alto nível' com material jornalístico, longo ou posts que custem mais de dois paus para serem produzidos.

Emerson Spartz é tão bem-sucedido [ao nos deixar saber que tentar gerar conteúdo de qualquer outra forma é 'completamente sem sentido'].

Tem horas que eu queria que a vida produzindo conteúdo não fosse tão pesada… Mas acho que todo mundo na indústria só está tentando descobrir como se manter empolgado com isso de 'ser bem-sucedido'.

Tradução: Thiago "Índio" Silva