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Música

O ESG Não Curte Seus Créditos de Sample

Entrevistamos as irmãs que passaram os últimos 34 anos criando um pós-punk tingido de dub e hip hop.

No começo dos anos 1980, três irmãs do South Bronx ganharam instrumentos da mãe numa tentativa de mantê-las fora das ruas. As irmãs formaram o ESG e passaram os últimos 34 anos criando um pós-punk tingido de dub e hip hop. Conversamos com a vocalista Renee Scroggins sobre a história do ESG e sobre o que elas planejam para o futuro.

VICE: E aí, Renee? O que está acontecendo agora com o ESG?
Renee Scroggins: Estamos empolgadas para conhecer a Austrália, é nossa primeira vez lá e já estamos na ativa há 34 anos. Não fico animada assim para sair em turnê faz tempo.

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Estamos esperando ansiosamente por vocês. O ESG começou porque sua mãe comprou instrumentos para tentar manter vocês longe de encrenca. Como era o Bronx naquela época?
Bom, era bem barra pesada, um bairro todo dilapidado, com gangues e drogas, um lugar não muito legal para se crescer. Era muito selvagem. Minha mãe pensou: “Não. De jeito nenhum. Tenho quatro meninas. Isso não vai acontecer”. Daí ela deu os instrumentos pra gente.

Então a sua mãe ter dado instrumentos para vocês para impedir que vocês virassem adolescentes viciadas em crack acabou levando vocês a fazerem turnê pelo mundo todo. O ESG tocou em estádios na Europa, certo?
Tocamos em muitos lugares na Europa que, pelo tamanho, não temos oportunidade de tocar nos Estados Unidos. Na Europa é diferente, lotamos os shows e temos muitos fãs. O show no estádio foi estranho, tiramos fotos e foi uma sensação incrível.

Quando eram adolescentes, vocês tocaram na inauguração do Hacienda e eram da Factory Records, como isso aconteceu?
O primeiro selo que realmente lançou coisas nossas foi o Factory Records. O 99 Records lançou a gente seis meses depois. Tony Wilson do Factory Records lançou nosso disco e conseguiu que a gente gravasse um álbum com o Martin Hannett. A gente não sabia quem era o Martin Hannett e ele também não sabia quem a gente era, então foi bem legal, sem pressão. Foi a sessão mais legal do mundo e depois ele nos levou para tocar na inauguração do The Hacienda. A gente ainda era adolescente, só lembro do pó de serra porque eles ainda não tinham terminado o clube.

O Martin Hannett levou uma arma carregada para as sessões para inspirar vocês como ele costumava fazer com as outras bandas?
Não, ele foi muito gentil e legal. Quando ouço as histórias sobre o Martin, simplesmente não retratam a pessoa que a gente conheceu. Talvez ele só estivesse tentando ser legal com a gente porque éramos garotas adolescentes. Ele era um cavalheiro.

Vocês foram sampleadas por todo mundo, desde o Wu-Tang Clan até os Beastie Boys, e as pessoas achavam que vocês estavam de boa com isso, até que vocês lançaram Sample Credits Don't Pay Our Bills. Qual a história?
Isso só piorou. Agora as pessoas que sampleam a gente têm uma nova linha de conversa fiada, eles dizem que recriam isso no computador. Não tenho nenhum respeito por eles. Não estou tentando tirar dinheiro de ninguém, mas eles roubam as nossas músicas e acham que está tudo bem.

Que merda. Suas filhas estão tocando na banda agora, vocês ficam superprotetoras nas turnês?
Não, elas são tipo amigas, então é divertido. Já passamos por isso antes, então é como fazer tudo de novo, temos que ver as coisas pelos olhos delas. Gostamos de tocar com elas, de manter tudo em família e vê-las seguindo nossos passos. Estamos em estúdio agora gravando um álbum com todo mundo que já tocou no ESG e fazendo um documentário chamado “Closure to the ESG Story”. Mesmo se pararmos de nos apresentar, vamos estar sempre fazendo música e gravando. Música é a nossa vida.