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Música

O Livro Houston Rap tem as Melhores Fotografias que Você vai Encontrar Sobre o Assunto

Depois do True Norwegian Black Metal, Peter Beste lança mais uma preciosidade da contracultura.

Houston é uma cidade estranha. Você sabia que é a quarta maior cidade dos Estados Unidos? Que abriga uma das mais importantes coleções particulares e galerias de arte do mundo? Que o crescimento do seu PIB nos últimos quatro anos deixou todo mundo comendo poeira? E que Houston –sem faltar respeito com Nova York- é o lar do gangsta rap?

Tudo isso é verdade, e (quase) tudo mencionado acima é documentado no livro Houston Rap , fotografado por Peter Beste [conhecido também pelas suas fotos de black metal], escrito pelo seu colega do Texas Lance Scott Walker e editado por Johan Kugelberg, rei dos baseados e editor dos livros Born in the Bronx e True Norwegian Black Metal, o livro de fotografia de Beste e da VICE lançado em 2008.

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Bom, sobre o livro, é o seguinte: pode ser tanto uma história oral quanto um livro de arte, depende muito de como você enxerga o rolê. Fotos que ocupam uma página acompanhadas de diversas entrevistas feitas pelo Walker, falando praticamente com todas as pessoas da cena (entre 1985 e 2012) e tirando boas informações delas. Tem muito papo bom vindo de nomes importantes que vão de Scarface e Bun B (que escreveu o prefácio) até Chingo Bling e mais sei lá quem seja seu rapper favorito de Houston. Após ler esse livro, você saberá: como os Ghetto Boys se juntaram e evoluíram; sobre os últimos dias de vida do DJ Screw; sobre os talentos do Pimp C; sobre a mãe do Willie D ter esfaqueado um cara branco nos anos 60 e sobre turnês iradas para St.Louis e uma explicação minuciosa de todas as facetas do fenômeno dos after-hours (leia-se: clubes de strip tease). Você também aprenderá que o pai do DJ Screw se refere a si mesmo como Papa Screw e ele chama o seu falecido filho de Screw; que o O.G. Style antecipou o rolê dos Ghetto Boys, pelo menos desde que o rap começou a rolar em Houston e que o Z-Ro tem no seu quarto algo parecido com caixas de som Audioengine A2 com aqueles cones amarelos.

Isso é um livro de arte? Sim. E seria um erro de menosprezar sua fotografia. Beste ficou um bom tempo tirando essas fotos – algumas delas você já deve ter visto da edição de fotografia da VICE há sete anos. Ele também produziu os vídeos da série O Legítimo Black Metal Norueguês, que foi baseada no seu livro. O rap de Houston, numa primeira impressão, pode parecer um assunto um tanto diferente, mas na real nem é tanto assim. O acesso que dois livros conquistam é incrível e o contexto para essas imagens é o melhor de todos os livros sobre contracultura que você encontra por aí. Todas essas coisas estão enquadradas? Aquele bebê realmente está sentado no balcão junto àquele pequeno prato? Existem muitas outras fotos que podem competir com essa abaixo:

Beste disse em entrevistas que as fotos não foram pousadas e a única luz disponível era o flash da sua câmera. A maioria das fotos foram tiradas em ambientes externos e são todas atemporais.

Você tem as fotos e as letras, mas na real esse é um livro sobre os EUA . As fotos e os personagens de Beste e Walker falam por si mesmos e passar pela história do rap de Houston é como colar em uma vizinhança e espiar cada conversa. Algumas conversas são sobre música: a maioria é sobre o que outra pessoa falou ou fez, ou como alguém se sentia antes de formar um grupo, ou como foi receber a notícia que alguém morreu, porque se mudaram ou porque saíram de Houston. É como a série Working do Studs Terkel, só que é sobre pessoas de Houston, sendo elas rappers ou não. As vidas dessas pessoas estão todas retratadas nesse livro. A maioria das fotos foram tiradas em parques municipais, lojas de conveniência, casas abandonadas ou dentro de apartamentos com um mobília barata ou portas zoadas que você poderá reconhecer. É muito fácil selecionar o que é verdadeiro nesse livro –apenas abra aleatoriamente uma página e comece a ler.