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Música

O primeiro EP do Lucky Lupe é um pós-rock complexo e melódico

Ouça o 'Lucky Lupe EP' e mais um bonus track que a dupla luso-brasileira nos mandou com exclusividade.

Foto por: Marilia Vasconcellos

O Lucky Lupe é uma virtuosa dupla instrumental que se vende como simplesmente alternativa, só que vou me permitir categorizar o som do duo como um pós-rock com o pé no indie, na eletrônica e no progressivo. O trabalho de cordas do David Ferreira, que faz o baixo e a guitarra usando um double neck, costurado pelos precisos contratempos de batera do Dri Radael, é de notável sensibilidade musical. Só isso já serviria para tornar o som interessante, mas eles ainda acrescem as composições com várias elipses climáticas usando loop stations — pedais que permitem a sobreposição de efeitos e bases —, um sampling pad (Roland SPD-SX) e um sintetizador microKorg. Expansivos, os parentescos podem remeter tanto a Pink Floyd como a Mogway.

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As próprias influências de formação do David Ferreira como guitarrista são um bocado plurais. Instrumentista completo, suas habilidades condensam Van Halen e Iron Maiden, Police e King Crimson, Kraftwerk e Pixies, Hendrix e Sabbath, tudo numa onda só. “Sempre tive um gosto bastante eclético”, discorre ele. “Gosto de muitos gêneros musicais, do indie rock ao pop, metal, rock clássico, algum jazz, eletrônica, experimental, e, obviamente, música instrumental. No Lucky Lupe tenho de estar quase sempre filtrando o meu playing. Não cabe na estética da banda coisas com oito notas por segundo ou um riff tipo “Walk”, do Pantera.”

Outra revelação do Converse Rubber Tracks, o Lucky Lupe começou em Lisboa, terra natal do David, em 2012, com o Tiago Salsinha na bateria. Em 2014, o David se mudou para São Paulo, e escalou o Dri a fim de seguir com o projeto. O primeiro EP da dupla, com temas gravados pelo primeiro baterista, foi lançado recentemente. Exclusivamente para o Noisey, eles liberaram em primeira mão uma faixa que não entrou no repertório, “Phased Tripping”, a primeira música composta no Brasil. “Gravamos no Family Mob. Por uma questão de tempo, optamos por fazer algo mais orgânico”, comenta David. “Ficou bem interessante e manteve uma coerência com os outros temas. Isso não foi propositado, mas aconteceu. Espero que gostem.”

Nessa fase verde-e-amarelo do Lucky Lupe, as composições novas deverão ser bem dosadas entre faixas mais dançantes, como em “Herbie Hanckock Wannabees”, e outras mais viajantes e experimentais. Tudo ainda está em estágio embrionário, porém a ideia é lançar um álbum no final de 2016. “Não tenho um plano pré-concebido de como será o próximo disco, vou fazendo música por música”, diz David. “Gostaria de incluir novos sons e texturas em alguns temas, explorar um pouco mais o microKorg e alguns efeitos das guitarras e baixos. Espero, no final do ano, poder escolher sete ou oito músicas para incluir no segundo disco. Na minha opinião, e a julgar pelo que temos até agora, será bem louco e cativante.”

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