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Música

O Instagram do Michael Stipe é uma obra de arte

O frontman do R.E.M explica em imagens o que é ser mais velho e estar feliz pra caralho com isso.

Via Instagram

De certa forma, o Instagram é uma colcha de retalhos, não construída com agulha e linha, mas com vaidade. Cafés da manhã, feriados, e as texturas de rostos cuidadosamente filtrados, são costurados na esperança da validação que vem em forma de curtidas e comentários. E é exatamente isso que me incomoda. Eu gosto de ter alguns momentos narcisistas, mas eu nunca olhei para o meu reflexo e me apaixonei com o que vi na tela do celular. Eu sou muito inseguro para compartilhar uma foto do meu rosto e achar que alguém gostaria de vê-la — quanto mais dar uma curtida.

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Michael Stipe não tem o mesmo problema que eu e, seguramente apostaria que Michael Stipe (e eu vou escrever 'Michael Stipe na matéria toda e não 'Michael' ou 'Stipe' pois existe algo na fonética de 'Michael Stipe' que faz o nome soar muito bem em voz alta) não critica sua própria imagem online tanto quanto eu. Michael Stipe está basicamente vivendo o momento e apreciando cada reflexo seu numa poça d'água: eu sei disso pois, graças a um algoritmo, o Instagram recomendou que eu o seguisse e sim, eu estou aqui escrevendo este texto exatamente por causa disso.

Na virada do ano, o ex frontman do R.E.M. reativou sua conta depois de deletá-la enojado quando o Facebook comprou o aplicativo, em 2013. Suas imagens anteriores eram bem genéricas (objetos de casa e flores nas árvores); não havia nada tão interessante como seu perfil seu perfil no The Guardian, publicado em 2011. Porém, desde que ele voltou, com suas velhas fotos apagadas, Michael Stipe renasceu como um tipo de documentarista emoji da natureza humana, fazendo o que é basicamente um relato constante de sua própria cara. Por exemplo, um dia ele usou a conta para prestar um tributo a David Bowie postando uma sequência de três fotos que retratavam a gama de emoções que todos nós sentimos naquele fatídico dia.

O que é fascinante na conta de Michael Stipe é que você consegue ver seu experimento evoluindo em tempo real. Cada emoção é captada. Quer dizer, você já esteve tão serenamente feliz na vida quanto Michael Stipe ficou ao ver essas tampas de garrafa? Meu avô começou a guardar tampas de garrafa porque ele queria usá-las em um mosaico. Ele desencanou da ideia. Se ele tivesse feito alguma coisa eu gostaria de ver ele mostrar o mesmo orgulho de Michael Stipe.

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Sua figura a la Ginsberg está ficando mais cativante e onipresente a cada dia, assim como suas expressões que são um misto de Derek Zoolander, heroi punk e correspondente de artes em Nova York. Às vezes, a consistente presença de seu rosto encontra outro rosto maravilhoso em episódios especiais como Patti Smith, Tilda Swinton e Wes Anderson.

Eu gosto de pensar que o interesse de Michael Stipe pelo Instagram é a mídia permitir que ele produza arte sem nos dar informação textual: abrindo o caminho para o absurdo visual. Ele é um autor digital e um flaneur, direcionando o olhar dos outros e revelando um homem exercitando sua auto descoberta pós R.E.M.

Como aqui. Eu espero que Michael tenha construído isso. Eu espero que ele tenha aquelas luvas de smartphone; elas são ótimas para fazer várias coisas ao mesmo tempo. Espero que você esteja cuidando das suas mãos, Michael. Eu sei que muitos sofrem por sua arte, mas por favor, use luvas. A ideia de você tirar selfies no frio produz uma lágrima solidária que escorre do meu olho.

Eu tenho seguido ele há dez semanas e, até a escrita dessa matéria, sua odisséia já teve 110 posts. Eu realmente acredito que estamos presenciando a abertura de uma obra prima. Uma ruminação visual do que é ser mais velho e estar feliz pra caralho com isso. Existe um décimo sexto disco do R.E.M. e é a conta de Instagram de Michael Stipe. Vou deixar você com as palavras desse vídeo abaixo: "É meu aniversário. Eu sou incrível. Olha esse fogo lindo".

Você pode seguir Sean no Twitter.

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