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Música

Falamos com o Cara que Fez a Montagem Final da BBC para a Copa do Mundo

Os ingleses fizeram um filme bem louco pra transmissão da BBC do encerramento da copa, com direito a dança do passinho ao som de "Run Boy Run", do Woodkid.

Esta foi uma Copa de surpresas. A Espanha nem apareceu. O Brasil foi goleado na semi-final. E o Glenn Hoddle continua vivo. Mas um dos maiores choques veio aos quarenta e cinco do segundo tempo, com o Gary Lineker se despedindo do Rio com um clipe de “Run Boy Run”, do Woodkid. O cantor e diretor francês sempre foi famoso na cena cult, mas foi a BBC quem o apresentou para os pubs e casas de todo o Reino Unido, atingindo 15 milhões de espectadores. Foi um filme incrivelmente bem recebido na terra da rainha, alcançando muito reconhecimento no Twitter. Até o Daily Mail ficou orgulhoso de estar no vídeo.

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Nós fomos atrás do Tom Gent, o homem por trás da montagem, pra descobrir como ele escolheu esta faixa.

Noisey: Qual foi a ideia por trás da montagem?
Tom: chegamos nessa ideia há umas três ou quatro semanas. Tínhamos um espaço em branco no fim do vídeo pra preencher com takes da final, mas o resto já estava encaminhado. Durante a final eu estava fazendo hora extra, esperando o momento dos jogadores levantarem a taça e tal, e no fim deu tudo certo.

E por que você escolheu o Woodkid?
Eu ouvi esta música pela primeira vez a alguns anos atrás, e a usei uma vez num VT sobre o David Weir para a Personalidade Esportiva do Ano, em 2012, mas não deu pra ouvir muito bem porque estava bem baixa na mixagem. Eu normalmente odeio ter que usar a mesma faixa duas vezes, mas tudo que tentávamos não agradava muito. Precisávamos de algo com um feeling brasileiro, e as palmas de “Run Boy Run” são excelentes. Também queríamos algo que parecesse um pouco com um enredo de filme, e isso a música também tinha. Conversei com a chefia e colocamos algumas imagens, e funcionou.

Então você escolheu a música antes de pensar no conceito?
Sim, totalmente. Depois, fomos filmar a molecada na favela dançando o passinho, que em inglês é algo como “little steps”. Um dos garotos brasileiros é um exímio dançarino, e trouxe estes outros dançarinos muito bons também. Então, assim que tivemos a música, mostramos pra eles e eles pegaram perfeitamente o ritmo.

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Então vocês tocaram Woodkid nas favelas brasileiras?
Sim. Quero dizer, eles não estavam dançando esta faixa o tempo todo, mas eles pegaram um gosto por ela. Até ficaram batendo palmas junto e pudemos sincronizar isso com o som.

Isso que é resposta positiva.
Totalmente! Fazer uma montagem pra Copa do Mundo é sempre uma honra, então foi legal fazer isso por todo esse tempo. A resposta das redes sociais também foi positiva. O chefão de futebol da BBC falou pra gente que uma moça de Somerset mandou um email pra ele falando que estava deprimida com o fim da copa, e a música a animou. Então, se alguém do norte de Somerset ficou feliz com o Woodkid, também estamos felizes.

Dos blogs hype para os confins de Somerset. Tenho certeza de que ele ficou feliz também.
Exato. É um trabalho concluído na minha lista. E ele viu e tuitou, então eu estou muito satisfeito.

Você não fez nada para a saída da Inglaterra na BBC esse ano. Você não tem nada bem triste em mente? Tipo “Walk Away”, do Cast, ou “Stop Crying Your Heart Out” do Oasis, que acamparam na psique britânica depois da apresentação da seleção.
Sim, exatamente. O Cast tocou demais na Euro 96. Estamos constantemente na procura de novas faixas. Pedimos pras gravadoras colocarem essas músicas em pastas tipo “músicas tristes” e “músicas felizes”. Mas eu tive que fazer uma montagem pro jogo de Itália e Costa Rica, o que acabou selando seu destino. Agora estou pensando em “Wise Up”, da Aimee Mann, da trilha sonora de Magnólia.

É uma música triste, mas nada é muito pré-planejado. Quando você está fazendo muitos VTs e vinhetas, você acaba usando as músicas que tem, decidindo uma hora antes de produzir. Eu só escolhi algo triste, porque não dá pra competir com o Cast.

Siga o Thomas no Twitter: @thomas_gent