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Música

Tendências Idiotas de 2013: Videoclipe Interativo

Apenas parem.

O que você vê acima é o futuro do videoclipe.

Uma das tendências mais enlouquecedoras dos videoclipes em 2013 foi o "vídeo interativo". Normalmente, isso significava um monte de imagens interligadas em algum projeto bagunçado de HTML que não carrega em nenhum computador, onde você clica para algo se mexer ou revelar mais coisas que você pode clicar e mexer e modificar. Alguns "favoritos": "Black Skinhead" do Kanye West, que permitia que você diminuísse a velocidade daquele Kanye na beira do “vale da estranheza” toradão pulando pra cima e pra baixo e também tirar screenshots do vídeo para postar no Instagram; e "Reflektor" do Arcade Fire, onde você comanda umas luzes estranhas com o mouse, e tem a oportunidade de enfiar a sua fuça no vídeo se você permitir o acesso do Google Chrome ao seu computador (que nada tem a ver com o vídeo para a mesma música dirigido pelo Anton Corbjin que é muito bom, por sinal). O mais idiota foi o vídeo em 360 do Disclosure para "Latch", o que significava que só o que você fazia era circular por umas imagens estilo GoogleEarth, assistindo os não-tão-empolgantes irmãos do pop-house de qualquer ângulo que você quisesse. Imagine o documentário Awesome: I Fuckin Shot That dos Beastie Boys sem o seu charme caseiro, mas apenas um excesso de opções ao ponto de lhe dar náuseas. E como não chamar de estúpida e risível aquela sincera trollagem do Kanye West, "Bound 2"? Esse tipo de "interatividade" sem noção vai envelhecer tão bem quanto a tour Wu Mansion naquele CD-Rom do Wu Tang Forever ou o Make My Video para o SegaCD. Nós vamos olhar para trás e ver essas migalhas de entretenimento apenas como um sonho molhado de um designer que no máximo lhe dá 20 segundos de "Ei, olha que bacana. Eu acho". Durante as últimas semanas, no entanto, vimos alguns vídeos "interativos" realmente interessantes: "Like a Rolling Stone" do Bob Dylan e "Happy" do Pharrell Williams. Com sorte, esses ambiciosos clipes que mais parecem instalações de arte online do que mais um exibicionismo em HTML5, irão mostrar o caminho certo à diretores caçadores de tendências da era Internet. O "Like a Rolling Stone" do Dylan põe a pessoa que está assistindo no comando de vários canais de TV que eles podem clicar e assistir, todos revelando celebridades e cuzões de reality shows - desde o Danny Brown matando a larica num sanduba, até aqueles caras do Trato Feito que parecem o Hank do Breaking Bad - cantando o clássico de 1965. Aqui está o pesadelo consumista que é a TV à cabo em 2013, com cada canal absorvendo o Dylan, injetando sua própria cultura pop importada nessa exibição sem fim de tudo e nada que na verdade é nossa cultura pop, só que agora direto no seu computador! Quase percebe-se uma trilogia Dylan lutando contra seu mito/pathos, facilmente encontrada na exploração do Capitalismo Tardio que são o vídeo de "Like a Rolling Stone", aquele comercial que ele fez para a Victoria's Secret em 2004, e seu brilhante e fracassado filme de 2003, Masked & Anonymous. E então teve "Happy" do Pharrell Williams, 24 horas de imagens de mais de 400 pessoas dançando (incluindo rostos famosos como Magic Johnson e Odd Future) em vários locais de Los Angeles, retornando ao Williams ao fim de cada hora. Mas dependendo do seu humor, você pode clicar nas imagens e acessar dançarinos específicos (essa é a extensão da sua interatividade). Você teria que ser muito rabugento para não se divertir com o clipe, que com essa inclusão funciona como a celebração de uma cidade, uma overdose de positividade, e um tipo de retrato do homem comum (a cada dançarino foi dado apenas um take, então muitas gafes e erros estão inclusos, revelando algumas personalidades genuínas). Os vídeos do Pharrell e do Dylan dão aos expectadores o poder e a chance de clicar e ao mesmo tempo ter uma sensação palpável de exploração. A interatividade deveria construir isso, e não servir como uma justificativa de sua "oh meu deus que legal" existência.

Brandon Soderberg é uma entidade humana interativa e ele está no Twitter - @notrivia