'ARMS' pode ser o 'Wii Sports' que o Switch precisava
Todas as imagens: Nintendo/Reprodução

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'ARMS' pode ser o 'Wii Sports' que o Switch precisava

O novo game da Nintendo poderia ser facilmente um jogo de luta descartável, mas está bem longe disso.

Esta matéria foi originalmente publicada no Waypoint.

Wii Sports foi uma revelação pro Wii, o console mais popular da Nintendo, vendendo mais de 82 milhões de cópias. O que significa que agora tem um monte de cópias abandonadas juntando poeira em lojas de jogos de segunda mão, mas, por um tempo, parecia que os videogames podiam mesmo complementar a rotina de exercícios das pessoas, ou as encorajar a serem mais ativas de outras maneiras.

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O Switch ainda não tem um game exatamente comparável ao Wii Sports – mas ARMS, um jogo de luta 3D fofo produzido internamente pela divisão de Planejamento e Desenvolvimento de Entretenimento da Nintendo, com uma equipe liderada pelo diretor de Mario Kart 8 Kosuke Yabuki, é basicamente o Wii Sports disfarçado do console.

O sistema de socos controlados pelo sensor de movimento obviamente é inspirado no boxe, garantindo que os jogadores menos flexíveis sofram com dores nos ombros e cotovelos depois de uma sessão um pouco mais pesada. Mas o jogo oferece muito mais que as emoções de ser um pugilista. ARMS não é um sucessor direto, ou um spin-off, da série Punch-Out!!, e sim um pacote de minigames com uma profundidade e sistema de batalha surpreendentes, o que até pode sustentá-lo como um jogo competitivo.

Esteticamente, ARMS mostra o básico da Nintendo, com um elenco de dez lutadores jogáveis, cada um com visual, características, animação e "braços" customizáveis únicos. Os acessórios de mão podem ser trocados antes de cada luta, e variam entre projéteis (tipo das armas Nerf), até bolas de demolição, bumerangues, marretas, lasers e, para quem quiser, luvas de boxe comuns – e cada lutador pode desbloquear mais acessórios ao longo do jogo. O conceito de que cada lutador possa ser identificado só pela sua silhueta é um exemplo do empenho dos designers em evitar sósias, cópias ruins ou só confundir os jogadores.

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Se for para ser jogado como um multiplayer local, com a tela dividida verticalmente, ARMS é excelente em sua simplicidade e imediatismo. Se junte com um amigo, cada um com dois JoyCons na mão, e comece a desferir socos até que um de vocês caia, dentro ou fora do jogo. Curve suavemente o pulso e os membros de mola do personagem vão fazer o mesmo, se esticando para atacar o oponente ou evitar um obstáculo do cenário (existem vários tipos espalhados pelas fases, que são muito criativas). É o boxe do Wii Sports, porém turbinado, mais animado e com um visual espetacular. E com replays em câmera lenta também.

Ter dois pares de JoyCons é um desafio financeiro e logístico considerável, mas também dá para jogar ARMS com os joysticks analógicos do controle virado horizontalmente na mão. A estranheza imediata entre o jogador e o personagem é compensada pela resposta rápida e o controle intuitivo – o botão de ataque esquerdo (o equivalente ao "B") é seu braço esquerdo, e o direito, "A", o braço direito.

O jogo é ainda melhor com Grips pros JoyCons, ou ainda com um Pro Controller, dando espaço para fazer jogadas mais complexas. Essa dica é ainda melhor se você estiver jogando sozinho, porque para fazer avanços significativos depois dos três níveis de dificuldade mais básicos de ARMS, você vai precisar da precisão que esse tipo de joystick tem. Os desvios, os pulos e os bloqueios são mais fáceis de executar com um controle normal. Apesar de ARMS dar a impressão de ser fácil, por conta dos seus personagens coloridos e golpes family-friendly, o jogo exige concentração total. Acredite em mim: é difícil pacas terminar esse jogo.

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Você tem que aproveitar segundos de abertura na defesa do oponente, todas as vezes; e mesmo que seja tentador distribuir socos para todo lado com os dois braços, isso te deixa aberto para contragolpes. Geralmente, é melhor manter um punho perto do corpo para bloquear ataques. Apesar de ser o tipo de jogo que tem uma geleia punk gigante e um robô policial com um cachorro como personagens, ARMS é um game tenso, fazendo com que cada jogador desafie o outro a abrir a guarda, a dar um golpe e errar – e ser punido pelo erro.

Então, é boxe – mas mais tático do que simplesmente desferir uma onda de golpes até que alguém acabe mordendo a lona. (Ou, no caso, o chão de um ferro-velho, ou de um laboratório cheio de gosmas, ou as escadarias de uma escola de ninjas. Claro.)

Dá para falar ainda mais coisas incríveis sobre a profundidade surpreendente do modo principal de luta um contra um (ou mesmo do caótico dois contra dois) do jogo – que é apresentado como "Grand Prix" no menu single player, uma campanha clássica em que se enfrenta oponente atrás de oponente, culminando num chefão final levemente decepcionante, o que serve para ilustrar como os designers usaram toda a sua criatividade para diferenciar bem os dez personagens jogáveis.

Como em Street Fighter II, rola algumas rodadas de bônus também, e é aqui que ARMS realmente brilha como multiplayer, se revelando como algo maior que um simulador de boxe envolvendo mísseis.

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Primeiro, Hoops! Vamos falar de Hoops, porque Hoops é incrível. Esse minigame aparece no modo Grand Prix e é instantaneamente um ótimo "extra" pro jogo. É tipo basquete um contra um, estilo Jordan Vs. Bird, só que sem a bola.

Em vez disso, você agarra seu oponente e o enterra na cesta para marcar dois pontos, ou lança eles detrás da linha para fazer cesta de três. É brilhante, rápido, engraçado e talvez ainda mais interessante se você estiver jogando com dois jogadores um ao lado do outro no sofá do que online. O primeiro a marcar dez pontos vence – aí é hora da revanche. E de outra partida. E de outra. Não consigo elogiar o suficiente a diversão besta e a simplicidade sublime de Hoops – na verdade, eu gostaria de estar jogando em vez de escrevendo este texto, mas vamos em frente.

O modo V-Ball é igual a vôlei, mas com um toque explosivo – você fica batendo em uma bola de um lado pro outro de uma rede elevada, como de costume, e depois de um tempo, ela explode. Não é tão bom quanto Hoops, mas é outro exemplo de como ARMS vai além do que se espera dele. Alvos móveis entre você e o oponente rendem pontos quando são atingidos, mas vale mais derrubar o competidor para marcar mais pontos. (Esse talvez seja a fase bônus mais difícil do jogo, e você acaba perdendo até mesmo no nível de dificuldade mais baixo do Grand Prix.)

Tem também o 1-on-100, um minigame em que seu personagem encara onda atrás de onda de inimigos. Você consegue vencer 100 deles na sequência? Até agora, eu não consegui. O máximo que consegui foi 82.

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Ainda estou aprendendo a jogar com meus lutadores favoritos e como usar suas habilidades. Mechanica é ótima com seu traje robótico, que permite ataques triplos, e de agarrar e girar; mas o golpe para esquivar usando teletransporte do Ninjara é provavelmente o melhor do jogo; e Twintelle bebe uma xícara de chá quando vence uma rodada, depois de colocar calmamente as mãos na cintura enquanto seu cabelo soca os oponentes. Cada um dos personagens tem algo de especial – e não consigo lembrar da última vez que tive essa primeira impressão com um jogo.

O que posso dizer é que ARMS foi muito além das minhas expectativas. O que poderia ser um jogo de luta raso e descartável, feito só para fazer com que as pessoas comprassem mais controles, é tudo menos isso. Como jogo de luta, ele é acessível e tem uma complexidade admirável, exigindo muito treino para sacar os movimentos e reagir efetivamente. Seu elenco é tão diverso visualmente quanto num filme da Pixar e a apresentação é refinada – é fácil imaginar esse jogo ganhando spin-offs e sendo usado em campanhas de marketing. (Que tal um Ginásio ARMS nos parques temáticos da Nintendo? Sim, por favor.)

Como um party-game, feito para situações sociais, ARMS ganha fácil de 1-2 Switch e é o mais perto que o console da Nintendo chegou de ter um jogo como Wii Sports para todas as idades e habilidades. É um jogo que compensa o tempo que se passa com ele e representa uma boa diversão para qualquer nível de jogador.

ARMS foi lançado no dia 16 de junho.

Tradução: Marina Schnoor

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