Em 2050 as emissões de carbono  do solo terrestre poderão atingir níveis  catastróficos

FYI.

This story is over 5 years old.

alterações climáticas

Em 2050 as emissões de carbono do solo terrestre poderão atingir níveis catastróficos

Os estudiosos do aquecimento global advertem que daqui a 33 anos, a Terra poderá ter libertado para a atmosfera qualquer coisa como 55 biliões de quilos de carbono.

Este artigo foi originalmente publicado na nossa plataforma Motherboard. A expressão "efeito bola de neve" é, sem dúvida, uma forma pouco feliz de descrever as alterações climáticas, no entanto, um novo estudo recentemente publicado, garante que é exactamente isso que irá acontecer.

Os investigadores do aquecimento global avisam que, em 2050, a Terra poderá ter libertado para a atmosfera algo como 55 biliões de quilos de carbono. Para que tenhamos uma ideia, esta quantidade de emissões é equivalente a ter dois Estados Unidos da América no Planeta. Assim, como se fosse uma bola de neve, quanto mais emissões, mais aquecimento e mais aquecimento implica… bem, já perceberam onde isto vai dar, não já?

Publicidade

Obviamente, este hipotético cenário fatídico resulta da nossa incapacidade para reduzir as emissões de carbono e, desde a eleição de Donald Trump, grande aficcionado do carbono e convicto assumido das teorias que negam as alterações climáticas, poderá estar mais perto de acontecer. Não cumprir os objectivos definidos pelo Acordo de Paris, pressupõe um aumento de 17 por cento nas emissões derivadas das actividades humanas, relativamente ao previsto", explica Tom Crowther, autor e principal responsável do estudo, levado a cabo pelo Instituto de Ecologia dos Países Baixos, num relatório.

novo estudo, publicado na revista Nature, apresenta dados de uma investigação de âmbito global sobre os solos, realizada ao longo dos últimos 20 anos. Há décadas que a comunidade científica investiga o carbono contido no solo, não apenas por causa da possibilidade de se libertar para a atmosfera, mas também por causa da capacidade que a Terra tem de o armazenar. Todavia, Crowther assegura que esta é a primeira vez que é apresentado um panorama global das emissões do solo terrestre.

Ao contrário de outros estudos, Crowther assinala que este também leva em conta as emissões de carbono das regiões mais frias do Planeta. No Ártico, por exemplo, ao longo dos milénios, acumularam-se grandes quantidades de carbono nos solos. Devido às baixas temperaturas, os micróbios que, normalmente, estimulam a libertação de carbono através de um processo de decomposição, mostram-se menos activos nessas regiões. Apesar disso, o aumento constante das temperaturas no Ártico, provocaram um incremento da actividade dos micróbios, o que, por sua vez, se traduz num maior índice de emissão de carbono para a atmosfera. Crowther acrescenta:"Há depósitos enormes de carbono no Ártico e em toda essa região, onde o solo costuma estar congelado. O pior, é que é expectável que estas zonas frias sejam as que mais sofram com as alterações climáticas".

Estes 55 biliões de quilos de emissões libertar-se-iam em forma de dióxido de carbono (CO2) e metano, ainda de acordo com o estudo. O efeito do metano, cuja capacidade de aquecimento é 25 vezes superior à do CO2, é particularmente preocupante em determinadas zonas da Sibéria, onde o degelo do "permafrost" tem causado estranhos fenómenos naturais. Numa entrevista recente, Crowther afirma que estes efeitos podem piorar com as emissões de carbono decorrentes dos depósitos nos solos.

A recolha do carbono e o desenvolvimento da vegetação podem contribuir para travar ou combater estes processos. Todavia, o estudo assinala que seria necessário investigar mais exaustivamente o efeito líquido destas estratégias. "É essencial que conheçamos esta informação para podermos fazer projecções de futuro mais exactas sobre as condições climáticas", acrescenta Crowther. E conclui: "Só então poderemos estabelecer objectivos realistas e efectivos para a emissão de gases causadores do efeito de estufa".