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Entrevista

Os vimaranenses têm duas caras?

O João Moreira falou-nos da sua fixação com bonecos.

Se experimentarem pesquisar “João Moreira” no Google, a primeira informação que aparece é que ele é um jogador de futebol português, nascido em 1986. Mas o João Moreira que eu procuro é outro, e pratica outro desporto: o guionismo. Entre outras coisas, anda a fazer uns episódios de uma novela de pequeno formato chamada “Duas Caras”, que a VICE anda a publicar, semanalmente e em primeira mão. A dita cuja passa-se em Guimarães e tem como protagonista uma estátua com duas caras. Se, depois disto, ainda achas que o João Moreira é um jogador de futebol, aqui fica mais uma pista: Bruno Aleixo. VICE: Andam a rolar uns vídeos da tua autoria, com uma estátua com duas caras. Tens uma fixação por bicheza estranha. O cão-peluche-urso-coisa, agora as estátuas que falam… Do que se trata?
João Moreira: Tratam-se de uns vídeos com umas estátuas a falar. E sim, é verdade que gosto de personagens bizarras, [porque] depois ponho-os a falar de coisas normais. Mas, desta vez, quis demarcar esta série da [outra] do cão-peluche-coiso, tentando impingir um registo mais naïf, menos cáustico. O humor disto lembra-me de Vivaldi, não sei porquê. Com um narrador ao nível dos bonecos do D’Artagnan. De onde veio a ideia de fazer isto?
Eu já gostava de meter estátuas a falar. Nunca tinha tentado fazer isso com uma estátua de duas cabeças, e pareceu-me boa ideia. Depois, já não pareceu assim tão boa ideia. Mas, depois já pareceu boa ideia outra vez. Sabes de onde vem a história das Duas Caras dos vimaranenses? Explica-me, porque conheço várias versões.
Disseram-me que era por causa de um alcaide, que tinha um irmão gémeo siamês que não se desenvolveu agarrado à barriga. Fetus in fetu, como o Kuato do Desafio Total ou o Andy García. Mas eu acho que isso é mentira. Achas mesmo que os vimaranenses têm duas caras?
Eu? Não. Quantos episódios já gravaste? E quantos faltam para o fim da série?
Gravámos aí uns 20 e muitos. Falta metade, sensivelmente. Vão ser 52. É fácil escrever guiões sobre a realidade vimaranense?
Com os devidos órgãos de consulta locais (pessoas), é. Mas sou doente, consigo escrever sobre qualquer assunto. Quão culturais são estes episódios?
Se saísse uma pergunta sobre o Duas Caras no Trivial, ia ser castanha (Artes e Letras) e não cor-de-rosa (Espectáculos ou Entretenimento, nunca sei). Por isso, é cultura. Artes e Letras é cultura. E se te quisermos encontrar em Guimarães? Que sítios costumas frequentar?
Vou àquele homem comer preguinhos, à noite. Depois vou a sítios onde houver Sagres, que eu não gosto de cerveja com açúcar. A tasca do Júlio…