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Música

Técnicos de som, os agentes invisíveis do Sónar

Quando fazem um bom trabalho, o público nem dá por eles.

As horas são assassinas e o dinheiro também não é assim tanto. Quando fazem um bom trabalho, o público nem dá por eles, mas quando há merda são os primeiros a levar com as culpas. De autodidactas apaixonados a estudantes de música, quase todos têm projectos artísticos em paralelo. Estes foram alguns dos técnicos de som do Sónar 2012. Curtam os perfis. Amos Piñeros
Colômbia (35 anos) Aos cinco anos começou a estudar música e aos quinze tinha uma banda. É técnico de som há cerca de sete, altura em que veio da Colômbia para a Europa. Opera com agilidade e experiência, os olhos brilham quando vê o público feliz. No início levava o volume ao limite, mas com o tempo percebeu que o mais importante é servir a música e não ferir os tímpanos mais sensíveis. Já fez demasiados trabalhos merdosos, mas os mais dolorosos foram aqueles com o típico artista que canta em playback e tem exigências de super-estrela. Também não quer voltar a fazer a Feria de Abril, um festival de flamenco em Sevilha (parece altamente, em teoria), nem trabalhar com mais bandas. Amós y Los Santos é a sua banda actual. Anton Pastor
Espanha (54) Encontrámos o Anton a controlar tudo o que se passava no backstage e percebemos logo que é um personagem. Intuitivo e sempre a improvisar, neste Sónar não estava a operar no áudio, mas se fosse preciso também o faria porque, além de altamente, o Anton é um verdadeiro homem do espectáculo. Participa no Sónar desde as primeiras edições, primeiro como DJ depois como stagemanager. Vive metade do ano em Barcelona e a outra metade em Buenos Aires. Quando era puto curtia Deep Purple e nos anos noventa acompanhou-os na digressão que fizeram pela Europa. Foi uma das maiores desilusões da sua vida. Recorda-se quando mamou uma garrafa de whisky antes de ir ao camarim da banda para lhes dizer, aos berros, que não valiam nada. A mulher chama-se Rosa e ele anda quase sempre com uma peça dessa cor. Porque gosta. David Florez
Colômbia (31) O David diz que quando não se faz o trabalho com paixão e energia, isso reflecte-se no resultado. Prefere trabalhar ao vivo, mas agora começa a trabalhar mais em estúdio e também não desgosta. Opera há 14 anos, teve muitos trabalhos que espera não repetir, como aquela convenção de executivos de petroleiros (seeeeeeeeca). Ficou doente só de os ouvir falar. Não é músico, mas já se aventurou como DJ. Não o incomodem quando está a trabalhar, é um gajo intenso (vejam a foto). Nicolas Belmonte
Argentina (27) É técnico residente da banda catalã Los Fabulosos Freak Brothers e sonha um dia operar para os Led Zeppelin. Trabalha há dez anos como técnico de som (cinco na Argentina e cinco em Espanha). Em criança teve formação musical, mas diz que não é músico. Explicou-nos que no Sónar trabalha-se, durante o dia, com um limite de decibéis entre 95 e 100, por causa dos moradores (esses cabrões) e que regularmente são feitas inspecções a esse nível, por isso está obrigado a portar-se bem. Costumava trabalhar sob efeito de drogas (álcool, marijuana, cocaína), mas acha que os resultados não são os melhores (quem diria?), por isso prefere não o fazer. Fotografia por Pedro Subtil